O começo de ano do Fluminense está bem longe de deixar a torcida animada. Muito pelo contrário. A equipe até venceu, sem brilho, as três primeiras partidas da Taça Guanabara (contra Resende, Nova Iguaçu e Madureira). Em seguida, empatou com o Boavista e perdeu duas na sequência (Botafogo e Volta Redonda). Reportagem do site ge listou cinco motivos para tal início ruim e os analisou. Confira:
Parte física
É talvez o principal fator. É nítido que o time está se arrastando em campo e não tem a mesma intensidade do ano passado, o que faz muita falta para funcionar o “Dinizismo”. Os jogadores não conseguem pressionar a saída de bola adversária como antes e nem se movimentar com a frequência necessária para criar espaços e dar opções de passes contra defesas em bloco baixo. Em entrevista no início do ano, o técnico ressaltava a importância da dedicação dos jogadores.
A equipe teve mais posse de bola em todos os seis jogos até aqui (61% contra o Resende, 62% contra o Nova Iguaçu; 69% contra o Madureira; 67% contra o Boavista; 68% contra o Botafogo e 70% contra o Volta Redonda), mas na maioria do tempo não soube o que fazer com a bola e acabava tocando para trás.
Nesse cenário, é inevitável a crítica em cima dos 50 dias de férias do elenco, que foi o último do Rio de Janeiro a se reapresentar. O clube chegou a passar uma cartilha de exercícios individuais nas últimas semanas de folga, e a comissão técnica até elogiou publicamente o condicionamento dos jogadores no retorno aos treinos e fez uma pré-temporada puxada. Porém, ainda não parece ter surtido efeito. Internamente, muitos já reconheceram que o time está mal fisicamente.
Cano pouco municiado
Artilheiro do Brasil em 2022 com 44 gols, Cano muitas vezes decidiu jogos complicados a favor do Fluminense com suas finalizações precisas. Mas neste início de temporada temos visto pouco o argentino ter chances claras. E o baixo número de finalizações do centroavante é um exemplo disso.
Nos quatro jogos em que esteve em campo, Cano teve oito finalizações em 366 minutos (média de aproximadamente uma a cada 46 minutos). No ano passado, o argentino teve 208 finalizações em 5.846 minutos (média de aproximadamente uma a cada 28 minutos).
Cano teve uma finalização contra o Resende, três diante do Madureira (uma bloqueada), uma no clássico com o Botafogo e três contra o Volta Redonda. Porém, foram raras as chances de gol.
Refém do chuveirinho
Dos cinco gols do time até aqui, quatro nasceram de cruzamentos para a área: o gol contra de Joanderson, do Resende; o chutaço de Lima diante do Nova Iguaçu pegando a sobra; o de Arias após escanteio contra o Madureira e o gol contra de Kevem, do Boavista. A exceção foi o de Alan, que foi de bola parada na estreia: em cobrança de pênalti.
Com o time mal fisicamente, tem sido comum ver os jogadores levantando bolas na área, mas o problema é que não há nenhum atacante de grande estatura ou exímio cabeceador no elenco. Cano tem só 1,76m de altura; Willian Bigode, 1,71m; Keno, 1,78; e Alan, o mais alto, 1,82m. Os zagueiros Nino e Manoel são os melhores no fundamento, mas só conseguem subir nas bolas paradas.
Armadilha x linha alta
Soma-se a isso o fato de os adversários terem encontrado uma “armadilha” contra o “Dinizismo”: a bola longa nas costas da linha alta defensiva. Com os jogadores mal fisicamente, isso virou o grande “calcanhar de Aquiles” do Fluminense neste início de 2023.
Dos três gols sofridos até aqui, dois foram assim: o de Victor Sá, do Botafogo, que soube marcar a linha de impedimento de Samuel Xavier; e o de Lelê, do Volta Redonda, que ganhou na velocidade de Manoel e Calegari.
E ainda houve mais chances claras para os adversários em jogadas assim: Luiz Paulo, do Madureira, entrou livre na área, mas demorou a chutar e permitiu o bote de Nino; Carlos Alberto, do Botafogo, que saiu cara a cara com Fábio e parou no goleiro; e uma com Lelê, do Volta Redonda, mas o camisa 1 tricolor fez duas defesas seguidas à queima-roupa.
Clima pesado
O episódio envolvendo o pênalti cobrado e perdido por Calegari contra o Botafogo não acabou no clássico. O auxiliar Eduardo Barros deixou claro que a decisão do cobrador foi tomada em campo, o que deixou Diniz muito irritado. O treinador subiu muito o tom no vestiário e deu uma bronca generalizada, a ponto de dizer que se os jogadores não querem comando não precisavam mais dele.
O tema foi abafado ao longo da semana, com conversas internas e sem entrevistas para a imprensa. Nos bastidores, o assunto era considerado “página virada” e encarar o jogo seguinte como chance de dar uma resposta. Mas o clima no CT Carlos Castilho foi considerado pesado pelos jogadores, e o esperado resultado contra o Volta Redonda não veio.
Quem esteve no Raulino de Oliveira viu algumas discussões entre jogadores durante o jogo, como por exemplo um bate-boca entre Ganso e Fábio. Havia uma preocupação da torcida para que o vestiário não tenha rachado, mas André demonstrou que o grupo segue unido em postagem nas redes sociais e prometeu que todos vão “trabalhar dobrado” para espantar a má fase.
Quarto colocado na Taça Guanabara, o Fluminense volta a campo no domingo, diante do Audax, no Maracanã.