IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE, 1981
Ele não é esportista, mas seu nome está diretamente ligado ao futebol, pois compôs os hinos de nada menos que 11 clubes cariocas, incluindo os quatro grandes. O compositor Lamartine Babo foi tema da Imperatriz Leopoldinense em 1981, com o enredo “O Teu Cabelo Não Nega – Só Dá Lalá”, em referência a uma das marchinhas de carnaval de sucesso composta por ele. O refrão do samba era “Neste palco iluminado / Só dá lalá / És presente imortal / ó dá lalá / Nossa escola se encanta / O povão se agiganta / É dono do carnaval”. Apaixonado por futebol e carnaval, Lamartine soube retratar em suas músicas com humor refinado e irreverência estes dois mundos bem diferentes e ao mesmo tão próximos. Não é à toa que a escola de Ramos foi a grande campeã do carnaval carioca naquele ano.
CAPRICHOSOS DE PILARES, 1985
Em 1985, o Brasil vivia o clima das Diretas Já e o desejo cada vez mais forte da população pelo fim do regime militar e a volta da democracia. Dentro deste espírito, a Caprichosos de Pilares fez um desfile alegre, irreverente, mas também com uma forte crítica social com o enredo “E Por Falar em Saudade…” Além de relembrar antigos carnavais e os bons tempos da Seleção, a escola recordou ainda o sumiço da Taça Jules Rimet, conquistada em definitivo no Mundial de 1970, no México, e que teria sido roubada e derretida. Até o longo jejum de títulos do Botafogo na época foi lembrado com as estrofes “Bota, bota, bota fogo nisso / A virgindade já levou sumiço”. O refrão do samba que contagiou o público na Marquês de Sapucaí era “Tem bumbum de fora pra chuchu / Qualquer dia é todo mundo nu…” O resultado foi um quinto lugar no Grupo Especial, melhor colocação da escola até hoje.
BEIJA-FLOR, 1986
Em 1986, quando a Argentina foi campeã no Mundial do México, a Beija-Flor levou para a Marquês de Sapucaí o enredo “O Mundo É Uma Bola”, uma referência ao futebol brasileiro, àquela altura tricampeão do mundo. O refrão do samba era “É milenar / A invenção do futebol / Fez o artista / Ter um sonho triunfal”. Com um desfile alegre e descontraído, a escola de Nilópolis contagiou a Avenida e acabou conquistando o vice-campeonato do Grupo Especial naquele ano.
UNIÃO DA ILHA, 1988
Outro desfile que de certa forma destacou o futebol foi o da União da Ilha do Governador, que em 1988 levou para a Marquês de Sapucaí o enredo “Aquarilha do Brasil”, em homenagem ao saudoso compositor e radialista Ary Barroso, conhecido o Homem da Gaitinha e autor de “Aquarela do Brasil”. Torcedor fanático do Flamengo, ele não se preocupava em disfarçar a sua torcida para o clube de coração nem mesmo durante as transmissões esportivas, nas quais usava a famosa gaitinha para celebrar os gols do Flamengo. Um dos refrões do samba lembrava justamente isso: “A gaitinha tocando… é gol / A galera vibrando… Mengo!” Uma das alas da escola foi composta só por jogadores do Flamengo. Mesmo com este apoio, a União da Ilha ficou na sexta colocação.
ESTÁCIO DE SÁ, 1995
No ano do centenário do Flamengo, a Estácio de Sá, primeira escola de samba do Brasil, decidiu homenagear o Mais Querido com o enredo “Uma Vez Flamengo”. Além de retratar a história de um dos maiores clubes do futebol brasileiro, mostrando suas origens, glórias, ídolos e títulos, a intenção da agremiação era fazer com que a maior torcida do Brasil, que sempre apoia o time no Maracanã, também fosse o 12º jogador da Estácio na Sapucaí. O refrão do samba era“Cobra coral / Papagaio vintém / Vesti rubro-negro / Não tem pra ninguém”, mas não conseguiu empolgar o público e os jurados a ponto de a escola conquistar o segundo título de sua história. O resultado é que a agremiação ficou apenas em sétimo lugar no desfile do Grupo Especial.
