A partir desta semana, respeitando a ordem alfabética, os candidatos à presidência do Fluminense, Carlos Eduardo Cardoso – Cacá – (Flu 2050), Pedro Abad (Flusócio) e Pedro Trangrouse (Verdade Tricolor) tiveram publicadas a segunda parte de suas entrevistas para o NETFLU. A bola da vez é o advogado Pedro Trengrouse. Terça-feira, o presidente do Conselho Fiscal, Abad, falou. Por fim, na segunda, Cacá Cardoso foi sabatinado. Todos tiveram tempo livre para as respostas. Celso Barros e Mário Bittencourt ainda participarão, pois só vão lançar candidatura nesta e na próxima semana, respectivamente.

Diferente da primeira lista de questões, iguais para todo mundo, agora os candidatos respondem a indagações específicas sobre suas campanhas, relação com o Flu e algumas especulações não totalmente esclarecidas para o grande público. Para acessar a primeira parte da entrevista do candidato do Verdade Tricolor, clique aqui.

 
 
 

1 – Então, Trengrouse, é verdade que você pensa em utilizar o Flu como trampolim para alcançar um cargo executivo na CBF? Chegou a declarar algo nesse sentido em algum momento?

– Não é verdade! Quem diz isso é míope e não percebe que é justamente o contrário. Quero fazer a melhor gestão da história do futebol brasileiro para que o Fluminense lidere pelo exemplo e seja protagonista das transformações que o futebol brasileiro precisa para se desenvolver no século XXI. Espero que meu trabalho na Presidência do Fluminense nos credencie à Presidência da CBF e que os clubes finalmente consigam assumir mais responsabilidades na gestão do futebol brasileiro. Isso inclui participação ativa na próxima eleição da CBF, que pela primeira vez terá 40 clubes e 27 federações. Chegou a hora dos clubes terem uma candidatura e quero que seja do Fluminense.

2 – Em algum momento você pediu cargo ou propôs algo similar à Flusócio, para se juntar a ela ou qualquer outra chapa/grupo político?

Nunca pedi cargo nenhum a Flusócio nem a ninguém. Inclusive, no dia 2 de julho fiz questão de relatar publicamente convites que recebi de outros candidatos. Sou candidato a Presidente do Fluminense porque não vejo em nenhum outro o compromisso de promover um verdadeiro choque de gestão, que tenha como eixos centrais transparência e participação, para permitir o total engajamento da torcida, aproveitando todo potencial da internet para transformar o atual modelo de negócios em algo de fato sustentável. Fiz questão de conversar com todos os grupos e candidatos porque acredito que todos os tricolores devem se unir para que o Fluminense seja cada vez mais forte. Um dos desafios do próximo presidente é justamente construir um ambiente em que todos os tricolores se sintam à vontade e motivados a contribuir com o clube. A construção desse ambiente precisa começar logo agora na campanha e faço questão de elogiar publicamente as qualidades de todos os candidatos para que todos aqueles que se coloquem à disposição do clube sejam valorizados e sirvam de exemplo. O Fluminense precisa de todos os tricolores e não aguenta mais o sectarismo que se reforça a cada gestão com o revezamento de facções no poder. Não faço nem nunca fiz parte de nenhum dos grupos políticos do Fluminense e gostaria de contar com todos os tricolores na nossa gestão.

3 – O discurso de união entre os candidatos, formando uma chapa única, não pode soar como hipocrisia ou utopia? Acha mesmo que seria possível?

– Para quem acha hipocrisia só lembro que o ser humano tende a julgar o próximo por si. Pra quem considera utopia, bem, tudo começa com um sonho né?! Eu acredito muito que dá pra construir a unidade, respeitando as diferenças. Logo que aceitei o desafio de ser candidato escrevi um artigo no Lance propondo a todos os candidatos que construíssemos uma agenda comum e fizéssemos uma pesquisa para identificar qual seria o melhor nome para implementá-la. Quero contar com o apoio de todos na gestão, porque não poderia contar com o apoio de todos já na campanha? Se conseguisse, as pessoas se lembrariam de Jean Cocteau e Mark Twain: sem saber que era impossível, foi lá e fez! Tenho muito claro o desafio de construir um ambiente em que todos os tricolores se sintam à vontade e motivados a contribuir com o Fluminense. Isso precisa começar na campanha. Tricolor tem que respeitar e valorizar tricolor. Todos temos qualidades e defeitos. Será que não podemos aproveitar as qualidades de todos em prol do Fluminense?

