Hoje aposentado da função de treinador, Abel Braga ocupa atualmente o cargo de diretor técnico do Vasco. Seu último clube foi o Fluminense, no ano passado. Ele entregou o cargo pouco depois de vencer o Campeonato Carioca. Na quarta-feira, o Tricolor encara o Internacional, no Maracanã, pela ida da semifinal da Copa Libertadores. Na véspera deste importante duelo, o site ge ouviu jogadores que atuaram sob o seu comando e conseguiram títulos importantes em ambos os clubes onde o Abelão é ídolo.
Segundo técnico com mais jogos pelo Fluminense, com 352, atrás apenas de Zezé Moreira (482), Abel Braga teve quatro passagens no Tricolor. Foram três títulos cariocas (2005, 2012 e 2022) e um brasileiro (2012). O Abelão foi homenageado pelo clube no ano passado, dando nome ao campo 2 do CT Carlos Castilho.
Abel também teve diversas passagens pelo Inter. Por lá, a mais importante foi em 2006, culminando com os títulos da Libertadores e Mundial.
A reportagem ouviu quatro ex-jogadores: Tuta, Fabiano Eller, Wellington Monteiro e Carlinhos. Curiosamente, todos atuaram com o técnico no Fluminense, enquanto o ex-zagueiro Fabiano Eller e o ex-volante Wellington Monteiro estavam sob seu comando nas conquistas mais importantes pelo Inter.
O ex-atacante Tuta e Fabiano Eller estavam no Fluminense na conquista do Campeonato Carioca em 2005, já o ex-lateral-esquerdo Carlinhos foi bicampeão brasileiro (em 2010 com Muricy Ramalho e 2012 com Abel) e campeão carioca (2012 com Abel). Veja o que eles disseram do Abelão:
— Queria pedir desculpas por toda dor de cabeça que fiz você passar. Tenho tantas histórias para poder contar, mas queria ficar no agradecimento por tudo que fez na minha carreira e pela pessoa importantíssima que foi. Foi um treinador, um pai. Você foi fundamental para que eu pudesse ter desempenhado meu futebol dentro do Fluminense e lá conseguido os títulos, o desempenho e chegar na Seleção. Mas, primeiro de tudo, queria dizer que você é um cara especial e que foi um pai para mim – iniciou Carlinhos.
— – Falar do Abel é muito fácil, um cara excepcional, íntegro e reto. Especialista como técnico. É um cara exemplar e que eu tenho um carinho enorme. Eu me lembro que em 2006 ele nos deu tudo “mastigadinho” e tranquilo, por isso que ficou marcado o jogo do Inter contra o Barcelona. O Abel foi fundamental, nos deu a parte tática toda preparada. É um cara que fez e vem fazendo uma história linda. É um cara que merece todo nosso respeito – falou Wellington Monteiro.
— Tem um fato engraçado. Não lembro o jogo, mas foi em Volta Redonda. O Juan e o Pet estavam brigando no fim do jogo. Chegaram no vestiário com aquela discussão… O Abel chegou e falou: “Ah, vocês querem brigar? Ah é? Então briga aí”. Ele pegou um por cada braço, colocou os dois e eles ficaram com uma cara (risos). No fim das contas ninguém brigou. Eu estava relaxando na banheira, o Abel chegou do meu lado e perguntou se tinha ido bem e respondi: “Pô, foi bem demais” (risos). Esse é um fato engraçado que acho que vou sempre lembrar – recorda Tuta.
— Cheguei no Inter com um pouco de desconfiança da diretoria e da torcida porque eu era um zagueiro mais técnico e o pessoal no Sul não gostava tanto desse estilo de jogo, zagueiro que saía jogando. Pessoal achava que eu era carioca e no primeiro jogo, na minha estreia no Inter, estava fora de ritmo e acabei entregando a paçoca (risos). É difícil a gente contar as derrotas, mas esse é um caso até engraçado. Cheguei lá com a desconfiança, não fui bem, tentei sair jogando, roubaram a bola e fizeram o gol. Depois disso aumentou a desconfiança. Mas depois disso tivemos esse sucesso todo com o Internacional. Fomos campeões da Libertadores, joguei todos os jogos da Libertadores, fui campeão do mundo, vice-campeão brasileiro, eleito melhor zagueiro do Campeonato Gaúcho e melhor do Brasileiro de 2006, então acho que Abelão estava certo em ter me contratado. Depois de muita desconfiança consegui vencer ela e acho que também ajudei a abrir um pouco o mercado para o futebol técnico de zagueiro no Rio Grande do Sul. Pessoal não gostava tanto disso, preferiam um zagueiro mais viril, de mais pegada e intensidade, mas eu era mais técnico. E consegui mudar um pouco a cabeça do pessoal do Rio Grande do Sul – encerra Fabiano Eller.