As estatísticas nem sempre transmitem o que o placar final de uma partida mostra. 33, 26 e 26. Os números ao lado não foram jogados “ao vento”. Eles representam a quantidade de finalizações que o Fluminense deu em três jogos (todos no Maracanã) considerados “chaves” na luta da equipe contra o rebaixamento: contra CSA, Avaí e Chapecoense, respectivamente 18º, 19º e 20º colocados do Campeonato Brasileiro de 2019. E, invertendo uma lógica primária do futebol que diz que “quanto mais se ataca, maior é a chance de um time ganhar”, o Tricolor, em nove pontos disputados nos encontros, somou somente um, justamente o desse sábado, no empate por 1 a 1 contra a Chape.
O portal lancenet aponta que a falta de pontaria do Fluminense é uma adversidade que tornou-se crônica ao longo da temporada e afetou cada treinador que passou pelo clube em 2019. Até por isso, os jogos supracitados envolveram cada um dos três profissionais: na derrota para o CSA por 1 a 0 era Fernando Diniz que estava à beira do gramado, enquanto Oswaldo de Oliveira comandou o time no revés para o Avaí por 1 a 0 e Marcão contra o Verdão do Oeste.
As estatísticas do Fluminense na atual edição do Brasileirão evidenciam o defeito na hora de concluir jogadas. Ainda segundo levantamento feito pelo Lancenet, baseado em dados da plataforma “FootStats”, o Tricolor é o terceiro time que mais finaliza a gol no campeonato, com 385 chutes. Destes, 237 foram para fora da meta, o que o transforma no time menos efetivo entre os 20 da primeira divisão.
A porcentagem de erro é alta e preocupante: 61%. O maior expoente desse dado é Yoni González. O colombiano já deu 72 finalizações. No entanto, a maioria foi pra fora: 42 – contra 30 acertos. Diante da Chapecoense, com um minuto de jogo, carimbou a trave, numa sequência de lances que terminou com Nenê perdendo um tento com o gol aberto. Um prenúncio do que viria pela frente. De qualquer forma, Yoni é o artilheiro do Flu no Brasileiro, com cinco gols (empatado com Pedro, vendido para a Fiorentina em agosto).
Outro número chama atenção na equação tricolor. Dos 29 gols que marcou, 28 foram dentro da área. O único de fora da área veio num chute de Ganso que Cássio falhou, na vitória contra o Corinthians por 1 a 0, em Brasília. Ou seja, é um time que tem sérias dificuldades para acertar o alvo se não for em jogada trabalhada. Principalmente durante o período de Diniz, os excessivos toques foram tidos por vezes como ponto negativo e utilizados como desdém.
Diniz, Oswaldo e agora Marcão tentaram consertar o problema mexendo mais de uma vez na formação. Só Yoni González, por exemplo, já jogou nas três posições do ataque. João Pedro subiu da base para o profissional como centroavante, mas também foi deslocado para a ponta esquerda, onde atua costumeiramente. Contra a Chapecoense, Marcos Paulo começou jogando no lugar de Ganso. No segundo tempo, Lucão entrou em campo para, de acordo com Marcão, “dar opção de pivô” contra a fechada defesa catarinense. Alternativas estão sendo testadas, mas ainda sem soluções práticas.
O Fluminense é o 16º colocado do Campeonato Brasileiro e escapou de voltar à zona de rebaixamento devido ao empate do Cruzeiro contra o Fortaleza por 1 a 1. A sequência a partir de quarta-feira prevê obstáculos e uma exigência maior ainda: Ceará, no Castelão, às 21h30; no sábado tem o Vasco, no Maracanã, às 19h; na quinta (7/11), o São Paulo, no Morumbi, às 19h30; no domingo (10/11), o Internacional, no Beira Rio, às 16h. Com 35% de aproveitamento, o Fluminense está na órbita do descenso e vai precisar muito mais do seu ataque para voltar a respirar aliviado.