Não é de hoje que a torcida do Fluminense questiona o valor baixo pelo qual suas joias de Xerém são vendidas. Em entrevista ao canal Raiz Tricolor, Mário Bittencourt falou a respeito do assunto e lembrou o acerto recente para Luiz Henrique seguir ao Betis, da Espanha, no meio do ano.
O presidente tricolor admite que não foi o negócio dos sonhos, mas ditado pela necessidade do clube de fazer caixa.
— É um ciclo não só pela questão financeira do clube. Uma série de motivos, não só no Fluminense. Recentemente, o Atlético-MG, que hoje tem um investidor muito potente, apesar de ter uma dívida que é o dobro da nossa, e um faturamento semelhante. Eles, salvo engano, venderam o Savinho pro Manchester City, por 6 milhões de euros. Uma das maiores joias da base. Por que às vezes o clube, mesmo com um grande aporte financeiro, vende pelo valor de mercado? Você vende por aquilo que o mercado traz a você e te oferece. Às vezes a gente recusa. Um outro motivo, por exemplo, de se vender um ativo do clube, é por causa da chegada de outros. No Atlético-MG, com o aporte, chegou o Hulk, que muitos não acreditavam, e não tem o espaço para o menino subir. Vou dar outro exemplo. O Flamengo vendeu um centroavante que acho excelente, o Rodrigo Muniz, pro Fulham, da Inglaterra, por 8 milhões de euros. Um jogador que já vinha fazendo gols no profissional, na minha opinião um excelente centroavante. O Flamengo vendeu porque tem o Gabriel, o Pedro e dificilmente seria absorvido. Para não perder esse ativo a zero, porque a lei não beneficia os clubes, o contrato acaba. O Flamengo tem obrigação de vender para o ativo não virar pó – disse, prosseguindo:
— Nós somos um clube que fabrica mais, absorve mais no time profissional. Temos mais de um terço do time formado na casa. Todo esse contexto do mercado saber que o Fluminense é formador e que precisa vender jogador. Não significa que não possamos recusar. Em momentos recusamos e em outros não. O que determina é a necessidade de momento e o que o mercado entende naquele momento que vale o jogador. Quando falei que não recebemos outras propostas pelo Luiz, não recebemos mesmo. Nem antes, durante ou depois. Tem todo um arcabouço comercial. Essa roda tem momentos e momentos. Naquele momento que vendemos o Kayky, por exemplo, estávamos um pouco mais equilibrados do ponto de vista de caixa e resistimos mais. No momento do Luiz, eu talvez na emoção e raiva de estar perdendo jogador, eu não tenha me explicado bem. A primeira proposta foi de 5 milhões de euros e por 100%. Naquele momento, tínhamos em curso vendas de Nino e Gabriel Teixeira, que não aconteceram por circunstâncias alheias à nossa vontade. Fomos pedindo mais até chegar a 13 milhões de euros entre valores fixos e futuros. E ficamos com 15% dos direitos para a frente. Foi uma venda maravilhosa? Não. Foi necessidade de mercado. O Fluminense precisou naquele momento fazer a venda.