Em entrevista ao canal Desimpedidos, Richarlison recordou um episódio polêmico de sua passagem pelo Fluminense. A quase saída para o Palmeiras em 2017. À época, às vésperas de um jogo contra o Alviverde pelo Brasileiro, recebeu proposta financeira tentadora para reforçar o clube paulista e pediu ao técnico Abel Braga para não disputar a partida e, consequentemente, não ultrapassar o limite de seis jogos que impediriam uma transferência.
— Eu saí do Brasil cedo, mas eu aprendi muita coisa jogando lá. Em questão de respeito aos clubes. Quando eu estava no Fluminense, eu estava para ir para o Palmeiras. Em um jogo justamente contra o Palmeiras, os empresários entraram e falaram “você não pode jogar esse jogo. Se você machucar, não vai ser vendido”. Aí fui eu, com 18 anos, cheguei no Abel (Braga) e disse que não tinha cabeça para jogar esse jogo. O Abel falou beleza, pode ir para casa. Os caras foram lá, perderam, o presidente deu entrevista para a ESPN e disse: “O Richarlison não vai sair, não vai para lugar nenhum, vai ficar no Fluminense”. Pronto, fiquei. Aí quem se fodeu? Aqui ó – disse ele, apontando para seu peito, antes de prosseguir com críticas aos empresários:
— Aí fomos jogar no Maracanã, contra o Grêmio, a torcida me xingando. E os empresários lá em casa, de boa. É isso que eu falo que aprendi a ter respeito aos clubes. O Fluminense naquela época foi o clube que pagou os R$ 10 milhões ao América-MG para me contratar. E eu na primeira oportunidade já queria virar as costas. Foi aonde eu comecei a ter mais cabeça de valorizar o clube que me abriu as portas, o clube que me valorizou, e eu lembro que depois que a negociação não deu certo, a torcida caiu matando em cima de mim, eu fiquei no clube, o Abel me chamou para conversar e falou “eu sabia que aquilo não era você, você é um cara que quer jogar todo jogo, quer treinar, e você chegar daquele jeito, eu sabia que aquilo não vinha de você”. E foi aonde eu aprendi a lição, né? A respeitar clube, a respeitar a camisa que você veste e por isso o torcedor do Fluminense quer que eu volte para lá, o torcedor do Everton me tem como ídolo lá, eu aprendi a respeitar a camisa lá no Brasil.
Sincero, Richarlison admite que na época quis, sim, a transferência para o Palmeiras. Pelo momento, tratava-se de grande oportunidade financeira e profissional. Atualmente no Tottenham (ING), o atacante confessa que foi bom a negociação não ter ocorrido.
— Na época o Palmeiras estava na Libertadores. E eu chegaria para substituir acho que o (Gabriel) Jesus. Eu ia ganhar não sei quantas vezes mais do que eu ganhava no Fluminense e falei “vambora”. Mas deu esse problema todo, não fui, e querendo ou não, me ajudou muito também não ir, porque o Abel foi um cara que me ajudou muito a me desenvolver dentro do clube, que me apoiou mesmo eu fazendo as coisas erradas – falou.
Richarlison jogou pelo Fluminense entre 2016 e 2017. Fez 69 jogos, marcou 19 gols e deu nove assistências. Conquistou a extinta Primeira Liga em 2016. Em visitas recentes ao Brasil, chegou a acompanhar jogos do Tricolor no estádio.