4 – Como se aproximou da vanguarda tricolor e conseguiu o apoio de figuras importantes que passaram pela política do clube como Deley, Julio Bueno, Marcos Furtado e outros ?

– Como consultor da ONU para a Copa do Mundo e legislação esportiva, tive muito contato com o Deley no Congresso Nacional e acompanhei de perto seu trabalho na Comissão de Esporte da Câmara. Quero inclusive aproveitar pra fazer um registro: o Deley foi um dos primeiros deputados a defender um remédio para as dívidas dos clubes, que acabou resultando no Profut e permitiu que o Fluminense tivesse o primeiro balanço positivo dos últimos 13 anos. Voltando à sua pergunta, em 2013 contribuí com diversas ideias para a campanha do Deley à Presidente do Fluminense. De lá pra cá pude conviver mais com o Diogo Bueno como colunista do Observatório do Fluminense. Ano passado, o Julio Bueno e o Deley me disseram que vinham acompanhando meu trabalho e acreditavam que seria o melhor nome para presidir o Fluminense. Refleti muito e somente no início deste ano aceitei o desafio e colocamos nosso bloco na rua com muita transparência. Queremos o apoio de todos os tricolores e estamos trabalhando por isso.

5 – Você utilizou a tentativa do reconhecimento do Mundial de 52 com fins políticos? O clube deu a você alguma ajuda ou pediu seu auxílio nessa questão?

– A maldade está nos olhos de quem vê e politizar essa questão diminui o Fluminense. Sei que as pessoas medem os outros pela própria régua mas ainda fico impressionado com a postura tacanha e mesquinha de quem não percebe que os interesses do Fluminense devem estar acima de qualquer questão política. Dias antes da Flufest a FIFA publicou no Instagram um post reconhecendo a Copa Rio como o I Campeonato Mundial Intercontinental de Clubes. Conversei com o Presidente Peter Siemsen sobre isso na Flufest e ambos consideramos que seria uma bom momento para reforçar ainda mais esse título tão importante para o Fluminense. Com o aval e o estímulo do Peter, tive uma reunião com o Dhaniel Cohen e o Heitor d’Alincourt para avaliar os materiais disponíveis e propor ao clube uma série de providências. Nunca fiz nada sem o conhecimento de todos: Peter, Dhaniel e Heitor. Todos devem ser estimulados a colaborar com o clube, independente da eleição. O clube tem sido muito diligente nessa questão. O Peter esteve com o Presidente da FIFA, foi pessoalmente à CONMEBOL e está articulando com a CBF para ir à Zurich agora em outubro levar em mãos toda documentação histórica desse título para que tenha todo destaque na exposição sobre o futebol brasileiro no museu do futebol mundial da FIFA. O Dhaniel e o Heitor estão preparando um material maravilhoso. Estou muito feliz em ter contribuído para que isso tudo acontecesse mas considero importantíssimo dizer o seguinte: os responsáveis pelo título de 1952 são os jogadores que o conquistaram em campo e não podemos nunca esquecer disso!

6 – Você acha que é perseguido por conta de sua ligação, num passado recente, com o Flamengo? Aliás, no almoço da cúpula rubro-negra, que nada se parecia como sendo de negócios, nota-se uma grande bandeira do Flamengo na parede. Qual a sua real relação com o rival, visto que era contratado por uma de suas maiores lideranças, o ex-presidente Márcio Braga?

– Infelizmente, muitas pessoas ainda não se deram conta que a rivalidade de campo não pode impedir que os clubes trabalhem juntos e lamento muito que algumas pessoas insistam em falar sobre outros clubes quando precisamos mesmo é focar nas questões do Fluminense. Convivo há muitos anos com o Marcio Braga e trabalhei muito tempo com ele no Flamengo. Há até um depoimento dele em nosso site de campanha. Mais transparente que isso, impossível né?! Não vejo problema algum em almoçar com toda cúpula do Flamengo. Aliás, não era a primeira e nem será a última vez que almoço com eles. Todos sabem que sou tricolor e sempre me respeitaram. Naquele dia, por exemplo, conversei com o Fred Luz sobre Maracanã, com o Eduardo Bandeira sobre FERJ, com o Marcio Braga sobre Política Nacional de Esporte, com o Helio Paulo Ferraz sobre o Conselho de Esporte da Associação Comercial etc. Toda minha bagagem profissional permitirá que o Fluminense tenha diálogo permanente não só com o Flamengo mas com todos os outros clubes. Isso é extremamente positivo e ficar fazendo bullying comigo por causa disso é de uma infantilidade enorme. O futebol brasileiro precisa de união e eu venho trabalhando neste sentido há muito tempo.

