A bola teima em não entrar longe de seus domínios. Por que o Fluminense quase não consegue vencer fora de casa? O Tricolor fechou o primeiro turno do Campeonato Brasileiro com sua pior campanha como visitante nos últimos 10 anos, com apenas sete pontos conquistados dos 27 disputados, igualando o fraco desempenho de 2019.
Campanhas de visitante do Flu no 1º turno
Ano | Pontos |
2023 | 7 |
2022 | 15 |
2021 | 12 |
2020 | 11 |
2019 | 7 |
2018 | 9 |
2017 | 13 |
2016 | 10 |
2015 | 10 |
2014 | 10 |
2013 | 6 |
2012 | 21 |
2011 | 7 |
2010 | 17 |
2009 | 3 |
2008 | 2 |
2007 | 11 |
2006 | 11 |
2005 | 21 |
Diante deste contexto, o portal GE fez um apanhado de cinco motivos que levaram o Tricolor a ter campanha tão ruim fora de seus domínios nesta temporada.
Defesa sempre desfalcada
Uma primeira coisa que chama a atenção é que em todas essas seis partidas o Fluminense tinha ao menos um desfalque em sua última linha. O que pode ter afetado na questão do entrosamento da defesa.
Contra o Botafogo e Corinthians, Marcelo ficou fora após sentir a panturrilha no Fla-Flu da Copa do Brasil e deu lugar ao improvisado Guga. No empate com o Goiás, Samuel Xavier e Felipe Melo estavam suspensos e foram substituídos por Guga e Manoel, enquanto Marcelo se recuperava de lesão e deu vaga ao improvisado Pirani.
Estilo dentro x fora
Em que pese algumas variações ofensivas, ora com pontas mais abertos, ora com um segundo atacante mais próximo de Cano, o Fluminense não abriu mão de seu estilo e de tentar sempre propor o jogo. A única dessas seis partidas em que o Tricolor não teve a bola foi na derrota para o São Paulo, quando terminou com 45% da posse contra 55%.
Nos outros cinco jogos, o Fluminense sempre teve o domínio das ações, o que nem sempre significa estar mais perto de ganhar. Contra o Botafogo, teve 59% de posse, mas ficou muito exposto e sofreu 20 finalizações. Diante do Corinthians, chegou a 65% do tempo com a bola, criou várias chances e perdeu em dois contra-ataques.
Ao enfrentar o Goiás, teve 57% da posse e esteve perto de ganhar, só que cedeu o empate no fim. Contra o Coritiba, foi o jogo em que mais teve a bola, chegando a 68%, mas tomou dois gols ainda no primeiro tempo e não esteve nem perto de empatar. E diante do Grêmio, terminou com 66% da posse, saiu na frente e tomou a virada.
Erros x displicência
Os adversários sabem que o Fluminense gosta de ter a bola e se armam para forçar e explorar os erros. E quando a estratégia funciona, nem sempre os tricolores conseguem evitar os lances de perigo. Dessas seis partidas, em três o Tricolor sofreu gols logo após errar um passe.
Contra o Corinthians, o Fluminense estava melhor, e Ganso, talvez por excesso de confiança, forçou um passe pelo meio, mas a bola desviou em Gil, e Roni armou o contra-ataque do primeiro gol. Diante do Goiás, Martinelli é que foi displicente com a bola no campo de defesa, perdeu o domínio ao olhar para o lado e foi desarmado por Palacios no lance que originou o pênalti do primeiro gol.
E na Arena do Grêmio no último domingo, Ganso falhou na saída de bola. O camisa 10 tricolor, que não atravessa boa fase, foi displicente num passe no campo defensivo e acabou interceptado por Villasanti. Daniel ainda teve a chance de corrigir e afastou mal, dando a bola para o Grêmio marcar o segundo e virar o jogo.
Bola aérea
Outra coisa que chama a atenção é que dos 10 gols sofridos pelo Fluminense nesses seis jogos, mais da metade foram na bola aérea. Se como mandante o time vinha sofrendo pouco pelo alto, jogando de visitante virou uma espécie de “calcanhar de Aquiles” tricolor.
O gol de Victor Cuesta, que deu a vitória do Botafogo, e o de Alesson, que evitou a derrota do Goiás, nasceram de escanteios. Outros exemplos foram os dois de Róger Guedes no 2 a 0 do Corinthians, ambos foram de cabeça.
Contra o São Paulo, a defesa marcou bobeira no levantamento que encontrou David em posição legal na área, e ele escorou para o chute certeiro de Luciano. E diante do Coritiba, Felipe Melo se atrapalhou no cruzamento de Marcelino Moreno e fez um pênalti bobo em Robson.
“Pé torto”
O Fluminense tenta jogar fora como joga no Maracanã e tenta sempre ser ofensivo. E muitas vezes consegue finalizar bastante, mas nessa sequência de partidas teve um baixo índice de finalizações certas. Apenas contra o São Paulo chegou a ter 50% de acertos no alvo, mas num dos jogos em que menos concluiu a gol: só quatro vezes.
Contra o Botafogo, o Fluminense apenas acertou um chute no alvo (33%), e Lucas Perri não precisou fazer nenhuma defesa difícil. Já diante do Corinthians, o time criou bastante e finalizou 22 vezes, mas só sete (31%) na direção do gol (em uma delas Cássio fez milagre).
Diante do Goiás, o Tricolor teve 36% de acerto nos 11 arremates ao todo, enquanto com o Coritiba só 26% das 15 finalizações foi na direção do gol. Contra o Grêmio no último domingo, foi um dos melhores índices da equipe no quesito nessa sequência: acertou 41% dos 17 chutes (Gabriel Grando precisou fazer duas defesas difíceis).