Mais uma vez comandante do Fluminense, Marcão falou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo sobre diversos assuntos. Entre eles, o racismo. O técnico tricolor é o único negro na Série A. No clube, substituiu outro, Roger Machado.
— Há algo que sempre falo: se capacite. Não adianta dizer que alguém precisa de espaço e não se capacitar, não buscar. Mas vejo vários treinadores que são negros, altamente capacitados, sem oportunidade ou que não recebem a chance que muitos têm. Por isso, digo que meu clube é maravilhoso. O Roger esteve aqui, mas isso precisa tocar mais os outros clubes, também. Não é pela cor da minha pele que devo ser excluído ou colocado. Olharam para mim e me viram capaz – começou, prosseguindo:
— Realmente, ficamos muito felizes por termos representado tão bem essa questão. Hoje me alegro de ser um representante negro (na Série A), falo com orgulho sobre o assunto, mas por outro lado precisamos pensar. Cadê o Cristóvão (Borges)? O Andrade, que foi campeão brasileiro e não teve mais oportunidade? Não faz sentido. Em qualquer outra situação, estaria dirigindo uma outra equipe. Por que isso acontece? Por que somos negros?
Sobre as poucas chances a treinadores negros, Marcão volta ao caso de Andrade, campeão brasileiro pelo Flamengo em 2009 e que depois não teve grandes oportunidades. E reforçou a postura exemplar do Fluminense no quesito.
— Levantem o treinador que foi campeão de qualquer país (e que tenha sumido). Cadê o homem (o Andrade)? Esses detalhes que percebemos deixam claro que há uma resistência (contra técnicos negros), mas meu clube é exemplo, luta contra isso – disse.