Se antes o momento era para lá de favorável, com série de jogos invictos e uma classificação que parecia encaminhada para a fase de grupos da Libertadores, numa semana o mar de rosas do Fluminense virou um verdadeiro caldeirão. A queda na competição internacional diante do Olimpia, na última quarta-feira, no Paraguai, instaurou a crise no Tricolor. O portal ge traçou a cronologia que levou o Flu do céu ao inferno numa semana. Confira:
Quebra na empolgação
12/3/2022
O Fluminense entrava em campo buscando igualar um recorde que seria histório, de 13 vitórias seguidas em 1919, mas antes mesmo de a bola rolar a empolgação se transformou em apreensão com o vazamento da notícia que Luiz Henrique estava em negociações avançadas com o Betis, da Espanha, por € 13 milhões de euros (cerca de R$ 70 milhões), o que revoltou a torcida. Para piorar, Abel decidiu de fato cumprir tabela e poupou até o time reserva que vinha jogando (e bem), escalando um misto de suplentes com sub-23. Não foi o suficiente para ganhar, e sem a marca o foco ficou inteiramente sobre a possível venda do atacante.
Coletiva e indignação
13/3/2022
No domingo, o presidente Mário Bittencourt convocou uma entrevista coletiva de última hora para falar sobre Luiz Henrique. A diretoria tinha a preocupação de blindar o “campo e bola” e explicar a negociação. Mário revelou que já havia um pré-contrato assinado com o Betis e argumentou que a venda era inevitável pela situação financeira do clube, que não conseguiu vender Nino e Gabriel Teixeira no início do ano e estava com salários atrasados e parcelas de dívidas na Fifa perto do vencimento. O dirigente pediu um voto de confiança da torcida, mas nada do que foi dito amenizou a indignação dos tricolores
Papo e testes
14/3/2022
Na segunda-feira, Abel continuou preparando o grupo principal e passando sua estratégia para jogar no Defensores del Chaco. Ele reuniu os jogadores em campo para conversar antes do treino e fez trabalhos táticos voltados para as bolas aéreas do Olimpia, que eram a maior preocupação tricolor. O técnico também começaria a testar uma variação que surpreenderia a todos, mas que a torcida pedia: as entradas de Martinelli no lugar de Yago no meio de campo e de Arias na vaga de Willian Bigode no ataque
Embarque e esperança
15/3/2022
Na terça-feira, o Fluminense embarcou para Assunção, no Paraguai, com a presença de Luiz Henrique. O atacante tinha treinado e se mostrava recuperado da pancada que recebeu no tornozelo direito no primeiro jogo contra o Olimpia. Desta vez, diferentemente da estreia contra o Millonarios, não houve “Aero Flu” da torcida no aeroporto. Enquanto isso, no Paraguai, o Olimpia “preparava o terreno”: a diretoria, que já vinha pressionando a arbitragem, convocava a torcida para lotar o estádio, e os paraguaios esgotaram os ingressos
O fim do sonho
16/3/2022
O que poderia amenizar o clima era a confirmação da classificação para a fase de grupos da Libertadores. Mas a vaga não veio e fez cair o sonho do título inédito mais uma vez. Com Luiz Henrique irreconhecível (não se sabe se pelas dores no tornozelo ou pela repercussão de sua venda), o Fluminense entrou com uma postura totalmente defensiva, abdicou de jogar e foi duramente castigado. Entre os tantos erros, três jogadores ficaram marcados: Cris Silva, que falhou no primeiro gol; Nino, expulso por uma besteira que ele mesmo cometeu; e Gabriel Teixeira, que perdeu um gol cara a cara com o goleiro
Revolta e violência
17/3/2022
No retorno do time ao Rio de Janeiro, na manhã de quinta-feira, aconteceu o cenário mais caótico. Um grupo de torcedores de organizadas marcou presença no Aeroporto do Galeão para cobrar os jogadores e a diretoria e foram às vias de fato com seguranças no local. Felipe Melo e Abel Braga chegaram a conversar com os tricolores, mas com outros não teve diálogo, e sim agressão. Nas imagens, um deles parece acertar um soco nas costas de Gabriel Teixeira, e o presidente Mario Bittencourt entrou em seu carro sendo agarrado por alguém que furou o bloqueio da segurança. Nas Laranjeiras, o policiamento foi reforçado
Recomeço sob pressão
18/3/2022
Os jogadores se reapresentaram no CT Carlos Castilho na manhã de sexta-feira, sem qualquer notícia de manifestação de torcida na porta. Mas o elenco sabe que o ambiente está pesado e só o título carioca pode mudar a maré novamente. E a comissão técnica começou a preparar a estratégia para o primeiro jogo da semifinal contra o Botafogo na próxima segunda-feira, no Estádio Nilton Santos