Nobres tricolores,

faz tempo que não escrevo por aqui. Mas o momento pede. Vocês que me acompanham no youtube ou nas redes sociais sabem do meu apreço por profissionais estrangeiros. Não é a nacionalidade que define qualidade, mas, sem dúvida, grande parte dos gringos está alguns degraus acima quando debatemos sobre entendimento tático, cultura e apreço pelo jogo jogado.

 
 
 

Nosso melhor atleta, Neymar, por exemplo, já cansou de dizer que detesta ver futebol, um antiprofissionalismo que não surpreende, mas resume como o esporte é tratado por essas terras.

E nossos “professores” não ficam atrás. Renato Gaúcho disse estar no “Alcatraz” por causa de um cursinho da CBF de alguns poucos dias em Teresópolis, região serrana do Rio. Na AFA, o curso pra treinador dura dois anos. Acho que isso, sem entrar em outras esferas como o esclarecimento político e social dos “hermanos”, explica um pouquinho porque os argentinos estão espalhados pelo mundo, enquanto nossos gênios não passam do Nordeste e vivem praticando xenofobia.

Eu, Leandro, pessoa física, fiz campanha por treinador estrangeiro. Sugeri Ariel Holan tão logo Diniz foi demitido, mas considerava nomes como Miguel Ángel, Becaccece, Heinze, Peseiro e outros. Mas a diretoria do Fluminense preferiu o velho travestido de novo, que a gente, obviamente, torce para dar certo, mas sem expectativa do futebol diferente que o Flu praticou durante uma parte de 2019.

Jogar de maneira reativa não é errada, ilegal. No Brasil funciona. Ou, pelo menos, funcionava até o advento Jorge Jesus. Um técnico de terceiro escalão na Europa mostrando que futebol não se faz “apenas” com dinheiro. O terceiro colocado do último Brasileirão é o clube que mais investe no país e pratica um modelo de jogo como aqueles que lutam pra não cair. E, pelo que se desenha, seguirá nessa toada.

Ainda não se formam jogadores na Argentina, Uruguai e Chile como no Brasil. Nossa nação é continental e para cada 5 “hablantes” temos 15 tupiniquins bons de bola. Mas está provado que não basta. Não mais.

É necessário uma reciclagem do modo de fazer futebol no país e que bom que JJ e Sampaoli alcançaram resultados em tão pouco tempo. Do contrário, nossa tendenciosa imprensa e opinião pública diriam que aventuras custam caro. Como se fosse barato investir em Abel e Luxemburgo e sair ileso no fim do ano.

Mas já temos técnico e, a partir de agora, o Fluminense precisa de um novo elenco. Há esforço da diretoria em manter a espinha dorsal para 2020, mas creio que, no mínimo, metade do time titular será reformulado. Pensando nisso, elaborei, com ajuda de leitores antenados do NETFLU, uma lista de atletas, em tese, viáveis para o Tricolor buscar.

Abaixo, uma pequena contribuição de quem quer ver algo distinto da mesmice que nos assola. Jogadores de meio e ataque de até 30 anos que, ou estão livres no mercado ou em condição de serem negociados. Vamos nessa!

LUCIANO ACOSTA , MEIA, 25 ANOS

Cria do Boca Juniors (ARG). Aquele típico 10 argentino, “enganche”. Baixinho, 1,60m, habilidoso, destro. É um Danielzinho que chuta. Muito técnico. Está desde 2016 no DC United. Também jogou pelo Estudiantes (ARG). Também pode atuar como segundo atacante.

Em 2019 disputou 32 partidas pelo DC, 22 como titular, e marcou seis gols na MLS. Chama a atenção a pouca quantidade de assistências, apenas uma. Porém, Ganso não deu passes para gol no Brasileiro e sabemos bem de sua importância na construção das jogadas. Seu contrato com o DC United termina agora, 31 de dezembro, e já foi liberado pela diretoria norte-americana.

NICOLÁS AGUIRRE, VOLANTE, 29 ANOS

Daqueles que o torcedor adora. Aguerrido, ou no linguajar da galera, “porradeiro”. Chega forte nas divididas, mas não deixa a desejar na frente. Canhoto, chuta bem de média/longa distância e cobra faltas. Finalista da Libertadores de 2017 com o Lanús (ARG). Titular absoluto.

Estava no Granada (ESP). Sua última partida foi em junho e, desde então, encontra-se sem clube. Participou de apenas 16 jogos, sendo quatro como titular, e fez um gol. É rodado. Além de Lanús e Granada, passou por Arsenal (ARG), Atlético Rafaela (ARG), Chongquin (CHN), entre outros.

