O café com Abad

Nobres tricolores,

 
 
 

na terça-feira recebi o convite para um café da manhã com o presidente do Fluminense, Pedro Abad, na quinta, na sede do clube, em Laranjeiras. Acolhi com satisfação e alguma surpresa a invitação, e, claro, aceitei de pronto.

Ao lado de outros colegas jornalistas, como Paulo Brito, repórter da casa, fiz perguntas, dei sugestões e a impressão deixada pelo novo mandatário foi boa. Especialmente pela iniciativa, nunca cogitada, nem realizada pelo antecessor.

Sugeri ao presidente que as demais mídias tricolores, que fazem trabalho similar ao NETFLU, possam ter mais espaço na cobertura diária do clube. Porém, importante que, caso exista a pretensão, haja uma estruturação destas, com a inclusão de jornalistas formados e/ou em formação em suas equipes. Concorrência é sempre saudável, acirra a disputa e faz com que aquele que se coloca na dianteira nunca se acomode, tencionando um trabalho cada vez mais apurado.

Foquei em dois temas que, na minha visão, são muito sensíveis ao torcedor quanto a campo e bola: a ausência de uma referência, um ídolo, e a relevância da Copa Sul-Americana. A resposta quanto ao primeiro assunto me frustrou.

Abad prometera um ídolo durante a campanha. O discurso, dois meses depois, é outro. A justificativa é conhecida: “Acabou o dinheiro”, como dizia um conhecido mandatário de um determinado rival que, vira e mexe, é notícia em páginas policiais.

Mas afinal, o clube não estava com suas dívidas equacionadas? Em dado momento do papo, Pedro Abad, presidente do Conselho Fiscal na administração Peter, esclareceu que não tinha o poder para vetar uma contratação, teoricamente, mal feita, ou um acordo obscuro. Pensava que os problemas financeiros do clube eram menores do que realmente são. E a pergunta imediata, logo respondida pelo mandatário, foi: “Por que o presidente do Conselho Fiscal não sabia de tudo?”. De acordo com ele, há coisas que, efetivamente, não se sabe, pois os contratos não passam pela pasta. Portanto, o presidente do Fluminense pode contratar quem quiser, sem a anuência do Conselho Fiscal. Abad quer modificar esse modelo de governança.

Estabelecer rotina da elaboração dos contratos, assinaturas, delegando funções. A ideia é levar os contratos já assinados para o Conselho Deliberativo decidir, mas se não houver a aprovação, eles serão desfeitos.

Sobre material esportivo e patrocinador master, Abad repetiu que estão muito perto. Não precisou data de anúncio.

Quanto à Copa Sul-Americana, a recepção foi a melhor possível. Será prioridade Zero Um. Os jogadores já foram informados que a competição terá total preferência. Escrevi sobre o tema no início do mês. O Fluminense é o único dos 12 grandes do país sem troféu sul-americano. Os benefícios desta taça são os mais diversos. Você pode conferir aqui.

Já sobre o ídolo, insisti que o Fluminense, mesmo com tantos problemas, não deveria abrir mão de trazê-lo. Criaria uma empatia com a torcida, mostraria pra ela as pretensões do clube, ativaria o marketing, muito mal trabalhado desde a gestão Horcades, e, mais do que nunca, valorizaria nossa história. Citei Darío Conca e a condição da contratação pelo Flamengo divulgada pela grande imprensa: empréstimo gratuito até o fim do ano e R$ 300 mil mensais de salário a partir do momento que passasse a jogar. Absolutamente viável para o Fluminense. Abad questionou os números da negociação divulgado pelos sites e jornais e disse que o momento é de contenção de gastos. Desapontamento.

O NETFLU também foi tema. Questionamos a censura imposta ao site no no ano passado e o fato de que, mesmo com o fim da imposição, nenhum jogador foi autorizado a ser entrevistado pelo portal mais acessado pela  torcida tricolor em 2016. A promissão é de que isso será resolvido. Neste ano, conseguimos entrevistar Renato Chaves com exclusividade.

Quanto à atuação do portal, ouvimos críticas de Abad. Entende que determinadas reportagens são desnecessárias. Foi usado como exemplo o vídeo das moscas no banheiro da piscina na sede, gravado por um então integrante da oposição, Antônio Gonzalez, hoje situação, que foi replicada por nós. Explicamos que o vídeo estava na rede para quem quisesse assistir. Quando lançamos, procuramos o clube para confirmar ou desmentir, porém, a diretoria na época preferiu não se manifestar.

Comentou também sobre a última grande matéria do NETFLU, de apuração de Paulo Brito, quanto às dívidas do Flu referentes às comissões com agentes do zagueiro Henrique, do meia Diego Souza e do goleiro Diego Cavalieri. O presidente Abad entende que reportagens com este cunho são prejudiciais à imagem do Fluminense. Retruquei que a imagem do clube é arranhada por existir tais dívidas, que se transformam em processo, não pela divulgação por parte da imprensa.

Continuei que NETFLU não é um site de Fluminense, mas de notícias do Fluminense. A única obrigação do portal é manter o torcedor bem informado. Bem informado inclui ele ter conhecimento de boas e más notícias. O clube está no papel dele de não deixar determinadas situações vazarem. Se assessor do Tricolor fosse, também blindaria ao máximo.

Por fim, a promessa de uma reunião entre a diretoria do Fluminense e o NETFLU para um estreitamento dos lanços. Não cabe ranço numa relação, que deveria ter se estreitado há algum tempo, visando parcerias institucionais e comerciais, que beneficiem o Fluminense Football Club. Uma gama considerável de torcedores acessam o portal, o maior de notícias do Tricolor, e quarto mas visitado de clubes do país.

Isto não significa dizer uma mudança na linha editorial do portal. Não abrimos mão de nossa independência, mantida desde 2008, conquistada com suor e luta diária.

O saldo foi positivo. Pedro Abad se mostrou um presidente solícito, disposto a ouvir e sincero. Olha no olho. Tenho muitas discordâncias quanto ao modelo de gestão. Os pés não estão apenas no chão, mas enterrados. Fincados. Importante que não se dê um passo maior do que a perna, mas estamos falando de Fluminense. Esse arrojamento no início de trabalho seria importante para mostrar ao torcedor o que se quer no curto/médio prazo. Na administração Peter, trabalhava-se para um futuro que não chegava nunca. Mais três anos esperando insultaria a paciência do torcedor.

Deixo registrado o meu agradecimento pelo convite, o respeito pela pessoa do presidente, gente como a gente, e a minha torcida para que faça um Fluminense vencedor. De verdade.

 

– Gostei muito do Sornoza. Armador clássico.

– Bom segundo tempo do Orejuela. Ainda um pouco perdido

– Precisamos contratar um primeiro volante

– Mas que saiba construir e destruir na mesma proporção

– Lateral-esquerdo é questão de urgência

– Boa atuação do Dourado. Será que vou repetir essa frase em algum momento?

– Gum será titular.

 

Um grande abraço e saudações!

 

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