Em texto publicado na sua coluna no jornal Extra, o jornalista Gilmar Ferreira faz uma análise sobre as SAFs do futebol brasileiro. Ele também menciona o Fluminense, que mesmo com a conquista da CONMEBOL Libertadores no ano passado, não viu um avanço significativo nas receitas do clube, sendo preciso trilhar este caminho para melhorar a situação financeira do clube. Confira abaixo:
“Tão importante quanto a classificação do time para a final da Libertadores foi saber da gestora do futebol do Botafogo desde 2021 que administração fez cair para R$ 400 milhões a dívida que beirava a casa do bilhão de reais. A Eagle Football, de John Textor, prevê para o clube um faturamento de US$ 100 milhões (cerca de R$ 570 milhões) este ano, sem levar em conta os US$ 7 milhões (quase R$ 40 milhões) pagos ao vice da Libertadores. Se conquistar o título, o valor sobe para US$ 23 milhões (R$ 131 milhões), e a arrecadação supera os R$ 700 milhões. Fora, no caso de título, a valorização do todo com a ida a dois Mundiais e suas respectivas premiações.
Lembro, então, para assombro de fiscais de planilhas e trombeteiros do apocalipse, que a reta final da temporada foi tomada de “assalto” pelos devedores do futebol brasileiro. Com exceção do Palmeiras, postulante ao tri do Brasileiro, e do Flamengo, que duela com o Atlético-MG, os finalistas das competições são clubes endividados, que ainda buscam um equilíbrio nas contas. E Botafogo, Cruzeiro e Atlético-MG são finalistas com administração do departamento de futebol feita por SAFs de distintos modelos. Sem citar Fortaleza, Bahia e Vasco, que disputam a parte de cima no Brasileiro com distintos níveis de endividamento.
Ou seja: o fato de Flamengo e Palmeiras terem se levantado, economicamente, num modelo associativo, não inviabiliza a possibilidade de outros clubes se reerguerem com base na ousada transformação de departamentos de futebol em sociedade anônima. Ou o Vasco e Cruzeiro teriam voltado à Série A e cumprido boa temporada sem o dinheiro que seus parceiros investiram nos últimos dois anos? Ainda que o acordo entre 777 Partners e Vasco esteja sendo discutido na Justiça, e ainda que Ronaldo tenha repassado suas ações na SAF do Cruzeiro, os dois não teriam vida longa num cenário economicamente competitivo.
E o melhor exemplo dessa necessidade de adaptação ao novo modelo de gestão é o próprio Fluminense. O endividamento alto e a baixa capacidade de investimento tirou do campeão da Libertadores de 2023 a ilusão de lutar pelo bicampeonato. E assim será enquanto não tiver uma SAF que lhe reacenda a chama…“, escreveu Gilmar Ferreira.