ANDY POLAR, MEIA, 22 ANOS

Essa análise retirei do site R37, especialista em avaliação de jogadores. Polar é um jovem do Deportivo Binacional (PER), surpresa da Copa Libertadores de 2020. Disputou 27 jogos em 2019, 25 como titular, e fez seis gols. Deu ainda cinco assistências. Foram ainda 31 passes para finalização. Desses, 15 ocasionaram boas chances de gol. Bons números para um meio-campista que atua pelos lados.

Tem bom poder de conclusão a gol, capacidade nos passes e forte no 1×1. É um atleta com potencial de revenda. Disputou o último Pan-americano e esteve na pré-lista de Ricardo Gareca na última Copa América. Segundo a imprensa peruana, já pode ser adquirido a custo zero por qualquer clube.

LUCAS SILVA, VOLANTE, 26 ANOS

Único brasileiro da lista e por um bom motivo: está sem clube. Conhecido, revelado pelo Cruzeiro, vendido como grande promessa ao Real Madrid. Atuou por empréstimo na própria Raposa ano passado, não foi tão bem e acabou retornando para o clube merengue. Seu contrato com o Real terminou no meio do ano.

Jogador de bom passe e movimentação. Não é um marcador nato, mas dá qualidade na saída de bola. Às vezes, toca demais para os lados, prejudicando a evolução do time, mas tem potencial. O fato de só precisar negociar com o próprio pode facilitar. Viria a custo zero.

BRIAN FERNÁNDEZ, ATACANTE, 25 ANOS

Estava no Portland Timbers (EUA). Apesar da baixa estatura, 1,70m, é um definidor. Bate faltas, escanteios. Destro, joga pelos dois lados do campo e também faz segundo atacante. Pela equipe norte-americana disputou 19 partidas, 16 desde o início, e marcou 11 gols, sem dúvida, uma boa média: 0,57. Tem ainda uma média de 2,8 finalizações por jogo, mostrando que é um cara que não tem medo de arriscar.

Tem 25 anos, mas é rodado. Jogou por Racing (ARG), Sarmiento (ARG), Metz (FRA), Unión La Calera (CHI), Necaxa (MEX). Está sem clube desde novembro, quando deixou o Portland. Mais um jogador que precisa “apenas” negociar salários e tempo de contrato.

JUAN DINENNO, ATACANTE, 25 ANOS

Centroavante nato. Aquele cara de um toque só na bola, oportunista . Construa as jogadas e ponha nos pés ou cabeça dele que define. Destro, o argentino tem 1,86m e foi o camisa 9 do Deportivo Cali (COL) neste ano.

Disputou 23 partidas, 22 como titular, e marcou 12 gols, média de 0,52 por jogo. Tem ainda três assistências na conta. Pertence ao Racing (ARG) e, na teoria, volta de empréstimo. A saber se o próximo técnico quer contar com ele. Pode ser uma boa oportunidade de mercado caso Everaldo, ex-Chape, e/ou Evanilson não sejam opções pra 2020.

IGNACIO RAMIREZ, ATACANTE, 22 ANOS

Terminou 2019 como artilheiro do campeonato uruguaio. Em 34 jogos, marcou 23 gols pelo Liverpool, boa média de 0,67 por partida. Não é tão alto, 1,81m, mas se destaca pela presença de área e boa colocação.

Mais um jogador de um toque só na bola. Não tem muita técnica, porém, bom cabeceador. Liverpool é celeiro de revelações uruguaias. Uma delas, Nico De La Cruz, titular do River Plate (ARG). Em relação a Ignacio Ramirez, ao contrário dos outros, é um atleta com mercado e de contrato em vigor com o clube azul e preto do Uruguai. Mas com criatividade…

KEVIN QUEVEDO, ATACANTE, 22 ANOS

O jovem peruano do Alianza Lima (PER) viveu grande fase em 2019. Insinuante e veloz, também é goleador. Marcou 17 gols em 37 partidas pela agremiação azul e branca. Ambidestro, atua como meia pela direita. Até setembro tinha uma taxa de conversão em gols impressionante segundo o site R37: uma bola na rede a cada 3,1 finalizações.

Mesmo sendo um goleador, não foge de suas características de partir para dentro da marcação adversário com dribles em velocidade. Foi convocado para a última Copa América aqui no Brasil. A boa notícia é que fica livre no mercado a partir de 1º de janeiro. Em entrevista recente, o pai e empresário de Quevedo confirmou que ele fica sem contrato. Dá prioridade ao Alianza, mas se algum clube chegar com uma proposta interessante…

E aí, curtiram a lista? Será que algum tem vaga? A ideia, claro, é mostrar que há alternativas num mercado tão negligenciado pelo Fluminense há décadas. Deixe seu comentário e vamos debater!