Com a saída de Odair Hellmann, que acertou com o Al Wasl, dos Emirados Árabes, a solução encontrada pela diretoria do Fluminense foi a efetivação de Marcão, até então comandante do time de aspirantes, até o fim do Brasileiro. Mais do que uma saída barata, diz o site ge que a opção se dá em virtude da confiança obtida em sua capacidade após passagem no ano passado.
À época, entrou no lugar do demitido Oswaldo de Oliveira com o time a uma posição do Z4. Era 16º, com 19 pontos, empatado com Cruzeiro e CSA (que terminaram rebaixados mais tarde). Em 17 jogos, somou 27, livrou o time do risco de rebaixamento e ainda classificou à Sul-Americana com o 14º lugar no final.
O mesmo portal listou quais os principais desafios de Marcão nesta nova passagem. Confira!
Missão Libertadores
Desta vez, o cenário é diferente. Marcão pega a equipe na 5ª colocação com 39 pontos (aproveitamento de 54%) na zona de classificação para a Pré-Libertadores. A missão é garantir uma vaga na competição continental. Restam 14 jogos. Caso o time alcance o mesmo aproveitamento sobe seu comando em 2019 (53%), marcará 22 pontos, dando um total de 61.
Esta pontuação representaria um lugar no G-7 em todas as edições do Brasileiro de pontos corridos com 20 clubes (2006 para cá). A pior colocação seria um 7º lugar em 2019 e a melhor, um 3º em 2007. Lembrando que este ano, os seis primeiros se classificam para a Libertadores, mas o G-6 pode virar até G-8, caso um destes classificados vença a Copa do Brasil e a própria competição continental.
Gestão de vestiário
Outra missão confiada a Marcão é manter o bom clima no elenco, administrando medalhões e jovens promessas. Diferentemente do que encontrou em 2019, o treinador agora pega um ambiente mais leve, graças à boa gestão de vestiário de Odair. Carismático e tranquilo, o ex-volante é conhecido por ser bom de grupo, o que inclusive foi um de seus méritos no ano passado.
O fato de já conhecer e ter boa relação com o elenco, por ter trabalhado com parte dos jogadores em 2019 e ter sido auxiliar, é um facilitador. Mas ele vai encontrar algumas situações diferentes do ano passado. Por exemplo: dois dos medalhões, Ganso era titular e Nenê reserva, situação que se inverteu em 2020. Muriel também assumiu a posição no gol, mas vem sendo alvo de críticas nesta temporada, enquanto Marcos Felipe cresceu. Odair sabia lidar bem nos bastidores para evitar vaidades.
Consistência defensiva
É inegável que, além de ter encontrar soluções para reformular constantemente o time devido aos desfalques e perda de jogadores, o grande mérito de Odair foi formar uma equipe bastante organizada defensivamente. O Fluminense tem a sexta melhor defesa do Brasileirão, com 26 gols sofridos em 24 jogos, e tem na zaga o setor mais consistente, seja com Luccas Claro, Nino, Digão ou Ferraz. Marcão terá o desafio de manter essa essa solidez.
Ao mesmo tempo, tem o desafio de aumentar o volume ofensivo, ponto muito criticado durante a “Era Odair”. Apesar de também estar em sexto no quesito ataque, o time não criava tantas oportunidades – compensava com um bom aproveitamento das chances criadas. Nos cinco jogos até aqui pelo returno do campeonato, somente contra o Athletico-PR a equipe conseguiu criar várias chances de gol. Houve partidas em que mesmo ganhando (como contra o Inter) o ataque foi contestado.
Nos 17 jogos que Marcão comandou na reta final do Brasileirão 2019, o Flu fez 16 gols e levou 13, média pior de gols marcados e melhor de gols sofridos em comparação aos números atuais.
Utilização da base
Outra missão de Marcão é aproveitar bem os jovens jogadores. Por ter uma das melhores bases do Brasil e por passar por dificuldades financeiras, o Fluminense recorreu bastante aos Moleques de Xerém este ano, ainda mais em razão dos diversos desfalques por Covid-19 e lesões. É o segundo time do Brasileiro que mais usou jogadores formados em casa.
Odair chegou credenciado pelo trabalho que fez na base do Inter, no Fluminense acompanhava jogos de diversas categorias na base e usou muitos jovens no profissional. Mas em alguns casos preferiu dar espaço aos veteranos do elenco. Marcão trabalhou de perto com muitos garotos no sub-23. Será interessante ver se seguirá a mesma linha do antecessor ou montará um time ainda mais jovem.
Relação com torcida
A chegada de Marcão pode também apaziguar os ânimos e melhorar o clima com relação à torcida, que estava dividida com seu antecessor. Com longa história do clube como jogador e sempre à disposição para ajudar como treinador, o ex-volante, considerado por muitos como ídolo, tem grande identificação com os tricolores. Sua escolha teve boa recepção no “termômetro” das redes sociais.
Apesar da boa campanha no Brasileiro, Odair nunca foi unanimidade entre os torcedores. Elogiado por muitos pelos resultados, encontrava resistência de parte da torcida pelas eliminações precoces na Copa Sul-Americana e na Copa do Brasil e pela ruptura com o futebol implementado por Fernando Diniz. Seu desabafo contra as críticas no que foi sua última entrevista coletiva pelo Fluminense deu um panorama da tensa relação que teve em sua passagem.