Oi pessoal!
Após a mais pálida atuação do Fluminense no ano, em Medellín.
Após assistir Fernando Diniz provando que sabe usar a retranca “Abelesca”- será que foi proposital para me “matar” ou jogar um balde de água fria nos seguidores do futebol horroroso que “Abeu” utiliza?
Foi para que eles não venham usar o defensivismo como garantidor de resultado, caso uma eliminação ou seqüência de derrotas venha sob a alegação de que o time ofensivo dá muito espaço, já que Abelão, sombra para o cargo no Flu, não foi suportado, admirado, idolatrado no Flamengo e jogou o boné?
Tomara. Então, diante da atuação sem pernas, sem goleiro, sem defesa, sem meio, sem nada, preciso falar de algo bom.
Muito provavelmente foi a única partida dele em que conseguiu ser nulo em 85 minutos. Ainda assim, como quero esquecer ontem e falar dele…
Paulo Henrique Ganso é o último camisa 10 completo e diferenciado que o futebol brasileiro revelou num meio onde os volantes são ídolos; laterais, os donos do último passe e quem faz o gol, os consagrados.
Aos 29 anos, após três cirurgias no joelho, duas no direito e uma no esquerdo (ou ao contrário), é visível que só não ficou inutilizado como atleta porque Ganso tem talentos de nos deixar boquiabertos.
O passe vertical perfeito, com mínimo erro; o deslocamento constante entre as duas intermediárias abrindo espaços e fazendo o companheiro jogar; o tempo de desarme, recuperador de bola que é; a visão, leitura de jogo e achar o espaço onde ninguém vê nem espera possível para pôr um companheiro na cara do gol; a presença na categoria, a categoria na liderança, o talento puro e nato.
Junte isso ao fato dele estar amarradão por jogar no Fluminense: clube que é a sua cara; a cara do talento, do superar-se primeiro para depois vencer, do vencer sendo limpo e, por tudo isso, perseguido e diminuído pela mídia, sem marketing positivo, como o nosso Tricolor.
Não sabia que as duas últimas cirurgias tinham quase o inutilizado. Paulo Henrique Ganso sequer bate as faltas frontais. Seu chute à gol na entrada da área perdeu potência. Ele sofre para estar de pé e se entrega feito um leão, com toda a elegância, a categoria, a dor e o sacrifício de um Mestre-Sala no samba.
Nos jogos em que ele se ausentou, sofremos. Contra o Bahia, a mudança foi nítida. Sem ele, perde-se o meio-campo. Com ele, há outra robustez, cancha, dinâmica de jogo através do seu passe e, repito, deslocamento.
Hoje, o que mais curto e me permito sonhar em relação ao nosso time dizem respeito a dois profissionais: 1- ver Paulo Henrique Ganso. 2 – E ter Fernando Diniz fazendo o sempre e, historicamente, desacreditado, minimizado e marginalizado Fluminense jogar um futebol destemido:
” – De alma grande! Grande! Grande! Sem temer nem duvidar! E com VITÓRIA nos olhos”, como exclamou aos jogadores, na postura e na ponta da chuteira.
O melhor legado do Abel foi fazer as cafetinas dessa gestão contratarem Paulo Angioni para dirigir o departamento de futebol.
Esse é o triunvirato que espero ver por longo tempo no Fluminense.
Fernando Diniz só pode sair se for por uma proposta irrecusável do exterior – não me refiro a dinheiro e, sim, a campo para ele implementar seu trabalho.
Angioni conhece futebol, sabe negociar, conciliar, administrar e preencher a realidade das negociatas com a necessidade de estabilidade e montagem de um time para competir.
E Paulo Henrique Ganso, senhora, senhores… ah, Paulo Henrique Ganso… Se o gol é o que consagra; e o carrinho o que faz o mediano virar ídolo, nosso 10 representa o que há de mais bonito no futebol: sua arte.
Vida longa aos 3 que nos devolveram o Fluminense em 2019.
Que o presidente eleito os mantenham a longo prazo como base e pilares que são.
ST.
Imagem: Mailson Santana.