Quase cem anos depois da ‘resposta histórica’, um marco do futebol contra o racismo no futebol, o Vasco lança neste domingo um manifesto contra a homofobia e transfobia no esporte brasileiro. Na carta, o cruz-maltino convida clubes, atletas, torcedores, dirigentes, federações e sociedade para um compromisso conjunto.
O Fluminense, vale lembrar, mandará a partida no estádio já que o Maracanã está cedido à Conmebol para a disputa da Copa América.
Leia a íntegra do manifesto:
“O mundo dos esportes não é um espaço que aceite as mudanças com facilidade e leveza. Pudera: o esporte é um reflexo da sociedade que o rodeia e, portanto, reproduz seus estereótipos e práticas, seus valores e preconceitos. Reproduz, enfim, sua inércia.
Mesmo assim, a sociedade muda. E, como reflexo da sociedade em transformação, o futebol também não se mantém imune às suas mudanças. Mas o esporte tem o dever de ir além: o futebol, particularmente, é uma inspiração comum a diversas gerações e deve fazer parte das transformações sociais, rumo a uma sociedade melhor e mais justa.
A homofobia e a transfobia são alguns dos mais graves problemas do nosso tempo e o esporte ainda é, infelizmente, um de seus espaços de mais forte reprodução. O Vasco da Gama assume para si a responsabilidade de se posicionar diante do tema, sem defender aquilo que é cômodo, mas sim aquilo que é correto. O clube será um parceiro daqueles que lutam contra o preconceito relacionado à orientação sexual ou à identidade de gênero de quem quer que seja.
Estamos conscientes de que uma parte das mudanças acontece dentro de nossos próprios muros. Mas estamos dispostos a nos engajar na construção de um Vasco melhor, que reflita o mundo que queremos ver para o futuro próximo: com respeito e dignidade, independentemente de orientação sexual ou identidade de gênero.
Ser parte da mudança — e não do problema — não é simples, já que exige uma mudança de nós mesmos. O Vasco convida clubes, atletas, torcedores, dirigentes, federações e sociedade para um compromisso conjunto de debate acerca da homofobia e da transfobia.
O Vasco de 1923 não aceitou o racismo, naturalizado no século anterior. O Vasco do século XXI se nega a aceitar a homofobia e a transfobia que marcaram o século XX.
Mudemos juntos. O caminho é longo, mas o Vasco dará tantos passos quantos forem necessários neste debate, indispensável ao mundo atual.
Independente da sua orientação sexual ou identidade de gênero, somos todos iguais. O Vasco da Gama nasceu como o time de todos e continuará sendo.”