Oi, pessoal.
Sinto-me realizada! Se defendo a escalação de Nenê e Ganso juntos, como já o fiz e fui criticada, a ponto de rever minha posição, eis que surge o multi-campeão do “atual futebol moderno”, Muricy Ramalho, para chancelar e ensinar como um grande clube deve agir com os seus treinadores.
Em entrevista exclusiva ao NETFLU, respondeu assim quando o melhor setorista tricolor, Paulo Brito, o questionou sobre o tema:
“Claro que sim. O que não é possível são dois jogadores ruins. O técnico que se vire de arrumar um lugar para ambos. O problema é quando é jogador fraco. Esses dois são muito bons. Mas é o treinador que precisa ajustar isso.”
Aproveitando o ensejo, o jornalista não hesitou: “E Ganso, Nenê e Fred juntos, não ficaria muito lento?”
Muricy, conhecido por sua franqueza e objetividade, sem rodeios, ensinou: -” Se você tem jogadores de lado e volantes com velocidade, não tem problema nenhum. Vai mesclar jogadores de velocidade com atletas mais cadenciados. Depende muito do treinador.”
Meu Deus, finalmente. Eu já não sei se me sinto de alma lavada – se falo isso me mandam lavar roupa – ou se choro por constatar que a direção do Fluminense não entende bulhufas de futebol (a pior das tragédias) e parte da torcida segue esse “blá, blá, blá.”
Mas Muricy desafia Odair Hellmann como eu venho desafiando: sair desse 4-4-2 que não dá liga com o que temos de melhor no elenco e precisa estar em campo.
Odair é um jovem treinador vindo da escola sulista, quase uruguaia, carimbada pelo curso da CBF que parece ter um único conteúdo didático com base na Seleção Brasileira de 1994. Aquele 4-4-2.
Esse sistema só funciona bem em times quando, no seu elenco, você tenha laterais e volantes que saibam marcam bem e/ou apoiar com qualidade. Vide o Atletico de Madrid de Simeone anos atrás.
Não é o caso desse Fluminense. Por isso, um técnico bom é aquele saiba usar um sistema de jogo no qual aproveite o ponto forte do elenco.
Odair não consegue isso com esse 4-4-2. Pelo contrário. Tudo para garantir a ideia tosca de atuar com oito – e até nove – jogadores atrás da linha da bola, para garantir segurança defensiva. Ilusório.
O Fluminense não tem jogadores defensivos que saibam marcar: os laterais direitos chegam a passar longe de ter noção de marcação; dos volantes, somente Yuri sabe dar o bote, antecipando.
Escolher esse sistema sem ter bons marcadores, atraindo o adversário, é suicídio. Vai esperar o Brasileiro para ver? Não aprendeu com a eliminação para o Bonsucesso do Chile nem na derrota para o fraco Figueirense?
Por isso, ou Odair aceita defender sem suas linhas de quatro ou o Fluminense deverá ir ao mercado contratar laterais e volantes que marquem.
É trocar Gilberto e Igor Julião por Cafú ou Juanfran. Hudson, Henrique, Yago e Dodi por Mauro Silva, Dunga ou Koke. Não temos jogadores com esse perfil para esse sistema de jogo encaixar bem.
É possível abrir mão do sistema sem abdicar da segurança defensiva. Para isso, Odair tem que dar um salto de 94 para 2002, ao menos.
Grandes clubes atuam com três zagueiros. Do Barcelona de Guardiola, com Abidal fazendo a trinca com Piquet e Puyol; ao Bayern de Munique atual : Pavard, Boateng e Kimmich.
Sem ter laterais nem volantes que saibam marcar ou marquem bem, por que não atua com Nino, Matheus Ferraz e Luccas Claro (jogou pelo lado esquerdo no Coritiba)?
No “atual futebol moderno”, até se joga com um jogador ofensivo como ala. Odair já faz isso mesmo com laterais. Por que não com 3 zagueiros, Pacheco e W.Silva pelos lados com Yuri (fazendo o quarto zagueiro) e Hudson na saída de bola?
Então, Ganso na armação, Nenê girando de falso 9 e Fred na área?
Bem, estou escalando características e nos livrando das Avenidas Gilberto, Egídio, Julião, Orinho, ganhando em qualidade na marcação e na parte técnica.
Muricy desafiou Odair. Temos uma possibilidade real, atual, possível. Agora é saber se o jovem técnico tricolor saberá sair do seu quadrado sistema para que tenhamos equilíbrio entre boa marcação com qualidade de jogo.
P.S. não escalei o Marcos Paulo porque ele deve ser vendido. Mas ele atuaria no lugar de Ganso ou Nenê.
Vamos, Hellmann! O futebol não tem só um sistema de jogo. E o melhor é aquele que encaixe o melhor que o elenco tem.
Essa é a função do técnico. Preparado?
A conferir.
ST.