Em 2017, o Fluminense contratou o atacante Robinho, que pertencia ao Atibaia-SP, e havia se destacado no Figueirense. Como contrapeso na negociação, o volante Richard também desembarcou nas Laranjeiras. No fim, o primeiro acabou não conseguindo render, apesar da alta quantia investida nele, enquanto o segundo virou titular e rendeu lucro ao Tricolor em negociação com o Corinthians dois anos depois. Em entrevista ao NETFLU, Alexandre Barbosa, presidente do Atibaia-SP, comentou os casos.

– Em todas as gestões que eu fiz na minha vida, uma das coisas principais que eu percebi foi: as pessoas reagem de forma diferente. Nem todo mundo aguenta uma pressão de ser xingado. Tem pessoas que precisam de mais carinho do que as outras. Eu mesmo. Se me bater, eu volto mais forte. Mas tem gente que não é assim. Se o jogador deu certo, ok. Se não deu, manda embora. Porém o Robinho é um patrimônio, ele já custa, não tem como sair. Não tem como mandar embora. E não é só com o Robinho. Acontece com diversos jogadores que jogaram no Flu, em outros clubes, Europa e não dão certo. Depois querem voltar pra o Brasil, no clube em que foram revelados. O futebol costuma só tratar bem quem dá certo sozinho. A gente precisa tratar as pessoas diferentes. O Robinho é acanhado, é inibido, precisa falar com ele, dar moral. É um talento. Acha que é qualquer um que faz o gol que ele fez contra o Corinthians? Isso é dom! Agora, para ele fazer isso em todo jogo, precisa ser abastecido de motivação, oportunidade. Eu tenho um clube! Sei como é difícil. Tenho que brigar muito com os técnicos aqui porque alguns não querem dar chance só porque foram mal num jogo, num amistoso, num treino e já querem afastar. E eu não deixo. Patrimônio do clube não pode afastar. São eles que darão retorno. Os caras quiseram mandar o Richard embora do meu clube (antes de ir para o Flu), técnico, diretor. Eu não deixei. Falei que os mandaria embora e não mandava o cara embora. Mas isso ninguém vê. Olha o que o Richard virou, o retorno que deu. Precisa motivar o cara, poxa. Ninguém pega um cara igual ao Robinho e o motiva. Se não paga, faz um acordo com ele, paga uma parte, deixa ele contente, negocia, paga depois, na hora da venda… tudo se faz. Mas tem que ter manobra de negócio, jogo de cintura. O cara deu certo, é rei. Não deu certo, chuta a bunda dele. O futebol é muito engessado. Aí contratam um cara que deu certo no clube há 10 anos atrás. Ok, legal. E os outros? Não dá pra formar novos ídolos? – disse.