7 – Mudando de assunto, você propôs enquete na internet para contratar técnico. Pode explicar melhor como seria? Acha que os técnicos expostos não se sentiriam como produtos? Como evitaria que rivais não participassem, votando em técnicos de nível questionável, para prejudicar o clube?

– Defendo que o sócio torcedor seja sócio dirigente. O atual modelo de negocio do futebol brasileiro é ultrapassado, obsoleto e está próximo do esgotamento. O Fluminense gasta mais do que arrecada há 13 anos seguidos. Precisamos ter a torcida mais engajada do mundo e a melhor forma de fazer isso é com um choque de gestão que traga mais transparência e participação para a gestão do clube, o que inclui a contratação de atletas e treinadores. As pessoas em geral tem dificuldade de lidar com inovação, mas não há saída. O sócio precisa ser permanentemente ouvido sobre a avaliação que faz do trabalho que está sendo desenvolvido por todos os departamentos, seja de Marketing, Futebol, Esportes Olímpicos etc. Isso nos ajudará a balizar nossas ações. Quero que todo sócio tenha um aplicativo por onde possa acompanhar o dia a dia do clube, com total transparência e algum poder de decisão. Mas é preciso deixar claro: independente de qualquer coisa, o presidente sempre terá a palavra final e responsabilidade sobre erros e acertos. A questão é que defendo transparência total e o aproveitamento de todos os recursos tecnológicos disponíveis para que todos os sócios participem ativamente da gestão. Se as pessoas podem votar toda semana no Big Brother, porque não podem ajudar a escolher o técnico do seu time? Vamos encontrar uma forma de permitir maior participação. O futuro começa aqui!

8 – Ainda seguindo essa linha colaborativa, você também propôs um crowdfunding para contratação de jogadores, usando como exemplo o Messi, ao salientar que com R$3 de cada tricolor, daria para contratá-lo. Nesse sentido, como seria a política de gerenciamento dos atletas contratados por tal mecanismo? Como pagar super salários visto que crowdfunding é apenas pontual, enquanto que os vencimentos são despesas contínuas?

– As tecnologias de crowdfunding vem evoluindo muito e não se limitam mais à questões pontuais. Há diversos exemplos que ilustram comprometimento contínuo por período determinado de tempo, como poderia acontecer com o contrato de um jogador de futebol, porque não? Só no ano passado foram levantados quase 35 bilhões de dólares em crowdfunding. Esses gráficos mostram bem isso. Só precisamos deixar claro que, mais uma vez, estamos trabalhando com conceitos. Queremos mostrar que, com união e engajamento, podemos transformar ações que parecem impossíveis em objetivos alcançáveis. Nossa proposta de gestão tem como um dos pilares mais básicos o engajamento da torcida e não vamos abrir mão disso. Essa é apenas uma das muitas estratégias que desejamos colocar em prática para aumentar a arrecadação de recursos. É uma proposta inovadora. O Fluminense tenta há anos fazer as mesmas coisas e os resultados são esses que estão aí. Não se pode esperar resultados diferentes se não tentarmos algo diferente. Uma coisa é certa: como está não pode continuar!

9 – Como você pensa na estrutura de futebol do clube? Vai concentrar tudo no executivo ou ter um staff pra tratar de contratações e fazer análises de desempenho?

