Peter Siemsen afirma ter tentado levar assunto à comissão dos clubes, mas demais dirigentes não se interessaram (Foto: Nelson Perez - FFC)
Peter Siemsen afirma ter tentado levar assunto à comissão dos clubes, mas demais dirigentes não se interessaram (Foto: Nelson Perez – FFC)

Peter Siemsen quer mudanças no futebol brasileiro. Mas, para isso, entende que a lei também tem de mudar. O presidente do Fluminense acha muito difícil os clubes se unirem em prol de um bem comum enquanto não houver uma unidade forte e, para isso, precisariam virar empresas, sociedades anônimas. Este é o entendimento do mandatário tricolor. Desta maneira, as entidades teriam maior poder de se unir e, por exemplo, nomear um candidato à presidência da CBF.

– Os clubes por razões distintas vêm se reunindo. Alguns pela Primeira Liga, outros pelos direitos de TV. O Fluminense vem participando de algumas. Mas, volto a dizer, é difícil. Alguns clubes não estão no mesmo momento. Fluminense e Flamengo, por exemplo, estavam num conflito com a Ferj. Já está diminuindo e espero que isso mude no futuro. Acabaram se lembrando um do outro, mas não é fácil isso. É importante que os clubes se coloquem juntos, mas ainda está muito no princípio. Sobre a CBF, como no Brasil, as leis são escritas de forma que dão muitas interpretações. Temos de ver se essa regra agora deixa os clubes participarem da eleição ou das assembleias-gerais. É só a Série A ou também os clubes da Série B? Eu entendo que a lei foi criada e dá aos clubes o direito de participar da assembleia-geral. Se há dúvidas, tem de ser sanado de maneira amigável. Se não, terá de ser judicial. E isso leva ao conflito, o que não constrói, destrói. Há um grau de dificuldade grande para se atingir o objetivo. O melhor caminho hoje seria trabalhar a mudança da lei. Para os clubes poderem se tornar entidades empresas. O futebol ter um gerenciamento profissional e o presidente pode ser do conselho de administração e não um executivo. Essas questões poderiam ser sanadas e ter uma resolução melhor. Se você tem uma SA de capital fechado, pode trazer capital estrangeiro e nacional. Isso dá segurança, primeiro, ao torcedor e também ao investidor. Como foi em Portugal, por exemplo. Dos grandes clubes do futebol mundial, a maioria é empresa. Onde não são empresas os clubes importantes para o futebol mundial? Só Brasil e Argentina. Na Espanha tem exceções, o Real Madrid e o Barcelona. Mas são exceções. Vi uma entrevista do presidente Macri, da Argentina, que foi dirigente do Boca Juniors, e ele disse que tem de ver uma forma de abrir para os clubes virarem sociedades. Ou seja. Dos pilares do futebol, seremos os últimos. E não adianta depois reclamar em Copa do Mundo, de situação de futebol brasileiro. Coloquei muitas vezes esse tema, fui eleito na comissão dos clubes, e as pessoas não levaram à frente. Parecem estar interessadas em outros assuntos. Foi tentada na lei do Profut uma mudança muito tímida, que fala em restrição tributária. Com clubes de grande marca, de assembleia-geral grande, a mudança precisa trazer segurança jurídica. Primeiro para o torcedor e depois para o investidor. Precisamos trabalhar de forma agressiva e avançar na legislação como Portugal, por exemplo, foi um dos últimos a fazer na Europa. Basta viabilizar. No Brasil, esse processo tributário é demorado. Tem de ser parecido com o de Portugal. Trabalhei aqui, conversei com dois advogados, um é o Rodrigo Monteiro de Castro. É bom o texto de projeto de lei que ele preparou e acho que seria urgente ser aprovado. Poderia mudar alguma coisa, mas, no todo, o texto é um avanço extraordinário. Queremos que essa ideia contamine os outros – disse.


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