Nobres tricolores,
exatamente um ano depois de anunciar Alexandre Torres, o Fluminense o demitiu. Em 6 de dezembro de 2016, contratava o filho do Capita para tocar o departamento de futebol. Seis de dezembro de 2017 acontece a previsível demissão.
No Fluminense, a hierarquia é completamente invertida. O verdadeiro responsável pelo ridículo planejamento de aposta em jogadores medianos/fracos da base e no inexplicável Samorin, por enquanto, continua a frente do departamento. Sempre nas sombras.
Provavelmente “voltarão” com o homem do Power Point para a base. Nas boas, você sabe, ele reaparece falando em projeto para 2030 com o excelente time sub-7 do Fluminense. Nas más, tome Xerém e “Chamorin”.
A moral dessa criança é tanta que até o braço esquerdo (direito é o papa do futebol, claro), que ajudou a turma das planilhas a ficar mais três anos no poder, não resistiu a um show de mediocridade ao comparar o Fluminense com o Atlético-GO. Se sentiu traído, desprestigiado, mas para preservar o suprassumo do esporte bretão, vale tudo. Só não vale dar…(vai que é tua, Gil).
Alexandre Torres era o gerente de futebol do Fluminense. Em tese. Na prática, uma espécie de supervisor de futebol. Era o cara da confiança de Abel Braga. Não negociava com empresários e clubes chegadas e saídas de jogadores. Indicava nomes, sugeria ideias. O papel dele era no campo. Foi contratado para isso. Administrar o elenco junto com o treinador. Conversar ao pé do ouvido com o jogador insatisfeito com os meses de direitos de imagem em atraso, aquele ressabiado, preterido pelo técnico, ou outro que se acabava na cerva na querida Duque de Caxias…
Observador técnico do Manchester United (ING) na América do Sul há anos, o ex-zagueiro chegou ao Flu com o planejamento montado por Abad, Teixeira e Veiga. “Não tem dinheiro. Vamos apostar num elenco com muitos garotos, com a volta de emprestados e alguns experientes”. Sua primeira missão ao lado do tal comitê do futebol era reduzir custos. Cortar, cortar, cortar e cortar. Emprestar um bocado de jogadores pagando parte do salário, fazer um primeiro semestre bacana, lutar pra não cair no Brasileiro e assim foi feito. Seu primeiro erro foi ter acreditado nesse projeto.
O segundo, o de se submeter a um triunvirato que de futebol nada entende. Abad, Teixeira e Veiga, contrariando o próprio modelo adotado de não buscar jogadores experientes em hipótese alguma, queriam a volta de Carlos Alberto, hoje com 33 anos. Sim, aquele mesmo que surgiu como promessa no Flu, foi campeão mundial pelo Porto (POR), mas que nos últimos anos colecionou polêmicas e vinha jogando com os cotovelos em riste.
Torres foi contra, Abel também. E conseguiram demover o trio ternura da ideia super criativa. Mas foram votos vencidos na contratação de Robinho e tantas outras decisões.
Ora, uma diretoria que não se furta de dizer aos quatro cantos que o clube está falido, desvalorizando a nossa marca, afugentando jogadores de nível e patrocinadores, investir R$ 7,5 milhões numa promessa da Série B, tentando repetir o que ocorreu com Richarlison era um risco para lá de elevado. Mas o placar clássico de 3 x 2 era contumaz.
Torres e Abel queriam Cuéllar no início do ano, então na reserva de Márcio Araújo. A loucura de Zé Ricardo terminou com a chegada de Reinaldo Rueda, que o efetivou como titular do Flamengo e hoje é um dos jogadores mais regulares do rival, com bom índice de passes certos e desarmes.
O Fla pediu Marcos Júnior para liberar o colombiano. Abad, Teixeira e Veiga foram contra. O receio era como a torcida reagiria ao ceder para o rival um jogador, na opinião do trio, tão identificado com o Flu. Curiosamente, esse mesmo temor quanto à reação dos tricolores inexistiu na péssima venda de Richarlison para o Watford, que, segundo a imprensa inglesa, não acreditou que pagou tão barato.
Se posicionou contra a ida do Fluminense para a Florida Cup, torneio amistoso nos Estados Unidos, onde acumulamos insucessos. Em ano de Copa do Mundo, o calendário aperta e a preparação acaba sendo prejudicada e a preocupação era evidente. Mas para os entendedores, é uma oportunidade de ouro internacionalizar a marca com Nogueira, Peu e Luquinhas.
O terceiro erro foi quanto à pouca promoção. Em um meio onde explode a vaidade, Torres apresenta o oposto. Sujeito tímido, calado, de fala pausada e mansa. Nunca se escondeu, mas faltou trabalhar melhor a imagem. Quando a assessoria tricolor lhe pedia para assumir o pepino enquanto o chefe de departamento se escondia, colocou a cara e foi bombardeado.
Por fim, o último “equívoco”, que usarei entre aspas porque, na realidade, mostrou seu caráter e honestidade: o sincerídio ao revelar a Abad e sua trupe que é amigo pessoal deste que vos escreve. A sepultura já estava montada, pá do lado e tumba aberta. Algumas doses de Léo, ex-Pelé, Renato Chaves, Lucas, escalações e substituições de Abel, salários atrasados, promessas não cumpridas e….POFT!
O “inimigo da gestão” é detonado pelos adoradores de meia soquete, mas não sai dos tablets, celulares e laptops dos fundilhos de Laranjeiras e a conclusão era óbvia: passava toda a estratégia de guerrilha para o chefe dos 20 mil opositores que xingaram e vaiaram o presidente no último mês.
Minha opinião sobre o aproveitamento de Torres você pode conferir no último post. É um profissional que entende do futebol, mas a meu ver não tem perfil gerencial. Funcionaria mais como um captador de jogadores, visto sua experiência como observador técnico no continente, ou um assistente técnico, função que era executada na prática no Fluminense.
Mas o agora ex-dirigente cumpriu o papel direitinho daqueles que o contrataram: Foi o abrigo de Marcelo Teixeira durante todo o ano. No esperado fracasso, seria o primeiro a rodar. O bode expiatório ideal.
Sobrevive o Fluminense. Até quando?
– Abel fica. Bom para o Fluminense. Melhor ainda para Abad.
– Goleiros, laterais, zagueiros, volantes, meias e atacante. Reformulação.
– Se fossem estratégicos e arrojados, trariam Fred de volta.
– Henrique e Henrique Dourado boas moedas de troca.
– Scarpa só pode ser trocado pelo principal jogador do clube que o deseja. Simples assim.
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