(Foto: Lucas Merçon/FFC)

O desastre da segunda-feira 13, no Maracanã, tem tantos culpados que fica até difícil enumera-los. Mas dá para dizer, sem medo de errar, que Jadson, Gilberto e Digão estão no fim desta fila.  Jadson, reserva no time da Ponte Preta que caiu para a Série B ano passado, chegou às Laranjeiras como titular absoluto de um meio-campo sofrível. Erra passes por atacado, mas Abel apostava (e Marcelo continua apostando) nele como opção para iniciar as jogadas. Gilberto errou feio no lance do segundo gol, mas vem fazendo uma temporada melhor do que eu esperava. Pode não ser o lateral dos sonhos da torcida, mas está longe de ser o maior dos problemas da equipe atual. Digão é um velho conhecido dos torcedores, mas não dos dirigentes. Ao menos daqueles que apostaram nele como solução para formar dupla de zaga com o inegociável Gum, há dez anos titular do Fluminense.

 
 
 

Apontar para os três, ou para um deles, ou para qualquer outro do elenco atual é querer tapar o sol com a peneira. A assustadora decadência técnica da equipe começou bem antes. Lembro-me de ter escrito um texto há alguns anos, no qual citava o ex-presidente Peter Siemsen como um dos mais nocivos da história do clube. Lembro-me de alguns comentários contrários. Diziam que eu estava exagerando, pois o último título importante do clube havia sido conquistado em seu mandato.

Não estava exagerando. Peter e sua turma não tiveram “culpa” alguma na conquista do Brasileiro de 2012. Herdaram um time pronto, estruturado e com patrocínio forte. Tentaram apenas não atrapalhar. E foi o que fizeram de melhor.

O problema é que o título inflou os egos. Muito mais dos dirigentes do que dos jogadores. E o time campeão brasileiro conseguiu a proeza inédita de cair no ano seguinte. Acabou salvo por uma escalação irregular da Portuguesa na última rodada. Era o primeiro sintoma de que o novo Fluminense não tinha nada de novo. Só a pose e o nariz empinado.

Vieram a rescisão com a Unimed e, mais tarde, com Fred, o maior ídolo da história recente do clube. O navio começava a naufragar. Mas ainda havia quem acreditasse que o ex-presidente estava fazendo o melhor para o clube. Nenhum parceiro decente se juntou ao Fluminense nos últimos anos. Ao contrário, alguns se afastaram, depois de anos de parceria. Dos que chegaram, quase todos rescindiram contrato antes do final.

Peter e sua turma destruíram em seis anos tudo o que havia sido construído na década anterior. Com todos os problemas, Unimed e Adidas tinham ajudado a resgatar a grandeza do clube. Mas isso em momento algum foi levado em consideração.

Ainda assim, o ex-presidente manteve o discurso da modernidade, com uma pequena mudança: a inclusão das palavras austeridade e responsabilidade, como receita para garantir o futuro do clube. Foi assim que ele fez de Pedro Abad o seu sucessor. Uma pessoa tão preparada que, apesar de ter exercido a presidência do Conselho Fiscal na gestão do ex-guru, não fazia a mais remota ideia do lamaçal em que o clube estava mergulhado.

Tampouco sabe o que fazer para sair desta crise interminável. Vender Pedro, o único vestígio de talento no elenco atual, talvez seja a saída mais fácil. E que certamente não resolverá os problemas financeiros, pois a administração continuará a mesma. Os caras não conseguem montar um time minimamente competitivo para disputar uma temporada decente no Brasil e continuam torrando recursos e tempo num projeto surrealista de ter um time na segunda divisão da poderosa Eslováquia. Que retorno este projeto já deu ao Fluminense? Marlon Freitas? Peu? Igor Julião? Há alguma alma nas Laranjeiras que cobre uma explicação razoável para esta famigerada parceria?

Alguém cobra do departamento de futebol pelas contratações estapafúrdias feitas nas últimas temporadas? Quantos Maranhões, Romarinhos, Everaldos e Robinhos ainda passarão pelas Laranjeiras até que alguém com alguma visão de futebol comece a zelar pelos escassos recursos do clube. Dizer que elas são reflexo da situação financeira atual é apenas mais uma desculpa. Cinco contratações ruins custam muito mais caro do que uma boa. E é claro que não dão o mesmo resultado.

Amigos, seria muito bom, neste momento, que os maiores problemas do Fluminense fossem Jadson, Gilberto e Digão. A solução seria muito mais simples. Ano passado, Abel evitou um novo rebaixamento. A bagunça administrativa era a mesma, mas ele tinha, ao menos, o respeito dos jogadores. Não sei se Marcelo Oliveira, sem a mesma história no clube, terá a mesma ascendência sobre o grupo atual.