Ocimar é torcedor apaixonado pelo Fluminense (Foto: Reprodução do Facebook)

Na luta contra a pandemia no novo coronavírus na Rocinha, comunidade na Zona Sul do Rio de Janeiro e apontada como a maior favela da América Latina, um torcedor fanático pelo Fluminense tem feito a diferença nas ondas do rádio. A rádio comunitária 103,7 Rocinha FM, tem a coordenação de Ocimar Santos, tricolor de coração. Ele também coordena uma ONG local.

Ocimar usa o veículo para ajudar a conscientização da população durante o combate ao Covid-19.

 
 
 

— O lado muito legal é a credibilidade que a gente conseguiu conquistar ao longo desse trabalho. Por exemplo, recebo conteúdo do Ministério da Saúde, sou cadastrado na Rádio Senado, na agência Rádio Web. O pessoal da Fiocruz me ligou para oferecer material que eles fizeram. Então, conseguimos colocar no ar notícias de credibilidade. Estamos com tanta coisa que quase não temos espaço para colocar música. A rádio virou quase uma “rádio coronavírus”, é o que as pessoas querem ter acesso. Neste momento de pandemia, a rádio está crescendo muito. A audiência quadruplicou – relatou.

A paixão pelo Fluminense começou quando Ocimar ainda era criança. Filho de flamenguista, ele se apaixonou pelo Tricolor das Laranjeiras.

— Meu pai, que perdi há mais ou menos um ano, era daqueles torcedores do Flamengo fanático, sabe? Mas levava os filhos a tudo que era jogo no Maracanã. Uma vez, nos levou a um Botafogo e Fluminense, eu era criança. Quando olhei a torcida do Fluminense, aquela festa, as cores, o pó de arroz, eu pensei: “aquele ali é o meu time, ali é meu lugar”. Meu pai ainda tentou me convencer, mas desde esse dia, sou tricolor – recroda.

O amor pelo Fluminense acabou fazendo com que ficasse amigo de um ídolo do clube. Deley, campeão brasileiro de 1984, que ele conheceu numa ida despretensiosa ao Maracanã. À época, o ex-jogador fazia campanha de sua candidatura para deputado federal e distribuía panfletos nos arredores do Maracanã. Ocimar pediu para tirar uma foto com ele e a amizade começou.

— Foi um dos maiores prazeres que tive na vida. Por meio dele, ainda pude conhecer vários ídolos como Carlos Alberto Pintinho, que era um craque do meio de campo da época que virei tricolor. O Assis, o Washington e muita gente daquele timaço – fala, complementando:

— O Deley sempre vinha aqui na Rocinha visitar a gente, até nas minhas festas de aniversário aqui. Com esse movimento de trazer esses ídolos aqui, viramos a casaca de muita criança aqui na Rocinha. Disso eu não tenho dúvida.

Com tais contatos, Ocimar ainda conseguiu que figuras históricas do Fluminense fossem a alguns eventos da ONG. Ele também é integrante da Acadêmicos da Rocinha e foi um dos autores do samba enredo de 2003, que homenageava os cem anos do Tricolor das Laranjeiras. É ainda um dos fundadores da Flu-Roça, torcida formada por tricolores moradores do local. Sem futebol, tem se empenhado em unir torcedores de todos os clubes em torno de uma só causa.