Com a saída de Odair Hellmann, Marcão assume o comando técnico do Fluminense até o fim da temporada. Em entrevista coletiva no CT Carlos Castilho, na Barra da Tijuca, nesta quinta-feira, o treinador tricolor falou sobre vários assuntos, incluindo sua carreira.
O primeiro desafio de Marcão será contra o Vasco, no próximo domingo. O técnico comentou sobre a preparação da equipe, o estilo de jogo que pretende que o time adote e muito mais. Confira abaixo, na íntegra, a entrevista:
Expectativa de assumir o time em outra situação em comparação ao ano passado
– Situações diferentes, mas a responsabilidade é a mesma. Naquele momento, a situação era de fim da tabela, rebaixamento. Hoje lutamos em cima, Libertadores. Responsabilidade igual, empenho ainda maior, mais preparado ainda. Muito empenhado no projeto. Acredito que com a ajuda de todos, nesse momento, temos grande chance de conquistar o objetivo lutando para cima. Especial, feliz por mais uma vez o clube ter confiado ao nosso estafe essa condição. É entregar tudo que temos para o Fluminense continuar forte.
O que pretende manter do Odair em termos de filosofia e prática e o que colocar do seu dedo na equipe?
– Pretendemos manter tudo de bom que o professor deixou. A equipe e o grupo têm uma maneira de jogar. Quem sentar aqui hoje tem de respeitar isso. Vamos manter o nível de dedicação, competição. Vamos competir, marcar forte. O que puder contribuir da forma que o Marcão gosta de jogar, vamos tentar fazer. Vamos ver se o grupo recebe bem. Em princípio, vamos dar continuidade a um processo vencedor que está sendo no Brasileiro
Ganso como articulador no ano passado. Agora ele ganha novo ar? John Kennedy e Samuel também podem ganhar chances
– O Paulo é um jogador que trabalhamos há muito tempo, tenho carinho especial por ele. É um grande jogador e todos sabem. Faz parte do grupo, se entender que é o momento dele de novo. Gosto do estilo do jogo dele. Nos ajudou muito no final do ano passado, foi comprometido com a instituição, o processo. Tem o carinho e o respeito. Quando estiver dentro, vai ajudar. Contamos com ele nesse movimento.
– Samuel e John até falei com os meninos sobre essa possibilidade do sub-23, capitaneado pelo Angioni. É de grande importância. Precisamos muito da molecada que estava jogando. Odair teve oportunidade de jogar com Martinelli. Estava com minutagem, foi pro jogo, foi grande, se destacou. Isso faz parte do projeto sub-23. Que permaneça com isso e vira uma ponte para o profissional. Esses meninos estão trabalhando. Hoje trabalhamos com o Gabriel Teixeira, Cauã. Amanhã treinamos com John Kennedy, Samuel está jogando com o sub-23. Vai ser porta aberta. Conhecemos o trabalho dos meninos. Quando precisar, não vai ser problema pegar eles com minutagem e usar no time de cima. Essa é a importância do sub-23. Quando precisarmos, teremos
Efetivação ao fim do campeonato
– Calma. Estou chegando agora (risos). Deixa passar o primeiro jogo, o segundo, o terceiro jogo (risos). Estou feliz com a confiança do presidente, do Paulo e dos atletas. Isso é importante nesse processo. Espero passar meses importantes juntos, em família. Vamos ganhando no dia a dia. Deixa mais para a frente pensar nisso. O pensamento, a meta agora é manter o Fluminense numa posição importante e devagarzinho ir crescendo. Dessa forma, mais para a frente, voltamos a falar sobre isso.
Odair era questionado. Como colocar todos no mesmo barco?
– O dia a dia ele foi buscando o crescimento. O Brasileiro é um campeonato difícil e foi pegando o jeito e a maneira de jogar durante a competição. O time achou uma maneira muito forte e regular. Sobre a contestação nesse cargo aqui é o tempo todo ser cobrado. Quem não estiver preparado não tem de estar aqui. Dessa forma, mesmo ganhando vai haver um ou outro questionamento
Racismo no jogo do PSG
– Acompanhei por auto. Não vi a matéria toda. Logo mais vou ver se ligo pros amigos de Paris. O que vimos, o movimento foi muito interessante, muito forte. Essa é a mensagem que temos de deixar. Um caso sério e temos de fazer esse movimento juntos. Tudo que acompanhamos, as duas equipes estão de parabéns pelo que vivemos não podemos aceitar tal afronta. Temos de ser anti-racista. Que isso sirva de exemplo a todos nós. Temos de enaltecer.