– Em primeiro lugar precisamos definir a filosofia do futebol do Fluminense, da base ao profissional. Não podemos esperar mais das pessoas do que elas podem dar. Não podemos concentrar toda responsabilidade num único executivo. Precisamos trabalhar em equipe. Sempre! Minha intenção é aproveitar bastante a estrutura atual do clube, como ponto de partida para chegar no que consideramos ideal. Inclusive, neste próximo dia 29 de setembro teremos uma sessão de imersão na Universidade do Futebol, que até já levamos para uma das apresentações que organizamos no Guerreiros Sports Bar. O importante é a combinação das novas técnicas de gestão com o domínio da beira do campo. Não existe mágica. Precisamos definir bem nossas estratégias, aproveitar os recursos disponíveis, trazer os profissionais que tenham os melhores perfis para nos ajudar em nosso objetivo: Fluminense Campeão do Mundo!

10 – Queria que falasse um pouco das suas impressões sobre o projeto Flu Samorin e como isso pode ajudar – ou não – na internacionalização do clube, assim como no complemento do trabalho a ser desenvolvido com os jovens de Xerém?

– Não conheço detalhes do projeto e por isso não posso emitir nenhuma opinião específica sobre ele. Só posso dizer que considero importantíssimo que o Fluminense busque mecanismos para desenvolver novos mercados.

11- Você já pensou em algum mecanismo específico de divulgação internacional para o clube?

– Claro. Venho defendendo isso há anos. Os clubes brasileiros sofrem com a globalização de mão única em que os clubes europeus desenvolvem mercado aqui mas não conseguimos fazer o mesmo lá. Em primeiro lugar, precisamos fazer o que só depende de nós: fortalecer o Fluminense na rede. A internet é o canal de distribuição global que está à nossa disposição para alcançar o mundo inteiro, imediatamente. Também precisamos trabalhar para que haja uma competição continental de verdade na América, do Canadá ao Chile. Porque a Europa organiza a Champions League com 52 países e o Brasil fica confinado nesse pobreza da América do Sul quando os Estados Unidos sozinho tem um mercado maior que o Europeu? Porque o único continente com 2 Confederações é a América com CONCACAF e CONMEBOL? Os clubes precisam se unir e virar esse jogo. O Fluminense pode ser decisivo. Venho defendendo isso há muito tempo e agora depois do sucesso da Copa América Centenário é a hora de fazer acontecer.

12 – No último mês, um pedido seu de abertura de dados de sócios, devido a uma convocação de Assembleia, foi largamente criticado. Você acha que o processo político atual do Fluminense é equivocado na questão do prazo de liberação dos votantes? A situação leva vantagem? O que mudaria nesse sentido, se tivesse poder para tal?

– O Estatuto do Fluminense precisa melhorar em muitos aspectos e esse é um deles. Não é bom para o clube que o processo eleitoral seja tão mal regulado. As chapas se inscrevem na primeira quinzena de novembro e a votação acontece na segunda. Desse jeito não dá! Como discutir com responsabilidade questões importantes para o futuro do Fluminense assim? Quem quer se candidatar não conhece os eleitores e os eleitores não tem tempo de conhecer de verdade os candidatos. Precisamos melhorar isso e vou sugerir uma série de modificações nos estatutos. Sobre meu pedido na justiça, gostaria que publicasse a decisão e aproveito para esclarecer duas coisas:

  •  Os boatos que circularam por aí dizendo que eu queria atrapalhar a assembleia são mentira. Como a própria Juíza deixa claro no 7º parágrafo da decisão, eu nunca discuti a regularidade da assembleia.
  • Como se pode verificar no 8º parágrafo, a Juíza só não concedeu meu pedido porque acreditava que a proposta formulada pelo Conselho Deliberativo seria discutida no momento oportuno, qual seja, quando da realização da Assembleia, cujos sócios foram convocados para expor suas opiniões, debater e tomar uma decisão conjunta a respeito das mudanças a serem realizadas no Estatuto do clube. A Assembleia foi assim?

Será que se a Juíza soubesse que no regulamento que foi publicado às vésperas da Assembleia não havia nenhuma previsão de nada parecido com o que ela imagina meu pedido teria sido negado? É razoável que os sócios do Fluminense não possam saber quem tem direito a voto no clube? Só entrei com essa ação porque o Presidente da Assembleia Geral sequer respondeu a carta que protocolei dia 29 de julho. Achei um absurdo! Ficar sem resposta é uma falta de respeito que nenhum sócio pode aceitar. Precisamos modificar muita coisa nos estatutos. Transparência precisa ser a regra!

IMPORTANTE: Todos os links adicionados nas respostas foram um pedido do candidato Pedro Trengrouse.