Mais uma vez, com exclusividade, o NETFLU adiantou que a possível chapa da candidatura de Celso Barros à presidência do Fluminense pode contar com reforços que mexem com as lembranças tricolores. Os ex-jogadores Deco e Washington “Coração Valente” estariam dispostos ao árduo trabalho de integrar a equipe que comandará o Futebol nas Laranjeiras. Não é uma prática nova. Avalio até que seja uma “modinha” que virou febre e se profissionalizou. Afinal, nem todo jogador pode ter uma aposentadoria sem mais esforços, assim como todo dirigente adora um ídolo por perto para servir de escudo. Pois bem. Mas em qual proporção esses nomes colaborariam com a gestão do clube em um possível mandato? Seriam apostas? Nem tanto assim.

A vida política de Washington não é novidade para ninguém. Vereador em sua terra natal, Caxias do Sul (RS), o ex-jogador expandiu seus ganhos no ramo imobiliário e cativou um grupo leal de eleitores. Lembro-me de uma partida contra o Internacional, em outubro de 2013, em que fomos até a gélida Serra Gaúcha. Lá, nosso “manager” foi o vereador local mais conhecido de nossa torcida. Extremamente popular e engajado em demonstrar uma simpatia pouco comum aos profissionais do futebol, Washington demonstrou total habilidade política na ocasião, tanto com os locais quanto com os membros de nossa delegação. E olha que tínhamos figurões como Rodrigo Caetano e Vanderlei Luxemburgo. Ou seja, jogo político de sobra. Até a visita das belas representantes da Festa da Uva nos foi proporcionada por ele. Um encontro respeitoso, cordial, e acima de tudo, estratégico. Aliás, essa noção de estratégia nunca foi nova no discurso do centro-avante. Alguém se lembra de suas palavras em sua coletiva de despedida?

 
 
 

− Quero comunicar a vocês todos que estou deixando o futebol. Estava me preparando para jogar esse ano ainda. Mas conversei com o Celso [Barros, presidente da Unimed], o Alcides [Antunes, vice-presidente de futebol do Fluminense], e pensei muito. Foi um momento difícil demais. Mas é preciso ter humildade e hombridade. O que dei para o futebol e o futebol para mim não vai se apagar. Realizei meu sonho. − disse Washington, em seu discurso de aposentadoria.

Independentemente desta relação de proximidade com os mandatários da época, uma coisa é inegável: a habilidade política adquirida pelo ex-atacante poderia, se usada de maneira adequada, somar muito aos propósitos tricolores.

Deco Batendo papo
Deco conversa com Fred em mais uma de suas aparições no clube após a aposentadoria – Foto: Bruno Haddad / FFC

Já o nosso luso-brasileiro Deco não esperou tanto para voltar suas atenções aos negócios e sua administração direta. Era comum encontrar o jogador nas concentrações extremamente envolvido com seus investimentos. Notebook, tablet, telefones, tudo ligado e conectado ao mesmo tempo. Conexão, aliás, sempre foi um dos maiores infernos astrais do ex-jogador enquanto no Tricolor. Nossas idas para Volta Redonda eram o sinal do isolamento anunciado. O hotel Dexter, nossa casa em inúmeros fins de semana, tinha umas das piores conexões de internet da civilização. Pronto, era a agonia constante. Cama apertada, televisão ruim, viagem longa de ônibus. Nada disso importava tanto para Deco quanto os seus negócios fora de seu alcance. O ponto ainda mais positivo deste caráter administrativo era com relação a seu Instituto Deco 20, em Indaiatuba (SP). O ex-meia sempre fez questão de acompanhar tudo o que se passava por lá integralmente, seja presencialmente em sua cidade ou de maneira remota. Todo esse pacote de interatividade globalizada (afinal, eram negócios na Cidade do Porto, em Barcelona, em Londres e aonde mais se pudesse imaginar) e sua formação fora do país o tornam um exponencial entre ex-jogadores “estagiários da Europa”. Deco nunca foi muito escolinha de negócios, foi prática.

O olhar corriqueiro do possível candidato Celso pode ter sido o de um dirigente comum, mas as expectativas sobre os supostos convocados ultrapassam suas meras pretensões. Washington e Deco possuem características que ultrapassam a apaixonada idolatria, possuem uma experiência diferenciada para a gestão. Se a notícia levantada pelo NETFLU se concretizar, e as eleições tomarem um rumo para a sequencia do possível trabalho, os tricolores teriam bons motivos para admirar seus ídolos na troca dos carimbos nas redes pelos carimbos nas mãos.