Um dos maiores ídolos da história do Fluminense, Assis, se estivesse vivo, completaria 63 anos de idade. E justamente na data em que é comemorado o dia do clube. Então, nada melhor do que recordar um texto escrito pelo próprio para o livro “Fluminense Tetracampeão”. Confira abaixo o belo relato do eterno Assis!
“Em 1983 tínhamos, com o mesmo elenco, vencido o Carioca. Dando sequência a essa grande fase por que o Fluminense vinha passando, chegou o Brasileiro de 1984, o ano de ouro do Tricolor. Conforme o campeonato fluía, assimilávamos tudo o que o Parreira nos passava. Fomos desenvolvendo uma renovada obediência tática, o que ainda nos faltava, somando-se à união do grupo, uma das nossas vantagens do ano anterior
Crescemos como um todo. Se um de nós se destacava, o restante acompanhava. Se Paulo Victor crescia no gol, Ricardo Gomes e Duílio iam bem na zaga. Aldo e Branco eram motores nas laterais e Delei, ao lado de Jandir, segurava no meia. Romerito, antecedido por Leomir, vinha crescendo e encaixando com a gente como uma luva. Eu, trabalhando o meio, me adiantava chegando junto ao Washington. E Tato, com muita força no ataque, completava o nosso grupo.
Na semifinal, restamos nós, Vasco, Corinthians e Grêmio. Ainda éramos os menos cotados para a conquista, chamados de “timinho” por outros clubes e pela imprensa. Mas a cada partida e a cada clube favorito que detonávamos, nos sentíamos mais fortes. E assim fomos acreditando que podíamos conquistar o campeonato. Chegamos ao momento em que o time já passava confiança ao torcedor, sendo abraçado pela torcida. Na final, contra o Vasco, fizemos 1 x 0 no primeiro jogo e finalizamos a jornada num disputado empate, de 0 x 0. Foi completamente justo o Fluminense ter sido campeão. Além de ser o time que mais venceu, perdeu só dois jogos. Na tão esperada comemoração, o Rio de Janeiro ficou tricolor! Festa, festa, festa!
De cada partida, a gente leva uma lembrança. Lembro-me de que, nas noites anteriores aos jogos mais decisivos, o querido e eterno Ximbica trocava secretamente a chuteira que eu usaria nos jogos, repetindo uma superstição de 1983 que nos rendeu um ótimo resultado final. Lembro-me também do costume que tínhamos de ir cantando no ônibus para os jogos. Nossa música predileta era o samba-enredo da União da Ilha do Governador, com um trecho que modificamos: “Eu vim descendo a serra, cheio de euforia para desfilar. O mundo inteiro espera, hoje é dia do Nense ganhar! Levei o meu samba pra mãe de santo rezar. Contra o mau-olhado eu carrego o meu patuá.” Era o samba da vitória do Fluminense.
Aprendi muito nesse ano, nesse campeonato. Com a classe, a educação e o tratamento do Parreira que nos fez mudar, com todos os meus companheiros, com todos os profissionais que tornaram essa equipe inesquecível. Crescemos como pessoas e como profissionais.
O Fluminense foi o clube que me deu a oportunidade para chegar à Seleção Brasileira, para ser conhecido nacionalmente e para ser elevado à condição de ídolo do futebol brasileiro. De tudo o que conquistei dentro do futebol, e fora também, eu devo muito ao Fluminense.”