Desde que Nenê chegou ao Fluminense, em meados do ano passado, muito se perguntava se ele e Ganso poderiam atuar juntos na equipe sem deixá-la vulnerável. Agora, com Fred, o questionamento já se ampliou para saber se é viável o aproveitamento do trio junto. Atualmente, com Odair Hellmann, o camisa 10 tem sido reserva e Nenê titular. Veja a opinião de comentaristas do SporTV a respeito do assunto:
Fred, Ganso e Nenê podem atuar juntos?
Ana Thaís Matos
O Fluminense teve como característica nesses últimos anos jogadores com velocidade no ataque. Foi assim com Yony Gonzalez, João Pedro e Marcos Paulo, por exemplo, mas também teve bons momentos com atacante de movimentação como caso do Pedro. Com Fred, a responsabilidade ficará grande em relação a esse jogador mais leve que atuará pelo lado, como Wellington Silva (tanto para ajudar na criação, quebra de linhas adversárias, quanto no primeiro combate, quando o time perde a bola ainda no campo de defesa do adversário).
Esse, para mim, é o primeiro ponto, porque também reflete em quem vem atrás, ou seja, a linha de meio campo que já não conta com jogadores muito rápidos, como Henrique e Ganso, e tem pelo lado esquerdo um pouco da fragilidade defensiva do Egídio. Por isso, esse jogador pelos lados também é fundamental. Tudo pra mostrar como um dos problemas pode ser pensado.
Agora, positivamente, o Fluminense tem Hudson, que aos poucos vai mudando a forma de atuar com Odair Hellmann. Não é aquele primeiro volante marcador e nem o segundo de passe, mas quase um terceiro homem com liberdade para infiltrar no corredor e chegar na área – salvo as devidas proporções, quase o que fez Cícero no próprio Fluminense.
Com isso não precisa liberar tanto o Henrique e deixar o setor exposto (já que não terá a velocidade na recomposição defensiva dos outros jogadores). Eu confesso que vejo extrema dificuldade de montar um time com quatro meias com as características de Ganso, Nenê, Hudson e Henrique atualmente. Uma alternativa seria empurrar o Nenê para jogar quase como mais um atacante pelo lado esquerdo, Fred centralizado e, na direita, Wellington Silva, com Ganso atrás dos três”.
Escalação ideal: Muriel, Gilberto, Nino, Matheus Ferraz e Egídio; Hudson, Henrique e Nenê; Marcos Paulo, Wellington Silva e Fred.
Caio Ribeiro
“Podem jogar juntos. Acho que o futebol te permite tudo, mas você tem equilibrar esses jogadores um pouquinho mais velhos, que já passaram dos 30 anos, um pouquinho mais rodados… O Ganso nem tanto, mas principalmente Nenê e Fred. Henrique e Hudson também. Com uma molecada. Eles são muito úteis quanto à experiência e qualidade que eles têm com a bola nos pés. Mas o futebol é marcação, compactação e, principalmente, intensidade. Dá para eles jogarem juntos, mas você tem que rechear de uma juventude nos outros lados do campo.
Eu acho que se você for ter o Fred como titular, e ele é um ídolo, que é o que eu acho mais legal. Imagino como ele deva estar feliz de estar voltando para casa, nos braços da torcida, no clube do coração dele, onde ele é 100% identificado, já em um final de carreira. Mas eu acho que você tem que ter velocidade pelos lados do campo, você tem que ter jogadas pela linha de fundo.
O Fred é um grande finalizador, grande centroavante, grande camisa 9, mas ele precisa de parceria. Ele precisa desses cruzamentos, porque dentro da área, quando a chance aparece, ele guarda. Acho que o grande desafio do Odair é poupar um pouquinho o Fred para os jogos mais importantes. E o torcedor entender que aquele Fred campeão brasileiro, artilheiro, melhor jogador já está em um outro estágio da carreira, onde ele vai ser importante, onde ele vai fazer gol, onde ele vai ajudar essa molecada a crescer e tirar um pouquinho a responsabilidade do ombro deles, mas que ele já não tem mais a juventude como uma das principais características”
Escalação ideal: Muriel, Gilberto, Nino, Digão e Egídio; Hudson, Henrique e Nenê; Caio Paulista, Wellington Silva e Fred.
