Diniz tinha contrato até o meio do ano para comandar a seleção (Foto: Vitor Silva - CBF)

Fernando Diniz não é mais o técnico interino da seleção. O Brasil agora terá Dorival Júnior, ex-São Paulo à frente de seu time nacional. Porém, a troca no comando passou longe de ser tranquila, conforme relata o jornalista Paulo Vinicius Coelho, o PVC, em seu blog no Uol. Na coluna, afirma que os bastidores foram marcados por telefonemas, broncas e traição.

O técnico do Fluminense foi um dos que ficaram enfurecidos com a situação, isso por ter sido, segundo palavras de PVC, desrespeitado pelos dirigentes nos quais havia confiado. Seu contrato iria até o meio deste ano. Confira o texto na íntegra:

 
 
 

“Ednaldo Rodrigues foi reconduzido à presidência da CBF na quinta-feira à tarde, por medida liminar. Na manhã seguinte, já havia a informação de que o novo-velho dirigente desejava Dorival Junior e Filipe Luís, como técnico e coordenador da seleção brasileira, respectivamente.

Julio Casares, presidente do São Paulo, recebeu o aviso do próprio Ednaldo, antes que este desse qualquer sinal a Fernando Diniz, com quem a CBF mantinha contrato e, portanto, devia respeito.

Aflito, Julio Casares telefonou ao presidente da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro Bastos. Com a liberdade de quem apoiou o retorno de Ednaldo a sua cadeira, até que este mudasse de lado no jogo político da CBF, Reinaldo tentou dissuadir o novo-velho presidente da ideia de tirar Dorival do São Paulo.

Argumentou que, mais do que técnico, a seleção precisa agora de estrutura e, só depois de montá-la, anunciar o comandante.

Ednaldo fez parecer ter compreendido e aceitado o conselho. No fundo, estava instruído a criar factoides, disfarces para seus fracassos recentes.

Anunciou Carlo Ancelotti e o italiano renovou com o Real Madrid.

Contratou Fernando Diniz como técnico compartilhado. Colocou dois interinos e fez a seleção, com pior desempenho em décadas, ganhar apenas de Bolívia, Guiné e Peru.

Politicamente, isolou-se de modo a não ter apoio das federações e clubes e não conseguir nem sequer assinaturas para ser candidato, caso houvesse a nova eleição.

Ednaldo, então, decidiu disfarçar todos estes fiascos de sua gestão e contratar o novo técnico. Pagar a multa de R$ 4,5 milhões e tirar o treinador do São Paulo que, no primeiro momento, disse não ter sido procurado.

Só depois de avisar o presidente são-paulino, e de todo o noticiário dizer que Dorival era o escolhido, Ednaldo informou Fernando Diniz, justamente indignado com a falta de respeito dos dirigentes em que confiou.

O São Paulo, então, irritou o Fortaleza. Sem ter quitado dívida da contratação do goleiro Felipe Alves, há 18 meses, o clube paulista é agora acusado de telefonar diretamente para o técnico Juan Pablo Vojvoda, sem dar satisfação ao presidente do clube da capital cearense.

Vojvoda negou o convite e o São Paulo pensa em plano B.

Entre telefonemas, mentiras e traições, Ednaldo contrata Dorival Junior e o noticiário trata do novo factoide, em vez do desastre na administração da CBF.

Dorival Junior anunciou aceitar o convite no domingo à tarde. A partir de então, tornou-se o bote salva-vidas do futebol outrora pentacampeão mundial.”