(Foto: Divulgação/FFC)

Com o encerramento das principais janelas de transferências da Europa – as da Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Holanda, Espanha e Suíça já haviam fechado na semana passada, e nesta foi a vez de Rússia, Turquia, Bélgica e Bulgária (apenas as da Grécia e Portugal seguem abertas por mais sete e 14 dias, respectivamente) –, o Fluminense sobreviveu às investidas europeias sem ter feito a segunda venda que calculava para 2022 além de Luiz Henrique (Nino e Matheus Martins, por exemplo, tiveram propostas recusadas). O que representa um alívio para a torcida por um lado, por outro acaba aumentando o sinal de alerta nas finanças do clube.

A projeção orçamentária da temporada previa, pelo menos, aproximadamente R$ 100 milhões em vendas de jogadores. Mas o Fluminense obteve menos da metade desse valor com os € 8 milhões de euros (R$ 44 milhões na cotação da época) da venda de Luiz Henrique para o Betis, da Espanha – os € 5 milhões de euros (R$ 26 milhões) de bônus da negociação só poderão ser atingidos pelo atacante na Europa – e com os cerca de R$ 1 milhão da taxa de vitrine da saída de Nonato para o Ludogorets, da Bulgária. Depois de não conseguir bater a meta, o clube terá condições de compensar com outros tipos de renda?

 
 
 

Premiações

De acordo com o orçamento para 2022 apresentado pelo Fluminense, a expectativa de arrecadação com premiações era de R$ 67,2 milhões, prevendo fase de grupos da Libertadores, oitavas de final da Copa Sul-Americana, quartas de final da Copa do Brasil e sexto lugar no Brasileirão. Até o momento, o Tricolor somou R$ 26,9 milhões em premiação.

São R$ 5,5 milhões da Pré-Libertadores, R$ 4,6 milhões da fase de grupos da Sul-Americana e R$ 16,8 milhões até a semifinal da Copa do Brasil (apesar de ter sido campeão carioca, não houve premiação no Estadual). Restando R$ 40,3 milhões (valor maior do que os R$ 33 milhões do prêmio de campeão brasileiro), o Fluminense só conseguirá alcançar a meta orçada se chegar à final da Copa do Brasil, o que garante ao menos mais R$ 25 milhões em caso de um vice-campeonato.

Neste cenário, o Fluminense já somaria R$ 51,9 milhões, restando R$ 15,3 milhões. Com isso, atingiria a meta do quesito podendo terminar o Brasileirão até o 11º lugar, que equivale ao prêmio de R$ 15,5 milhões. Por outro lado, se terminasse no G-4, garantiria ao menos mais R$ 28 milhões, ou seja, teria um lucro de R$ 12,7 milhões além da previsão orçamentária.

Em um possível cenário de título da Copa do Brasil, com prêmio de R$ 60 milhões, e terminando ao menos no G-4, o clube conseguiria um lucro de R$ 47,7 milhões além da projeção para performance.

Sócio-torcedor

A arrecadação com o programa de sócio-torcedor já caminha para fechar 2022 acima do esperado. O clube previa a entrada de R$ 18 milhões pelo sócio-futebol no ano, uma média de R$ 1,5 milhão por mês. Até julho, foram R$ 16,9 milhões arrecadados. Ou seja, restando cinco meses (os resultados de agosto ainda não foram publicados no portal da transparência do clube), já praticamente bateu a meta.

E a expectativa de lucro além do orçado é grande desde o lançamento do novo programa. O Fluminense atualmente conta com mais de 62 mil sócios e teve um salto médio de R$ 1,7 milhão de arrecadação mensal para a casa dos R$ 4 milhões. Nos últimos dois meses contabilizados, os rendimentos no quesito foram de R$ 4.768.184,07 em junho e R$ 4.118.635,76 em julho.

(Foto: Marina Garcia – FFC)

Se mantiver essa média (o que tem tudo para acontecer, já que os novos planos passaram a ser vendidos anualmente ou semestralmente, e não mais de forma mensal), terminará o ano com pelo menos R$ 37 milhões, isto é, R$ 19 milhões acima do orçado no quesito (mais que o dobro da previsão).

Bilheteria

Até agora na temporada, o Fluminense somou pouco mais de R$ 26 milhões com bilheteria em valores brutos. No orçamento, o clube incluiu R$ 35 milhões no quesito, ou seja, ainda faltam R$ 9 milhões. A equipe tem, pelo menos, mais seis jogos em casa (todos pelo Campeonato Brasileiro) e precisaria de uma média de R$ 1,5 milhão de renda por partida.

Caso chegue à final da Copa do Brasil, o Fluminense terá sete jogos pela frente. Para bater a meta, a média da renda cairia para cerca de R$ 1,3 milhão, quantia que a torcida tricolor atingiu em cinco das últimas seis partidas no Maracanã (a exceção foi a renda de R$ 638.185,00 na goleada por 5 a 2 sobre o Coritiba).

Nesta temporada, as maiores rendas do Fluminense como mandante no Maracanã foram: R$ 2.938.488,00 contra o Flamengo, na final do Carioca; R$ 2.462.755,00 diante do Corinthians, na semifinal da Copa do Brasil; R$ 2.272.440,00 com o Fortaleza, nas quartas de final da Copa do Brasil; R$ 2.201.275,00 contra o Ceará na despedida do Fred; e R$ 2.137.932,50 diante do Flamengo no Brasileirão.

Patrocínio

Há ainda a área de patrocínios e royalties, cuja previsão orçamentária foi de R$ 28,7 milhões no futebol profissional. Os valores atuais não foram divulgados para calcular quanto falta, mas após fechar o orçamento em abril o Fluminense assinou com dois novos patrocinadores para o uniforme, “Frescatto” (omoplata) e “Avanutri” (calção), e renovou com a “Betano” (master).

O contrato anterior com a “Betano”, por exemplo, era de aproximadamente R$ 15 milhões por dois anos, ou seja, R$ 7,5 milhões por temporada. Com a renovação e a ampliação do patrocínio (a empresa do ramo de apostas assumiu também o programa Boteco Tricolor na “FluTV” e publicidades de campo), o valor subiu para cerca de R$ 24 milhões por 24 meses, isto é, R$ 12 milhões por ano. O patrocínio da “Frescatto”, que também não estava orçado, foi de mais R$ 1 milhão por seis meses.

(Foto: Divulgação/FFC)

O Fluminense hoje possui 10 marcas no uniforme: “Tim” (número), “Zinzane” (mangas), “Gazin” (costas), “Hotel Nacional” (barra inferior costas), “SAMOC” (meião), “Betano” (master), “Premier Vip Car” (peito), “Universidade de Vassouras” (barra frontal), “Frescatto” (omoplata) e “Avanutri” (calção).

Há ainda os royalties de vendas de camisas que também não tem cifras divulgadas. Mas dados do clube apontam para um crescimento expressivo que provavelmente supera o previsto no orçamento. No primeiro semestre de 2022, o Fluminense vendeu 87% a mais de peças fabricadas pela “Umbro”, sua fornecedora de material esportivo, em comparação com o mesmo período de 2021.