Nem todos os torcedores do Fluminense ficaram plenamente felizes no último sábado (4). Um grupo pagou caro por bilhetes e não conseguiu acessar o Maracanã para a final da Conmebol Libertadores entre o Tricolor e o Boca Juniors (ARG). Eles acreditam que tomaram um golpe da Turisport, agência de turismo, que ofereceu pacote de traslado e ingressos.
Em contato com o NETFLU, o torcedor Gabriel Moraes, de 40 anos, afirmou que adquiriu sete ingressos para ele e amigos. Os valores superam R$ 17 mil (ver abaixo). Quando tentaram entrar no estádio se surpreenderam. Alegam que os QR Codes já haviam sido usados e, assim, foram impedidos de acompanhar a decisão continental.
– Ficamos com a empresa no hotel até umas 15h mais ou menos, cerca de 50 pessoas. Informaram que os ingressos chegariam de forma digital. Começaram a enviar os links e as pessoas foram saindo do hotel. Mas na chegada à catraca do Maracanã, os links que eles enviaram pra gente já tinham sido usados 1h atrás. Quando você entra no estádio, o seu QR Code sai da sua carteira e qualquer outra pessoa pode armazená-lo. Se a Conmebol não autorizasse isso, a empresa não poderia dar esse golpe. Achamos que foi isso que aconteceu – contou Gabriel.
O torcedor diz que a Turisport busca um acordo com esses tricolores, devolvendo o valor investido e crédito em viagens. Ele não está disposto a fechar este combinado, entendendo que foi muito lesado e estuda, junto com outras 30 pessoas, acionar a empresa de turismo na Justiça.
– O contato com eles foi em outubro. Do dia 2 (de outubro) até a véspera do jogo o contato foi 100%. Sempre solícitos, mandavam promoções. Uma delas foi que quem tivesse ingresso do Leste Superior poderia, por R$ 500, migrar para o setor Sul. Eles tinham marcado a entrega física dos ingressos para os dias 3 e 4 (de novembro). Só que no dia 3 eles informaram que todos os ingressos seriam digitais. Já começamos a desconfiar. Falaram que era um problema da Conmebol. Os ingressos não chegavam de maneira digital. Umas 10h30 chegaram três representantes da empresa, alugaram um espaço no hotel e informaram que o ingresso iria chegar. Foi dando 12h, 13h e nada. Às 14h chegaram dois seguranças que a empresa contratou, pois viram que o clima iria ficar quente. Quando deu 15h falaram que tinham ingressos no Maracanã e no Shopping Tijuca iriam entregá-los. Milagrosamente os links com os ingressos chegaram. Fomos para o Maracanã e aconteceu isso. Não tinha ninguém da empresa no Maracanã e os QR Codes já tinham sido usado por outras pessoas. Mandavam outros links e quando começou o jogo não responderam mais – disse Gabriel Moraes, que seguiu:
– Acreditamos que foi golpe. No fim das contas, às 17h, só sobrou o grupo da Turisport no Maracanã. Tinham 70 mil pessoas lá dentro e só as 30 pessoas tiveram problemas. Não achamos que houve problema com a Conmebol. Em nenhum momento se justificaram ou culparam alguém. Perguntamos: E aí, o que farão agora por ter destruído o sonho de um grupo que ficou lá fora? Eles falaram que o acordo era esse, esse e esse, ponto.
O torcedor, morador do Cachambi, Zona Norte do Rio de Janeiro, revelou que conheceu a Turisport através dos jornalistas e influenciadores Gabriel Amaral e Victor Lessa. A credibilidade que os dois passam foi a razão de ter feito contato com a empresa e fechado negócio.
– Chegamos até eles por causa do Victor Lessa e Gabriel Amaral, que fizeram propaganda da empresa. Os dois, junto com o NETFLU, são os que mais acompanhamos, temos confiança. Se eles anunciaram, então achamos que a empresa era confiável, não tinha porque ter problema. Mandei mensagem para o Victor e o Gabriel. O Lessa ficou revoltado, me respondeu com um áudio dizendo que tem contrato com a empresa e anunciou duas vezes, no jogo do Paraguai (contra o Olimpia) e o do Internacional e não teve problema. Mediante ao que ocorreu entraria em contato com a empresa para devolver o dinheiro e que iria prontamente parar de anunciá-la. O Gabriel não me respondeu.
O NETFLU procurou a Turisport. Em resposta, o supervisor de marketing da empresa, Fernando Aguiar, admitiu os problemas, mas responsabilizou a Conmebol. Ele negou que tivesse ocorrido transferências de QR Codes e afirmou que a infelicidade aconteceu com um grupo menor do que o relatado pelo torcedor do Fluminense.
– O que houve foi que o aplicativo da Conmebol apresentou problemas não apenas com nossos clientes. O ingresso é intransferível. Uma vez no aplicativo e o QR Code gerado não existiria possibilidade de transferir para outra pessoa. Está no celular dela, é válido. Impossível o QR Code ter sido utilizado. Aconteceu isso com um grupo muito pequeno. Levamos 500 pessoas e com apenas sete ocorreu esse problema infeliz. Estamos nessa luta para entender o que aconteceu e vamos recompensá-las não só com reembolso, mas também crédito de viagem. Estamos amparando essa galera, mas não foi uma coisa isolada nossa – garantiu Fernando, que seguiu:
– Se tivesse acontecido com os mais de 500 clientes teria parecido na Globo (risos). Estamos fazendo de tudo para solucionar isso hoje (8). Obviamente eles (torcedores) estariam no direito deles (de procurar a Justiça), mas faremos tudo para resolver isso extrajudicialmente. Não negamos que houve um prejuízo para esse pequeno grupo de pessoas. Vamos tentar chegar num acordo que compense eles de alguma maneira que não chegue a esse ponto na Justiça. Talvez dando uma passagem para o Mundial, que é muito mais caro do que eles pagaram. Um meio termo que seja legal.
Ainda de acordo com o representante da Turisport, a Conmebol deverá ser acionada pela empresa de turismo. Ele entende ser ela a causadora do imbróglio que culminou com o fim do sonho de torcedores que pagaram caro e queriam ver o Fluminense campeão da Libertadores no Maracanã.
– Vamos acionar a Conmebol. Da mesma forma que estamos tentando resolver com os torcedores, tentaremos com a Conmebol extrajudicialmente. Se não conseguirmos vamos acioná-los, é um fato. Mas não iremos esperar a Conmebol resolver a nossa vida. Vamos amparar esses torcedores da melhor forma possível.