Achincalhado por grande parte a mídia e opinião pública, o Fluminense, mais uma vez, ganha os holofotes. Por ter entrado no STJD para fazer valer a aplicação das leis, o Tricolor foi massacrado. Mas nem todos os veículos caem no lugar comum. Uma das exceções é o site Vavel Brasil, que narra os verdadeiros acontecimentos. Confira, na íntegra:
Na última segunda (17), Flu pediu anulação do Fla-Flu alegando interferência externa no impedimento do gol de Henrique, com isso voltou a tona a discussão sobre o “tapetão” de 1996, 1999 e 2013. Mas será mesmo que é o principal culpado? Relembre os fatos
Nos últimos dias, o Fluminense entrou com pedido de anulação do Fla-Flu da 30ª rodada do Campeonato Brasileiro, alegando interferência externa no impedimento do gol do zagueiro Henrique, que empataria o clássico. A atitude da diretoria tricolor trouxe na mídia uma discussão antiga: o histórico de ‘tapetão’ tricolor. A maioria continua a culpar o Fluminense pelos acontecimentos na década de 90 e 2013. No entanto, o presidente do clube, Peter Siemsen, na última terça-feira (18), defendeu o clube e, através das redes sociais, o Flu voltou a relembrar dos fatos também para se defender dos ataques.
Na década de 90, o futebol brasileiro ficou marcado por dois escândalos. O primeiro deles foi em maio de 1997. A TV Globo divulgou gravações de telefonemas que revelavam esquema de corrupção e compra de resultados de algumas partidas do nacional de 1996. Corinthians e Atlético-PR eram os clubes que estavam envolvidos no que ficou conhecido como “Caso Ivens Mendes”.
Diante disso, a CBF modificou a edição do torneio para 1997, cancelando o rebaixamento do ano anterior. Entre as equipes que escaparam da degola, estava o Fluminense – além dele, também o Bragantino. A medida acabou desviando o foco do caso de corrupção, onde no fim das contas, apenas o Atlético-PR foi punido começando o Brasileirão de 1997 com menos cinco pontos. Afinal, o Fluminense terminou beneficiado por continuar na primeira divisão, mas terminaria rebaixado para disputar a Série B em 1998. Mas será que é justo culpar o tricolor por tapetão neste ano sem o mesmo ter envolvimento?
O segundo dos casos aconteceu em 1999, ano que o Fluminense conquistou o título do Campeonato Brasileiro da Série C. Durante a disputa da Série A, estourou o “Caso Sandro Hiroshi”, atacante que defendia o São Paulo e havia adulterado seus documentos. Botafogo e Internacional, que brigavam contra o rebaixamento, foram os únicos beneficiados nos julgamentos de seus recursos, ganhando os pontos da partida contra o time paulista. O alvinegro pediu a anulação da derrota no Morumbi e terminou levando os três pontos do jogo em que foi derrotado. Já o Inter, levou apenas um ponto do jogo em que empatou por 2 a 2.
Com isso, o Gama terminou rebaixado junto com Juventude, Paraná e Botafogo. O clube do Distrito Federal não aceitou o rebaixamento, alegando que os pontos conquistados pelo Botafogo no julgamento do caso Sandro Hiroshi acabou prejudicando o clube. O Gama levou o caso até a Justiça Comum contra a CBF e, com isso, o Campeonato Brasileiro ficou paralisado. Diante de toda essa confusão, a Copa João Havelange foi reformulada, seguindo os mesmos critérios da Copa União de 1987, quando a regra de rebaixamento de 1986 foi completamente ignorada.
Assim, o Módulo Azul teve a presença de 25 times – entre eles times da Série A e B. Foram os 17 que por regra deveriam permanecer na primeira divisão, mais Santa Cruz e Goiás (que subiram para a Série A em 1999), Botafogo (que não foi rebaixado por decisão do STJD), Gama e Juventude (que tiveram seus rebaixamentos anulados devido ao caso Sandro Hiroshi), Fluminense (que subiu para Série B em 1999) e Bahia e América-MG (que disputaram a Série B em 1999).
Como provado, o Fluminense não foi o único que teria “pulado” de divisão, mas o clube tricolor novamente roubou o foco, desta vez do “Caso Sandro Hiroshi”, que foi completamente esquecido. No campo, entre times da Série A e B, o Fluminense foi o terceiro colocado do Módulo Azul com 42 pontos (12 vitórias, 6 empates e 6 derrotas em 24 jogos) e conseguiu o acesso para a primeira divisão de 2001.
Afinal, é justo culpar o Fluminense por tapetão sem o clube, mais uma vez, não ter envolvimento? Foi beneficiado? Talvez. Mas não foi o único. Por que então é o único vilão? Num passado não muito distante, em 2013, aconteceu outra história que marcou o Campeonato Brasileiro. Na última rodada da competição, o Flamengo escalou de modo irregular o jogador André Santos, em partida no sábado. No dia seguinte, a Portuguesa escalou também irregularmente o atacante Héverton.
A procuradoria do STJD denunciou as irregularidades e ambos os times perderam quatro pontos, mudando a tabela final. Com isso, o Fluminense – que havia vencido o Bahia na última rodada – terminou em 15º lugar. A Portuguesa terminou rebaixada, em 17º lugar e, o Flamengo, viu o rebaixamento de perto, mas terminou em 16º lugar graças ao erro da Lusa.
Mas, como não poderia ser diferente, o Fluminense voltou a ser massacrado e marcado como “clube do tapetão”, com as pessoas perdendo o foco da irregularidade. A lei, mais uma vez, foi cumprida. Aliás, ela existe, então deve ser seguida. O Flu terminou beneficiado por erros dos outros e escapou do rebaixamento, mas não foi o único que foi salvo no fim das contas. Afinal, será que é justo o Fluminense ser taxado de vilão em todos estes casos? Vamos repensar e olhar direito para a história, sem negar os fatos, pois contra eles não existem argumentos.