(Foto: Lucas Merçon - FFC)

O técnico Oswaldo de Oliveira, que teve três passagens pelo Fluminense, falou um pouco da sua terceira no clube. A conturbada em 2019, quando saiu após uma áspera discussão com o meia Ganso num jogo em que o Tricolor empatou por 1 a 1 com o Santos no Maracanã. Em entrevista ao canal de youtube “Resenha de Primeira”, o treinador comentou os bastidores daquela briga e também dos problemas que teve com o elenco.

— Eu precisava ajeitar a defesa do Fluminense, porque o time estava levando muito gol. E o setor de criação também tinha de ajudar. Eu foquei muito nisso nos treinamentos. Eu quero que o cara jogue, mas ele tem de participar da parte defensiva. Passei a buscar recursos nos companheiros como o Nenê, o Allan. Pedi para estimularem, para ver se melhorava. Ele teve momentos melhores. Naquele jogo com o Santos, que na minha opinião era a melhor equipe taticamente do campeonato. Tinha saídas bem organizadas pelo Sampaoli. Eu estava preocupado. Procurei colocar isso nos treinamentos. Mostrei vídeos. Tentei colher motivação para ele com pessoas, não necessariamente desses que falei do elenco. Procurei um amigo que é preparador hoje da seleção brasileira e do Neymar, pra dar uma força, uma ligada, uma estimulada. Não sei se isso o aborreceu. Algumas pessoas o procuraram. Achei de bom senso tentar fazer isso – iniciou, prosseguindo:

 
 
 

— O tempo é inimigo. Eu queria que ele jogasse, ele tem o passe. Usei esse artifício. Na preleção mostrei que os caras, quando a gente pressionava, a bola saía na diagonal direta pro Soteldo e outro que não lembro o nome. Nesse momento, os jogadores de intermediária teriam de deslocar rapidamente para marcar no dois contra um. O um contra um é perigoso. Saímos perdendo de 1 a 0 no primeiro tempo justamente numa bola dessas que o goleiro saiu rápido no Soteldo. Carrega a bola até nossa área e faz o gol. Chamei atenção no intervalo, mostrei de novo no quadro e voltamos pro segundo tempo. Dessa vez, o Soteldo estava do meu lado. Na hora que aconteceu essa situação, eu chamei ele: “Paulo Henrique, volta e marca”. Não sei porque, nessa situação, ele se desequilibrou e me xingou de forma agressiva. Aí o final vocês sabem o que aconteceu. Eu o substituí e houve aquela troca de gentilezas. Foi isso que aconteceu naquela situação.

Oswaldo conta também que logo após a discussão com Ganso na partida contra o Santos, já à noite, ninguém da diretoria interviu. A situação ficou para o dia seguinte. Então, ele acabou deixando o clube.

— Deixaram pro dia seguinte. Isso que eu acho uma covardia grande e considero um desrespeito até hoje. Porque meu contrato era mais limitado que o do jogador. Então, todas as raízes morais, tudo o que o bom senso e consequentemente a organização do futebol foram negadas naquele momento. Para favorecer o jogador, todas essas outras coisas foram esquecidas. Foi chato – recordou.

Pouco antes daquele fatídico jogo contra o Santos, o Fluminense havia perdido por 3 a 0 frente ao Goiás, no Serra Dourada, numa atuação para lá de vexatória. O técnico contou também ter tido problemas com o grupo por questão de indisciplina em viagens.

— Tem alguns momentos, principalmente quando pegamos o bonde andando. Não quis perder a oportunidade de voltar ao Fluminense. Tinham coisas difíceis naquele grupo. Teve uma vez que numa outra viagem que fizemos, íamos ficar acho que dez dias, talvez menos. Eram dois ou três jogos seguidos. Num intervalo desses, liberei os jogadores até meia-noite. Podiam sair, mas meia-noite queria todos de volta porque treinaríamos cedo no dia seguinte. Seis jogadores não chegarm na hora que determinei. No dia seguinte eu não aliviei. Fui pra dentro deles na frente de todo mundo, chamei atenção duramente. Foi antes do jogo do Goiás. Sabia que ia provocar isso, mas não ia deixar passar em branco. Nunca deixei passar em branco e não seria dessa vez. Gerou algum constrangimento. Não acho que queriam me derrubar, mas alguns ficaram desanimados – relatou.