Campeão carioca e vice da Copa do Brasil em 2005, Antônio Carlos era uma das promessas do Fluminense. Antes de Thiago Silva surgir, no ano posterior, e Marlon, o zagueiro, hoje com 35 anos, era um dos nomes visto como boas perspectivas na carreira. Atuou por outros grandes do Brasil como Botafogo e São Paulo, mas não obteve o destaque esperado.
Atuando pelo Magallanes, da segunda divisão do Chile, ele atendeu o NETFLU para uma análise de sua carreira. O início no Flu, a equipe de 2005, o retorno mais de dez anos depois e muito mais. Confira abaixo a entrevista exclusiva:
NETFLU: Sua melhor fase na carreira foi no Fluminense em 2005. Depois você passou pela França, Atlético-PR, Botafogo, São Paulo, entre outros. Se arrepende de não ter ficado no clube que o formou por mais tempo?
Antônio Carlos: Eu tive varias fases boas. Sempre joguei muitas partidas por todos os clubes, sempre fazendo gol e sendo referência nas equipes. Então eu creio que até agora tive boas passagens. Hoje, com alguns anos de carreira, tenho 69 gols. É um grande número para zagueiro. No Fluminense de 2005 eu tive visibilidade para o futebol brasileiro e isso foi um ponto importante.
NF: Você e seu companheiro de zaga, Fabiano Eller, deixaram o Flu logo depois das finais da Copa do Brasil. Acredita que se a defesa titular tivesse continuado, o time garantiria, pelo menos, uma vaga na Libertadores pelo Brasileiro?
AC: Tínhamos um trio entrosado. Jogávamos com três zagueiros, sendo o Marcão de líbero. Se eu não me engano ficamos uns dez jogos sem tomar gol. Era muito bom porque tínhamos a liberdade de sair pelos lados. A classificação não posso afirmar, mas tínhamos bons indícios.
NF: O time do Fluminense em 2005, tecnicamente, foi a melhor em que você já jogou?
AC: O nosso time era muito bom! Mas o São Paulo de 2014 tinha muitas peças com nível altíssimo.
NF: Por que aquela equipe de 2005 não conseguiu ir além da conquista de um título estadual?
AC: Ganhamos o Carioca, fomos vice na Copa do Brasil e batemos na trave na Libertadores. Estávamos brigando sempre por títulos. Até hoje eu lamento muito essa Copa do Brasil.
NF: Você voltou para o Flu em meados de 2015, após dispensa do São Paulo. Mas no fim daquele ano acabou sendo afastado pelo então técnico Eduardo Baptista e no início de 2016 também dispensado. Por que essa segunda passagem não deu certo?
AC: Eu não fui dispensado do São Paulo. Fui contratado pelo Fluminense. Eu tinha seis meses restando de contrato no São Paulo e o Flu me fez uma proposta de dois anos, que pesou bastante para voltar ao clube que me revelou, minha casa. Cheguei ao Flu em 2015 no processo de perdas de jogadores e outras coisas mais. Eu comecei o Campeonato Brasileiro muito bem e sem motivos eu fui sacado. Isso mexeu muito com a minha cabeça e, realmente, eu perdi um pouco do foco. Não tive uma segunda passagem do jeito que eu esperava.
NF: Assim como tantos outros nomes, você teve passagem por Xerém. O trabalho desempenhado na base do Fluminense foi fundamental na sua formação como jogador e como homem? O que tem de tão diferente assim na base tricolor?
AC: Na verdade eu fui contratado já nos juniores, eu fiz a minha base no Olaria. A base do Fluminense está revelando jogadores até hoje e na minha época tivemos vários jogadores no profissional ou sendo vendidos. Então creio que o Flu tem umas das bases mais fortes do Brasil.
NF: O Fluminense vai encarar o São Paulo na próxima rodada do Campeonato Brasileiro. Você tem acompanhado os clubes? Qual é o seu palpite para o jogo e como, na sua opinião, o Tricolor das Laranjeiras deve se portar para garantir um resultado positivo no Morumbi?
AC: Eu acompanho um pouco aqui do Chile. Hoje o São Paulo está muito bem, porque troca jogadores e continua no mesmo ritmo de jogo. Creio que o Flu, jogando fora de casa, tenha que esperar um pouco mais o São Paulo e sair no contra-ataque.
NF: Durante a maior parte da história, o Fluminense treinou nas Laranjeiras. Recentemente, construiu um CT, ficando mais longe dos sócios. Você, que viveu a fase anterior do clube, vê tanta diferença assim entre ter um CT e treinar nas Laranjeiras?
AC: Nas Laranjeiras era muito legal. Um visual bonito. Porém o futebol está evoluindo e isso inclui CT, planejamento de trabalho e tudo mais. Hoje o Fluminense tem um espaço que poucos do Rio possuem. É bem localizado e com uma estrutura boa, então acho muito bom o planejamento do CT novo.
NF: Como está a sua carreira atualmente? Mantém contato com funcionários e atletas do clube?
AC: Estou aqui no Chile. Defendo um time chamado Magallanes. Cheguei agora no segundo turno e estamos brigando pelo acesso. Ainda tenho contato com alguns funcionários sim e até fizemos um jogo de despedida do Ricardo Berna (Nas Laranjeiras, na Flufest). Tenho um carinho grande pelo Fluminense.
NF: Hoje, a zaga titular do Fluminense é formada por dois atletas extremamente identificados com o clube: Digão e Gum. Faz tanta diferença assim ter jogadores com ligações fortes dentro uma instituição de futebol?
AC: O Gum já se tornou uma referência no clube. Acho que com a saída do Fred ficou mais ainda! Mas sabemos que somos cobrados por títulos e isso não vai mudar nunca. Então, toda vez terá cobrança, independentemente da identificação.
NF: Qual o recado você mandaria para a torcida tricolor?
AC: Só tenho a agradecer a torcida por sempre ter me respeitado. Acho que isso no futebol já é um grande reconhecimento. Um abraço a todos !!