O Fluminense está bem perto de anunciar a contratação de Leo Fernández, meia uruguaio de 24 anos. Ele será emprestado pelo Toluca (MEX) com opção de compra. O portal ge traçou um perfil sobre a carreira e características do jogador, esperado nesta semana para a realização de exames médicos e assinatura de contrato. Confira a íntegra:
Promessa da geração de Valverde
Leo é nascido em 1998 e é da mesma geração do meia Valverde, destaque do Real Madrid, da Espanha, e também do lateral-esquerdo Piquerez, titular do Palmeiras. Eles jogaram juntos na seleção uruguaia sub-17 em 2015. Quatro anos depois, já pela seleção sub-22, ele também foi companheiro do atacante Darwin Núñez, do Liverpool, da Inglaterra, e do zagueiro Bruno Méndez, do Corinthians, que são de 1999 e, portanto, um ano mais novos.
Fato é que Leo Fernández surgiu como uma promessa no Uruguai. Jogando pelo modesto Fênix, clube que o revelou, foram 91 jogos, 25 gols e 19 assistências. Ele logo ganhou um prêmio da confederação uruguaia de futebol: foi eleito o jovem mais talentoso sub-21 em 2018 e começou a atrair olhares no mercado. Seis meses depois, já estava o meia no futebol mexicano: o Tigres o comprou por cerca de US$ 600 mil dólares (R$ 2,3 milhões na cotação da época).
Golaço e título da Concachampions
Seu início no futebol mexicano, porém, não foi fácil. Sem espaço em um primeiro momento no Tigres, foi definido que seria emprestado por seis meses. E quase foi para o Lanús, da Argentina, mas o clube já estava com todas as vagas de estrangeiros preenchidas. Foi então que surgiu a Universidad de Chile, mas lá acabou jogando pouco em função da suspensão do Campeonato Chileno, por causa dos protestos da população contra o governo.
¡Golazo de Leonardo Fernández!@TigresOficial 🇲🇽 anota el segundo gol de la noche, y aumenta a 3-0 la ventaja en el marcador global. #SCCL2020 pic.twitter.com/12X4D4wKwU
— Concacaf Champions Cup (@TheChampions) December 16, 2020
Ao voltar ao México, foi reemprestado no início de 2020 para o Toluca. Ele chegou no meio da pandemia e mudou o patamar do time: em 14 partidas, fez oito gols e deu três assistências. Desempenho que fez o clube abrir negociação para tentar contratá-lo em definitivo, já que não havia opção de compra em contrato. O Tigres, porém, pediu o jogador de volta para a disputa da Concachampions, a Champeons League da América do Norte (da Concacaf).
Leo participou dos três jogos finais (todos como titular) da campanha do título continental do Tigres. Ele inclusive fez um golaço de letra na goleada por 4 a 0 sobre o New York City, dos Estados Unidos (veja no vídeo abaixo). Mas não foi para o Mundial de Clubes da Fifa (onde o time mexicano eliminou o Palmeiras) porque acertou seu retorno ao Toluca, que o comprou por aproximadamente US$ 4 milhões de dólares (R$ 22,8 milhões na cotação da época).
Cantor “nas horas vagas”
Ao retornar ao Toluca, Leo foi anunciado oficialmente pelo clube tocando violão e cantando (veja no vídeo abaixo)! De família ligada à música por parte de sua mãe, o jogador costuma atacar de cantor “nas horas vagas” e já apareceu em outros momentos nas redes sociais soltando a voz e recebendo elogios pela afinação.
🎵🎸 A veces pierdo mis sentidos…
¡Emotiva interpretación de Leo Fernández antes de entrar a la cancha sagrada del Nemesio Diez! 🏟#SomoselToluca 🔥 pic.twitter.com/eGLEdQ5jLS
— Toluca FC (@TolucaFC) December 19, 2021
— Na minha casa sempre ouvia todo tipo de música. E não prefiro nenhum gênero, gosto de música em geral. Um dia falei para minha mãe que ia comprar um violão e comprei. Eu toco porque gosto. Às vezes, assisto a tutoriais e aprendo. Ou tiro as músicas só de ouvir – disse certa vez o meia, em declaração repercutida pela imprensa mexicana.
Da idolatria à reserva no Toluca
A primeira passagem pelo clube já tinha sido boa o suficiente para cair nas graças da torcida. E o retorno foi tão bom quanto: em 38 jogos em 2022, entre Apertura e Clausura (uma espécie de primeiro e segundo turno do Campeonato Mexicano), ele fez 13 gols e deu 13 assistências. No clube, jogou com o goleiro brasileiro Tiago Volpi (ex-São Paulo), que passou pelas categorias de base do Fluminense. Mas o clima desandou com o técnico mexicano Nacho Ambriz em 2023, e o meia passou a ser reserva na maioria das vezes.
Leo tem contrato com o Toluca até 2026, mas a desmotivação do jogador junto com a necessidade de abrir vagas de estrangeiros no elenco fez o clube mexicano aceitar negociá-lo, mesmo que por empréstimo (o que revoltou a muitos torcedores nas redes sociais). Recentemente, ele teve seu nome especulado no Pachuca, Monterrey e Pumas, todos do México, mas o Fluminense entrou forte no circuito.
— A saída do Leo é uma decisão importante para o plantel dirigido por Nacho Ambriz para começar a temporada. No último torneio ele perdeu a titularidade, e seus 833 minutos jogados e quatro gols marcados foram insuficientes para o técnico apostar novamente no camisa 10. Ele era querido pela torcida, mas nesse último semestre me parece que sempre que saiu do banco não somava à equipe, notava-se a falta de vontade de entrar saindo do banco e não recuperou o seu melhor nível. Insistiram nesses últimos seis meses, mas estão fazendo movimentos agora para liberar vagas de estrangeiros. Fala-se muito que o Rodrigo Aguirre (ex-Botafogo e atualmente na LDU) vai chegar para cobrir a vaga – contou ao ge Alejandro Abad, jornalista mexicano da cidade de Toluca.
Baixinho, canhoto e finalizador
Leo Fernández é um meia canhoto baixinho, de 1,66m de altura, mas daqueles ensaboados e “chuta-chuta”. Adora finalizar de média e longa distância e é arma também nas bolas paradas. Além disso, pode atuar centralizado ou mais aberto pela esquerda, acionando a subida do lateral ou buscando limpar as jogadas para finalizar. Porém, sofre críticas ao jogar sem a bola, o que promete ser um desafio para ele se adaptar ao “Dinizismo” no Fluminense:
— Léo é um jogador com muito talento. Tem boa finalização de média e longa distância, faz gols de bola parada. É inteligente com a bola, sabe achar os espaços. Mas sempre se falou, não só no Toluca, no Tigres também, que não teve muitos minutos com diferentes técnicos pelo mesmo motivo: é um jogador que com a bola pode somar muito, mas sem ela é jogar com um a menos: não pressiona, não marca. Mas é talentoso. Se o Fluminense souber encaixá-lo, o fizer sentir querido, a torcida o fizer sentir amado, e o técnico o fizer sentir importante no esquema, poderão ter um grande jogador – concluiu Alejandro Abad.