O drama financeiro vivido pelo Fluminense não faz distinção de categoria ou sexo. Nem mesmo os bons resultados obtidos pelo futebol feminino nesta temporada diminuíram a agonia de quem está há quatro meses sem receber. Sem saber o dia de amanhã, as atletas tricolores se atropelam com dívidas e assinaram uma carta-reclamação para pedir ajuda.
O portal Extra online teve acesso à carta assinada pelo elenco, onde questionam “não entrarem na fila” quando há dinheiro para pagamento oriundo da venda de atletas e reclamam de promessas não cumpridas. O último débito aconteceu no mês de agosto — como as atletas são bolsistas, não recebem salário do clube.
– Todas as vezes que é liberado alguma grana para acertar as contas, nós não entramos nem na fila. Tanto é que já completamos quatro meses de salários atrasados […] Não queríamos que chegasse a esse ponto, mas tivemos que desabafar e lutar pela nossa causa – diz um dos trechos da carta.
Em contato, algumas atletas relataram que estão correndo risco de serem expulsas de casa devido ao atraso no pagamento do aluguel. Outras, que vieram de outros estados para jogar no clube, e não estão conseguindo se sustentar.
– As promessas são de que o clube recebeu dinheiro de algumas vendas de jogadores e que receberíamos. Estamos escutando essa mesma coisa tem quatro meses – disse uma das atletas, que preferiu não se identificar.
Procurado, o Fluminense informou que “recebem suas bolsas ao mesmo tempo de todos os outros bolsistas do clube e, portanto, estão sujeitas ao mesmo período de atraso” e que “de nenhuma forma estão sendo preteridas em relação aos outros”.
O clube também afirma que “além das bolsas, as atletas recebem plano de saúde, plano dentário, vale-transporte e alimentação nos treinos” e que “segue trabalhando para resolver todas as questões financeiras o mais rápido possível”.
Confira a nota do Fluminense
“O Fluminense Football Club esclarece que as atletas do seu time de futebol feminino são, em sua totalidade, amadoras e bolsistas. As jogadoras recebem suas bolsas ao mesmo tempo de todos os outros bolsistas do clube e, portanto, estão sujeitas ao mesmo período de atraso. De nenhuma forma estão sendo preteridas em relação aos outros.
Além das bolsas, as atletas recebem plano de saúde, plano dentário, vale-transporte e alimentação nos treinos.
O clube reafirma que segue trabalhando para resolver todas as questões financeiras o mais rápido possível”
Confira a carta-reclamação completa:
“Nós realmente não queríamos ter que chegar a isso, expor esse tipo de situação, mas já está insustentável. Hoje, viver do futebol feminino, principalmente no Rio, é impossível. Já estamos há quatro meses sem receber, desde agosto até agora, com meninas passando por dificuldades. Sem conseguir pagar alguel, que vieram de outros estados e até hoje não conseguiram receber nem um salário.
Meninas que, infelizmente, não tem outra renda e contam com esse dinheiro para sobreviver. O que nos deixa mais chateadas é que são muitas promessas de melhorias, só que nunca andam pra frente. É triste ver que a situação da nossa modalidade (principalmente o futebol feminino carioca) está dessa maneira. A mídia diz em ascensão, só pra mídia mesmo…
Sabemos que a situação do FLUMINENSE não está das melhores, mas o problema é o descaso com a nossa modalidade. Todas as vezes que é liberado alguma grana pra acertar algumas contas, nós não entramos nem na fila, tanto é que já completou quatro meses de salário atrasado…
Sabe o que é pior, é que pra mídia está tudo lindo e maravilhoso, porque afinal de contas vocês têm a camisa, certo? Errado, NÓS QUEREMOS RESPEITO!!!Trabalhamos duro desde janeiro, fizemos a melhor campanha do Rio no Campeonato Brasileiro A2 e a segunda melhor campanha do Estadual MESMO DIANTE DE TANTAS DIFICULDADES, NÓS HONRAMOS A CAMISA DO FLUMINENSE e no seu primeiro ano de futebol feminino fizemos ótimas campanhas. Porém, o problema com o futebol feminino parece nunca ter fim.
Como foi dito antes, não queríamos que chegasse a esse ponto, mas tivemos que desabafar e lutar pela nossa causa, POR QUE CONTINUAR ASSIM NÃO DÁ MAIS…
NÓS NÃO ACEITAMOS MAIS JOGAR APENAS POR UMA CAMISA DE CLUBE, OU POR UMA BOLA, NÓS QUEREMOS SER VALORIZADAS E PRINCIPALMENTE QUEREMOS RESPEITO!!!”