O Fluminense comunicou na manhã deste sábado a demissão do técnico Roger Machado. A opção da diretoria agradou boa parte da torcida, que já pedia a troca no comando da equipe bem antes da eliminação na Libertadores. Mas na imprensa há diversas críticas em relação à medida. Em seu blog no site ge, o jornalista Paulo Vinicius Coelho foi um deles.
Na opinião do comentarista, a crença no país de que sempre basta mudar o treinador para melhorar o futebol de um time está equivocada.
Veja a íntegra da publicação do analista:
“O Fluminense depois de Roger Machado. Por que o Brasil sempre acredita no tratamento de choque?
Pode ser que Marcão ganhe do Atlético e se classifique na Copa do Brasil. A pergunta não é se a substituição dará resultado, mas por que o Brasil segue apostando que tem de mudar o técnico
Até Roger Machado entende que o Fluminense perdeu rendimento nos últimos jogos. Apesar do discurso de ter feito um grande jogo em Guayaquil, está claro que faltou agressividade e que o Tricolor já foi mais forte, defensivamente, em outros momentos da temporada. Quem conversa com dez torcedores escuta nove respostas de que era preciso mudar o treinador. A pergunta é: por quê?
É verdade que o Bayern de 2020 e o Chelsea de 2021 ganharam a Champions depois de desacreditar de seus treinadores anteriores, mas lá é a exceção.
Aqui é regra.
Por que o Brasil sempre entende que mudar o treinador muda o desempenho de uma equipe? Por que, se a maioria concorda que o Fluminense, na Libertadores, chegou até onde mandavam as expectativas.
É justo dizer que não se esperava o Barcelona nas semifinais e, portanto, poderia ser o Fluminense na fase mais aguda. Mas a queda de Roger tem mais a ver com a ideia geral de que, se não mudar, o Flu não tem chance na Copa do Brasil contra o Atlético.
E mudando, tem chance?
Nunca teremos a resposta sobre a possibilidade com Roger, porque ele não está. E é sabido que, muitas vezes, surpresas acontecem, que o Fluminense pode surpreender o Atlético, o que provará a teoria de que Roger tinha de sair para motivar o grupo de jogadores. Ninguém dirá que Roger não tinha de sair se o Atlético golear duas vezes.
Não está aqui alguém com vocação para adivinhar. É apenas uma pergunta.
Por que sempre julgamos que o único jeito de melhorar um time é mudar o técnico?”