De olho no que diz a “lei”. Quando o árbitro chileno Piero Maza mostrou o cartão vermelho para Marcelo por ter machucado a perna de Luciano Sánchez no empate em 1 a 1 entre Argentinos Juniors e Fluminense, logo surgiram pessoas defendendo que não era para expulsão. O lateral-esquerdo tricolor não teve a intenção de machucar o adversário, foi um acidente de trabalho, mas a decisão de Piero Maza foi tomada depois de revisar o lance no VAR rapidamente.
O portal GE lembra que não é porque Marcelo foi expulso que o Flu acredita que não há a possibilidade de tê-lo em campo no jogo de volta. O clube entrou com um pedido de anulação do cartão vermelho na última quarta-feira. Apesar disso, o Fluminense é um pouco reticente com as chances na Conmebol, já que a entidade tem mostrado um entendimento de respeitar as decisões de campo.
Mesmo assim, não é um assunto fechado, pelo contrário. O tema tem gerado debate. Justamente por isso, o ge traz alguns lances que podem servir como precedente. Além da esperança na atitude de Marcelo, que imediatamente se mostrou preocupado com a integridade física do adversário e prestou solidariedade ao zagueiro argentino, existem dois lances semelhantes que podem ser usados.
Os casos são de 2018 e 2019. No primeiro deles, na disputa da própria Libertadores, o zagueiro Dedé, então no Cruzeiro, havia sido expulso após se chocar sem querer com o goleiro do Boca Juniors. O segundo aconteceu no Campeonato Inglês, quando Son, do Tottenham, acabou quebrando o tornozelo de André Gomes, do Everton, também em um lance sem intenção.
Toda expulsão em competições da Conmebol é analisada pela Comissão Disciplinar da entidade. Normalmente, o atleta e o clube têm cinco dias para apresentar a defesa, seja com imagens, prova ou alguma declaração. O Fluminense se adiantou ao trâmite normal justamente na intenção de ter Marcelo para o jogo da volta. Tudo, porém, depende da audiência, que pode manter a suspensão automática de um jogo, ampliá-la ou diminuí-la.
Como o assunto dá pano para manga, o melhor a se fazer nesse momento é consultar quem já esteve em campo e sabe interpretar bem as regras. Para isso, o site GE consultou PC Oliveira, comentarista de arbitragem do Grupo Globo. Acontece que mesmo entre os árbitros a expulsão de Marcelo não é unânime.
É matéria para avaliação da Comissão Disciplinar da Conmebol. A avaliação da Comissão de Árbitros terá muito peso. Até o momento, a mesma não se manifestou sobre a decisão do árbitro nem divulgou o áudio do VAR. A expulsão está gerando muito debate, não há consenso.
– O Marcelo, sem dúvida, não teve intenção. No entanto a regra não cita intenção. O árbitro avalia a forma do contato, a força e o risco à integridade física do adversário. Na minha avaliação, a expulsão pode ser justificada pela gravidade da lesão e comoção. Há orientação nesse sentido. Destaco também que os bons antecedentes do Marcelo e a conduta esportiva empática e irrepreensível serão levados em consideração na avaliação da Comissão Disciplinar.
O Fluminense só deve saber a decisão da Conmebol mais perto do jogo de volta das oitavas de final da Libertadores. A equipe recebe o Argentinos Juniors na próxima terça-feira, às 19h (de Brasília), no Maracanã. Qualquer empate leva a decisão direto para os pênaltis. Quem vencer, avança e vai enfrentar o ganhador de Olimpia-PAR x Flamengo nas quartas de final.