(Foto: FFC)

O Fluminense caiu diante do Olimpia (PAR) na terceira fase da Copa Libertadores. A queda precoce tem consequências dentro e fora de campo para o clube. O site ge fez um levantamento analítico dos problemas com a eliminação. Confira os pontos abordados:

Reorganização do planejamento
A Libertadores tinha um papel central na organização da temporada do Fluminense. A competição continental era tratada como prioridade do clube, que foi ao mercado para investir pesado em reforços para disputar o torneio com uma equipe capaz de ir longe no campeonato.

 
 
 

Nomes consagrados – e nada baratos –, como Felipe Melo, Willian Bigode e Fábio, chegaram à equipe justamente por conta de sua experiência no campeonato. Germán Cano, que também chegou ao clube em 2022, é outro que conta com um salário alto. No caso de Cris Silva, o investimento veio na contratação do jogador, que custou 1,4 milhão de euros (cerca de R$ 8 milhões na cotação atual).

Com o principal objetivo da temporada caindo por terra ainda no primeiro trimestre do ano, o clube vai precisar reorganizar seu planejamento muito antes do esperado. Competições como Copa do Brasil e Sul-Americana podem herdar o posto de prioridade do Tricolor a partir de agora, tanto pela questão esportiva quanto pela financeira.

Impacto financeiro
Após a eliminação, o elenco caro permanece. E com salários atrasados. O Flu ainda não pagou os salários de fevereiro e a segunda parcela do 13º, e o valor recebido para disputar a fase de grupos da Copa Sul-Americana (cerca de R$ 4,5 milhões) não paga sequer uma folha salarial do futebol tricolor, que em 2022 está em torno de R$ 6 milhões.

Além disso, o clube apresentou à Justiça um plano de pagamento para dívidas cíveis e trabalhistas, de acordo com as regras do Regime Centralizado de Execuções, e a proposta colocava em sua projeção de receitas a chegada na fase de grupos da Libertadores de 2022. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) aceitou o pedido e aprovou o plano de pagamento das dívidas cíveis apresentado pelo clube. Desta maneira, uma das maneiras de reequilibrar as contas seria o clube ir além do projetado em outras competições. Um título da Copa do Brasil, por exemplo, poderia levar R$ 80 milhões para os cofres.

O baque no planejamento financeiro pode acarretar em mais vendas de jogadores, especialmente se bons resultados em campo não acontecerem. O clube já precisou negociar Luiz Henrique, sua principal joia no elenco profissional, para o Betis, da Espanha, por um valor que pode chegar até 13 milhões de euros (R$ 70 milhões).

Há também o lado financeiro atrelado à torcida. Com a desconfiança após a eliminação, as receitas de público no Maracanã podem ser afetadas caso os tricolores não compareçam em bom número nas partidas em casa. Outra fonte de renda que pode sofrer impacto é o programa de sócio-torcedor. Na última semana, o Flu contava com mais de 35 mil sócios. Após a venda de Luiz Henrique e a eliminação na Libertadores, o número caiu para 33.661 até o momento da publicação desta matéria.

Clima com a torcida vai do céu ao inferno
Apesar do mau resultado na estreia da temporada, contra o Bangu, e das vaias a Abel no terceiro jogo de 2022, o Fluminense viveu um período de lua de mel com sua torcida. A série de vitórias consecutivas vinha empolgando o torcedor, que compareceu aos jogos e fez até uma festa no aeroporto antes do embarque do time para Bogotá, na Colômbia, quando encarou o Millonarios, na segunda fase da Libertadores.

Antes de viajar para Assunção, para o duelo com o Olimpia, no entanto, a equipe já não recebeu a mesma festa do torcedor, que já tinha se mostrado insatisfeito com a venda de Luiz Henrique e viu o clima com o Tricolor esfriar. A eliminação acabou sendo a gota d’água, e a relação sofreu um forte abalo.

Cerca de 15 torcedores foram ao desembarque na última quinta para cobrar jogadores, o técnico Abel Braga e a direção do clube – o presidente Mário Bittencourt, inclusive, foi o principal alvo dos protestos. Uma briga generalizada aconteceu entre os torcedores e os seguranças do clube e do aeroporto no momento em que a delegação se encaminhava para o ônibus. Felipe Melo e Abel pararam para conversar com os torcedores e para tentar acalmar a situação.

Pressão pela conquista do Carioca
Às vésperas da semifinal, o Campeonato Carioca aparece como uma opção mais próxima para aliviar a dor do torcedor após a eliminação. E, por isso, aumenta a pressão para a equipe de Abel Braga vencer os clássicos que tem pela frente – contra o Botafogo na semi e contra Flamengo ou Vasco em uma possível final.


A última vez que o Fluminense venceu o Estadual foi há 10 anos, em 2012. De lá pra cá, o Tricolor foi finalista em três oportunidades e perdeu o título para o Flamengo em todas elas (2017, 2020 e 2021). Mais que superar o Botafogo na semifinal, o torcedor pensa em bater o Rubro-Negro, favorito a chegar na final e com uma vitória por 1 a 0 no jogo de ida com o Vasco na semi, para impedir um terceiro vice-campeonato seguido para o rival.

Baque no elenco
Os protestos, a violência no aeroporto e a própria eliminação podem trazer um impacto para o elenco, que foi montado com um projeto de Libertadores em mente para o ano. A saída precoce da competição gera um abatimento natural, e a confiança dos atletas também corre o risco de ser atingida por conta do aumento da pressão sobre seus trabalhos, especialmente com aqueles mais criticados pela torcida.

Além dos jogadores, Abel volta a ser alvo de maiores cobranças por parte da torcida. A queda na Libertadores aumenta a desconfiança dos torcedores sobre o trabalho do treinador e o grau de exigência para as próximas partidas do Fluminense.