Se o momento do Fluminense é ruim, Abel Braga aposta que a má fase é passageira. O técnico destaca o caráter de seu grupo e a consciência de todos sobre o peso das derrotas sofridas.
– Isso vai passar porque eu tenho um grupo de homens. Eles sabem o peso da derrota – disse.
Depois de condenar a atitude de Fred logo após ao jogo contra o Vasco, Abel Braga afirmou que o atacante não teve a intenção de acertar Jomar no lance que ocasionou sua expulsão no clássico de domingo no Maracanã. De acordo com o técnico, o atacante admitiu ter atingido o zagueiro adversário, mas por acidente.
– Eu não vi, estava conversando com meu preparador físico. Mas na hora no vestiário perguntei ao Fred. Ele disse: “meu cotovelo pegou. Não quis dar, mas pegou”. Do mesmo jeito que o dele havia pegado na cara do Fred e não deu nada – disse.
Questionado se a primeira entrada de Jomar em Fred justificaria o revide do atacante, Abelão não titubeou:
A fase é ruim, mas o planejamento no Fluminense não mudará. Reforços não serão contratados. Pelo menos é o que garante Rodrigo Caetano. O diretor executivo lembrou das dificuldades financeiras do clube e afirma que a meta é honrar com os salários atrasados.
– Como nós vamos ao mercado buscar novos jogadores, se os que aqui estão, tem alguma coisa a receber do clube? Como gestor eu não vejo isso como uma estratégia. Tem de valorizar aqueles que aqui estão, aqueles que têm histórico vencedor. São atuais campeões brasileiros e é nesse foco que a presidência está trabalhando para solucionar esses problemas, que fogem do planejamento do clube, do fluxo do clube e que realmente inviabiliza a busca de reforços nesse momento – explicou.
Ao comentar a instabilidade da vida de treinador, Abel Braga falou também do lado sentimental que conseguiu criar por ter mais longevidade em alguns clubes. O técnico revelou um sentimento a mais por Fluminense, Internacional e Ponte Preta e rechaça pegar qualquer time de menor porte caso deixe o Tricolor.
– Quando o cara sai de um time e pega qualquer outro aí complica. Eu ralei. Mas depois que saí da Macaquinha, fui para o Flamengo e dali para a frente só nesse patamar. Aliás tenho três times no coração: a Macaquinha, o Inter e o Fluminense. Já sou o terceiro treinador que mais dirigiu o Fluminense. Em duas passagens. Se amanhã eu sair, tomara que não saia, não pegarei qualquer um – garante.
Com o Fluminense mal, Abel Braga já avisa que cobrará de seu grupo. Mas conta com dois líderes para ajudá-lo na dura missão de recolocar a equipe nos trilhos. O técnico destacou a força de Fred e Deco junto ao elenco.
– Amanhã vou chegar lá e sai debaixo. Vamos dividir. Tem dois jogadores lá que são fundamentais. Um é o Fred. Hoje ele é ídolo nacional. E o outro é o Deco. Ele é sensacional. Entendeu quando saiu na equipe. A aceitação dele, da razão dele estar jogando ou não, teve influência positiva para todo o grupo – comentou.
Em 2012 o Fluminense sobrou e ganhou o Campeonato Brasileiro com relativa facilidade. Já neste ano vem mal. E Abel Braga tentou explicar a diferença entre a equipe nas duas temporadas. O técnico lembra que no ano passado o time ganhava até quando levava sufoco.
– Ano passado o Fluminense foi excepcional. O Fluminense fazia 1 a 0 e recuava até hoje não sei porque. Levava 20 minutos de sufoco e ganhava. Esse ano não leva sufoco de ninguém e não ganha – comentou.
Com o mau momento vivido pelo Fluminense, Abel Braga pode balançar no cargo. Mas, se sair, sente que deixará saudades em muitos. O técnico comentou que não gosta de queimar seus jogadores quando erram e também sua importância para a garotada.
– Contra o Internacional, quem falhou foi Digão e Cavalieri. Eu poderia queimar os caras, ou dar chance. Cavalieri foi muito bem contra o Vasco. Digão não chegou a fazer uma grande partida, mas foi expulso. Não posso tirar a cada erro. Eu tive jogo que coloquei vários meninos no banco. Parecia que estava comandando o maternal. Se eu sair, vou deixar muitos órfãos. Muito menino ali – comenta.
Atlético-MG e Olimpia, algoz do Fluminense, decidem a Libertadores nesta quarta-feira. E Abel Braga não esconde a preferência pelo título do clube brasileiro. O técnico afirma que os paraguaios não merecem ficar com a taça.
– O Cuca precisa ganhar isso, ele merece ganhar isso. O Olimpia não merece chegar onde chegou. Até melhorou na semifinal. Mas não vão jogar bola contra o Atlético, vão abdicar. O Atlético ganhando, o futebol vai sair ganhando – opinou o Abelão.