Evolução do ano passado para cá? Curso na CBF, aspirantes no Flu. Qual o maior desafio nesse ano? Jogos sem torcida, desfalques por Covid o tempo todo?
– A evolução e autoavaliação é nítida. Quando paro e olho no espelho, converso sozinho e com amigos. Cheguei numa condição e logo com três meses tive de assumir o profissional. Vinha um pouco fora do clube e assumimos naquela condição. Lógico que faltou alguma coisa. Agora que assumi pedi desculpas ao Marquinho, seu Paulo (Angioni), ao próprio presidente que depois entendendo, poderia ter usado mais esse cargo aqui obriga você hoje a precisar de todo mundo, do presidente, do diretor, preparador físico, preparador de goleiro. na verdade, o estafe inteiro. Já estou mais aberto a isso. A rodagem com o sub-23 me aprimorou dessa forma. Estamos com ritmo de jogo, faz a leitura de jogo, está no dia a dia no comando, vive o futebol o tempo inteiro. Esse sub-23 não serviu só para os meninos. Serviu de crescimento e entendimento para a comissão. Auxiliar o professor no profissional, dá uma carga um pouco melhor. O curto também, o entendimento sempre temos com o Thiago e o Marcelo nos jogos de fora. Não pode comparar o estilo, mas sempre trocando ideia e cresce. O Marcão daquele momento, pode ter certeza que subiu um degrau e vou procurar participar isso dentro do grupo
Odair deixou time forte defensivamente e na bola parada. Mas deixa a desejar na construção. No último jogo, o time melhorou
– Tudo que pedimos em termo de futebol hoje é isso, marcação, imposição, criação. A equipe fez o dever de casa. Conseguimos pressionar, marcar em cima, fizemos a movimentação que os treinadores adoram. Fizemos muito bem no jogo contra o Athletico. Queremos isso. Uma equipe que marque, tenha posse de bola, crie, tenha comando do jogo.
Diniz, Odair. Estilos a serem perseguidos no Flu
– Seguro, equilibrado e com posse de bola. É isso que vamos tentar. A segurança e equilíbrio do professor Odair e aquilo que gostamos de comandar jogo, criar ações. Realmente gostamos de tomar conta da situação. Se conseguirmos mesclar, realmente é o que queremos. Vamos tentar passar isso de maneira bem tranquila, com muito treinamento. Vamos tentar no dia a dia para ver se conseguimos colocar mais esse pontinho positivo para ficarmos mais fortes. Respeitamos o trabalho dos treinadores que passaram aqui. O Diniz é uma pessoa maravilhosa, o Odair e o Dulac mais recente. Quem sentar aqui, tem de pegar as coisas boas deles.
Situação de pegar o Vasco em posição difícil
– Jogar o clássico é sempre muito difícil. Nessas condições, com o adversário tentando ao máximo sair de condição adversa, é érigoso. Nossa equipe tem feito bons treinos, tem se preparado. Sabemos que será guerra. Vamos nos preparar para um jogo difícil, mas com possibilidades reais de vitória.
Se espelha em algum treinador?
– Eu tive a oportunidade de trabalhar com grandes treinadores. Não só jogador, como treinador. Oswaldo tenho admiração, me ajudou muito como jogador. Renato Gaúcho, pessoa maravilhosa. Odair é uma pessoa maravilhosa, o Diniz… Tenho admiração grande por eles. Tentei pegar o melhor de cada um para fazer o estilo de jogo do Marcão. Do que gosto de ver e acompanho de futebol no mundo, gosto de propor o jogo, de ir para o jogo. E também entendo que tem horas que é necessário fechar e sair com a transição. Gosto de propor o jogo, mas sei que em algum momento temos de segurar e contra-atacar.
Como foi a despedida do Odair?
– Odair desejou boa sorte. Algo especial para a gente. Confessamos aos atletas ontem que para a gente foi legal pegar o bastão dessa maneira, o treinador saindo por mérito. Quer dizer que o estafe fez um bom trabalho. Conseguimos contribuir de alguma maneira. Realmente, nas outras mudanças, foram em situações ruins. Agora ficamos satisfeitos. Que ele tenha sucesso e conquiste coisas na vida dele. Todos trabalharam para isso.
Contato com Thiago Silva
– O mano ele na hora viu a mensagem. Disse que estava chegando para auxiliar. Eu falei: “Opa! Auxiliar não, vem para jogar, ajudar a gente. Será bem-vindo!”. Ele é muito amigo. Trocamos sempre mensagens. Se Deus quiser, em breve vai estar aqui para nos ajudar dentro de campo.