Fluminense está em sétimo lugar no Brasileiro e joga para manter a posição (Foto: Marcelo Gonçalves/FFC)

A bola teima em não entrar longe de seus domínios. Por que o Fluminense quase não consegue vencer fora de casa? O Tricolor fechou o primeiro turno do Campeonato Brasileiro com sua pior campanha como visitante nos últimos 10 anos, com apenas sete pontos conquistados dos 27 disputados, igualando o fraco desempenho de 2019.

Campanhas de visitante do Flu no 1º turno

AnoPontos
20237
202215
202112
202011
20197
20189
201713
201610
201510
201410
20136
201221
20117
201017
20093
20082
200711
200611
200521
Fonte: Fluzão.info
 
 
 

Diante deste contexto, o portal GE fez um apanhado de cinco motivos que levaram o Tricolor a ter campanha tão ruim fora de seus domínios nesta temporada.

Defesa sempre desfalcada

Uma primeira coisa que chama a atenção é que em todas essas seis partidas o Fluminense tinha ao menos um desfalque em sua última linha. O que pode ter afetado na questão do entrosamento da defesa.

Contra o Botafogo e Corinthians, Marcelo ficou fora após sentir a panturrilha no Fla-Flu da Copa do Brasil e deu lugar ao improvisado Guga. No empate com o Goiás, Samuel Xavier e Felipe Melo estavam suspensos e foram substituídos por Guga e Manoel, enquanto Marcelo se recuperava de lesão e deu vaga ao improvisado Pirani.

Estilo dentro x fora

Em que pese algumas variações ofensivas, ora com pontas mais abertos, ora com um segundo atacante mais próximo de Cano, o Fluminense não abriu mão de seu estilo e de tentar sempre propor o jogo. A única dessas seis partidas em que o Tricolor não teve a bola foi na derrota para o São Paulo, quando terminou com 45% da posse contra 55%.

Nos outros cinco jogos, o Fluminense sempre teve o domínio das ações, o que nem sempre significa estar mais perto de ganhar. Contra o Botafogo, teve 59% de posse, mas ficou muito exposto e sofreu 20 finalizações. Diante do Corinthians, chegou a 65% do tempo com a bola, criou várias chances e perdeu em dois contra-ataques.

Ao enfrentar o Goiás, teve 57% da posse e esteve perto de ganhar, só que cedeu o empate no fim. Contra o Coritiba, foi o jogo em que mais teve a bola, chegando a 68%, mas tomou dois gols ainda no primeiro tempo e não esteve nem perto de empatar. E diante do Grêmio, terminou com 66% da posse, saiu na frente e tomou a virada.

Erros x displicência

Os adversários sabem que o Fluminense gosta de ter a bola e se armam para forçar e explorar os erros. E quando a estratégia funciona, nem sempre os tricolores conseguem evitar os lances de perigo. Dessas seis partidas, em três o Tricolor sofreu gols logo após errar um passe.

Contra o Corinthians, o Fluminense estava melhor, e Ganso, talvez por excesso de confiança, forçou um passe pelo meio, mas a bola desviou em Gil, e Roni armou o contra-ataque do primeiro gol. Diante do Goiás, Martinelli é que foi displicente com a bola no campo de defesa, perdeu o domínio ao olhar para o lado e foi desarmado por Palacios no lance que originou o pênalti do primeiro gol.

E na Arena do Grêmio no último domingo, Ganso falhou na saída de bola. O camisa 10 tricolor, que não atravessa boa fase, foi displicente num passe no campo defensivo e acabou interceptado por Villasanti. Daniel ainda teve a chance de corrigir e afastou mal, dando a bola para o Grêmio marcar o segundo e virar o jogo.

Bola aérea

Outra coisa que chama a atenção é que dos 10 gols sofridos pelo Fluminense nesses seis jogos, mais da metade foram na bola aérea. Se como mandante o time vinha sofrendo pouco pelo alto, jogando de visitante virou uma espécie de “calcanhar de Aquiles” tricolor.

O gol de Victor Cuesta, que deu a vitória do Botafogo, e o de Alesson, que evitou a derrota do Goiás, nasceram de escanteios. Outros exemplos foram os dois de Róger Guedes no 2 a 0 do Corinthians, ambos foram de cabeça.

Contra o São Paulo, a defesa marcou bobeira no levantamento que encontrou David em posição legal na área, e ele escorou para o chute certeiro de Luciano. E diante do Coritiba, Felipe Melo se atrapalhou no cruzamento de Marcelino Moreno e fez um pênalti bobo em Robson.

“Pé torto”

O Fluminense tenta jogar fora como joga no Maracanã e tenta sempre ser ofensivo. E muitas vezes consegue finalizar bastante, mas nessa sequência de partidas teve um baixo índice de finalizações certas. Apenas contra o São Paulo chegou a ter 50% de acertos no alvo, mas num dos jogos em que menos concluiu a gol: só quatro vezes.

Contra o Botafogo, o Fluminense apenas acertou um chute no alvo (33%), e Lucas Perri não precisou fazer nenhuma defesa difícil. Já diante do Corinthians, o time criou bastante e finalizou 22 vezes, mas só sete (31%) na direção do gol (em uma delas Cássio fez milagre).

Diante do Goiás, o Tricolor teve 36% de acerto nos 11 arremates ao todo, enquanto com o Coritiba só 26% das 15 finalizações foi na direção do gol. Contra o Grêmio no último domingo, foi um dos melhores índices da equipe no quesito nessa sequência: acertou 41% dos 17 chutes (Gabriel Grando precisou fazer duas defesas difíceis).