UNIDOS DA TIJUCA, 1998
No ano em que o Vasco comemorou o seu centenário (1998), a Unidos da Tijuca presenteou o Gigante da Colina com o enredo “De Gama a Vasco, a Epopéia da Tijuca”. No desfile, a escola, além de relembrar o navegador homônimo Vasco da Gama e a trajetória de títulos do clube de São Januário, também destacou a origem operária do clube e a sua luta contra o racismo. O refrão do samba era “Vamos vibrar meu povão (é gol, é gol) / A rede vai balançar, vai balançar / Sou Vasco da Gama, meu bem / Campeão de terra e mar”. Se nos campos, o Vasco vivia uma das fases mais vitoriosas de sua história, com a conquista do Carioca, do Brasileiro e da Libertadores, na Avenida o clube não teve o mesmo êxito, já que terminou na 13ª colocação do Grupo Especial, sendo rebaixada para o Grupo de Acesso.
VILA ISABEL, 2002
Dizem que a melhor homenagem é aquela que é recebida quando a pessoa ainda está viva. Nilton Santos pôde sentir isso na pele. Falecido em novembro do ano passado, o ex-jogador que ganhou o apelido de Enciclopédia e encantou o mundo com suas jogadas geniais foi tema do desfile da Vila Isabel em 2002 com o enredo “O Glorioso Nilton Santos… Sua Bola, Sua Vida, Nossa Vila…”. O refrão do samba era “Bate palma, bate-bola, bate junto bateria / Igualzinho ao Nilton Santos, toca com categoria / É o gingado da baiana, é futebol, samba no pé / A galera já delira, minha Vila “dando olé”. No desfile, a escola contou um pouco das suas passagens vitoriosas com as camisas do Botafogo e da Seleção, as únicas que defendeu ao longo da carreira. Com inúmeros títulos conquistados no gramado, Nilton Santos, considerado por muitos o maior lateral de todos os tempos, só não foi campeão também na Avenida por causa de um erro de um jurado que trocou as notas. Com o equívoco, a escola do bairro de Noel terminou em segundo lugar e não subiu para o Grupo Especial.
ACADÊMICOS DA ROCINHA, 2003
Em 2002, o Fluminense comemorou o seu centenário. Uma data especial e importante como esta não poderia passar em branco. No ano seguinte, a Acadêmicos da Rocinha levou para a Avenida o enredo “Nas Asas da Realização, Entre Glórias e Tradições, a Rocinha Faz a Festa dos 100 Anos de Campeão… Sou Tricolor de Coração!”, em homenagem ao Tricolor das Laranjeiras. O refrão do samba era “Abre o seu coração, diga violência não / Vem com a gente se acabar nessa folia / Vem gritar com emoção, são 100 anos de paixão / Sou tricolor de coração e sou Rocinha”. No entanto, assim como as escolas que homenagearam Flamengo e Vasco, a Rocinha não teve um resultado expressivo e terminou apenas na 13ª colocação do Grupo de Acesso.
TRADIÇÃO, 2003
Principal nome da conquista da Copa do Mundo de 2002, realizada no Japão e na Coreia do Sul, o ex-jogador Ronaldo Fenômeno foi o grande homenageado da Tradição no ano seguinte com o enredo “O Brasil é Penta, R é 9 – O Fenômeno Iluminado”. No desfile a agremiação mostrou a história de superação do atacante, eleito três vezes o melhor jogador do mundo – 1996, 1997 e 2002 – e maior artilheiro da história das Copas, com 15 gols. O refrão do samba era “É bola na rede / A nossa tradição / É bola na rede / É penta campeão”. O curioso é que, por causa de um problema de saúde, Ronaldo não participou do desfile, sendo representado por sua mãe, Sônia Nazário. Se nos campos, Ronaldo estava sempre disputando títulos, na Sapucaí ele não foi o mesmo fenômeno, pois a Tradição ficou apenas na 13ª posição do Grupo Especial.
IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE, 2014
Maior ídolo da história do Flamengo, Zico, o eterno Galinho de Quintino, é tema do desfile da Imperatriz Leopoldinense em 2014. Na segunda-feira, a escola desfila com o enredo “Arthur X: O Reino do Galinho de Ouro na Corte da Impereatriz”. Além de mostrar suas glórias dentro de campo, a agremiação vai contar sua história de vida. Grandes nomes do futebol brasileiro como Roberto Dinamite, Paulo César Caju, Arthurzinho, Edmundo e Rivelino estarão ao seu lado na Marquês de Sapucaí. O refrão do samba é “Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe ô / O show começou! / Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe ô / Um canto de amor! / Imperatriz me faz reviver… / Zico faz mais um pra gente ver!” Maior artilheiro da história do Flamengo, com 509 gols, e do Maracanã, com 333, Zico espera repetir na Avenida o mesmo show que fazia nos estádios.