Ledio Carmona
“Não, de forma nenhuma (os três jogarem juntos). Não pode jogar dois juntos, quanto mais três. Acho muito arriscado, acho muito difícil que o Odair opte por isso. Os três, duvido que ele ponha. Lembrando que o Odair, em alguns momentos, deixava o D’Alessandro no banco no Inter. O D’Alessandro não gostava muito, mas sentava no banco. Ele já deixou o Ganso no banco.
Se a gente pensar com a cabeça do Odair, pelo que ele fez até agora, com Nenê e com o Fred, acho que ele vai jogar boa parte dos jogos com Nenê e com Fred. E, em alguns jogos, se o Fred não estiver inteiro, ele vai botar o Fred para descansar e vai usar o Evanilson. É o que eu acho e o que faria também.
Os três juntos, não vejo a menor possibilidade. Eu não faria e acho que ele não vai fazer. Os dois juntos, ok. Mas assim mesmo o time vai ficar mais debilitado em termos de marcação, recomposição, não vai ser fácil. Vai ter que ter um trabalho coletivo do resto do time para ajudar, porque o Fred marca quase nada na saída de bola do adversário. E o Nenê até marca, mas o fôlego dele vai até um certo tempo, até um certo limite. E o Ganso? O Ganso vai jogar quando o Nenê não jogar. É o que eu imagino. Os dois juntos dificilmente a gente vai ver em campo em 2020″
Escalação ideal: Muriel, Gilberto, Nino, Matheus Ferraz e Egídio; Hudson, Yago e Nenê; Marcos Paulo, Fernando Pacheco e Fred.
Léo Miranda
“Poder, podem! Mas eles terão que se adaptar para que o time não fique muito lento ou sofra na marcação. Fred foi um centroavante bem participativo na Copa das Confederações de 2013, sempre marcando um dos volantes adversários. Ele pode fazer essa função junto com o Ganso enquanto o Nenê, teoricamente o mais “lento” do trio, fica mais à frente. O importante é que os três ajudem sem a bola, seja preenchendo espaços ou com um posicionamento mais recuado.
Para acomodar dois jogadores de menor mobilidade como Ganso e Fred, Odair pode montar um losango no meio-campo. Nesse sistema, Fred ficaria junto a Nenê no ataque e Ganso faria a função de meia armador, no vértice do losango. Henrique, Hudson e Yuri poderiam compor o meio, ainda que o time possa carecer de velocidade.
Outra ideia interessante é resgatar uma velha ideia sobre Ganso: adaptá-lo à posição de “regista”, um primeiro volante que pensa jogadas. A referência é Pirlo. Nesse sistema, é importante que Hudson e Henrique (ou Yuri, Cassini e Yago Felipe) atuem sempre próximos para que a zaga esteja protegida. Com a posse de bola, o Flu poderia atacar com lançamentos e teria vaga para que Evanílson ou W. Silva pudessem ser a opção de velocidade junto a Fred.
Outra possibilidade é manter o 4-2-3-1 atual. Aí, a linha de três meias seria formada por um atacante de velocidade, Ganso na meia central e Nenê no lado direito. Essa função de lado foi a mesma que Nenê fez no São Paulo, com Dorival Júnior, no começo de 2018.
Odair não deve mudar o 4-2-3-1/4-1-4-1 que vem implementando nesse início de temporada no Fluminense. Ou Ganso, ou Nenê precisarão fazer a mesma função que Jadson fazia em 2015 no Corinthians ou que Éverton Ribeiro faz no Flamengo: um meia-armador pelo lado. Os dois já jogaram assim, no São Paulo. O desafio é dar velocidade para que a equipe não fiquei muito lenta no ataque, já que Nenê e Ganso são meias mais clássicos”
Escalação ideal: Muriel, Gilberto, Matheus Ferraz, Digão e Egídio; Hudson, Henrique, Nenê, Ganso e Wellington Silva; Fred.
PVC
“Não (podem jogar juntos) porque o time não vai ter combatividade. Na verdade, os três não vão conseguir jogar porque o time não vai ter a bola, não vai recuperá-la. Não é por eles não serem criativos, mas porque não combatem. E eles não têm, nesse momento da carreira, condições físicas para participar de todos os momentos do jogo. Acho que tem que jogar Fred e Nenê, e vai dar trabalho porque nove vão ter que jogar para dois. O time vai sofrer porque é só de construção.
O Nenê começou o ano muito bem, e o Fred fez 21 gols e foi o artilheiro do Cruzeiro ano passado. Em que pese que 12 foram no Campeonato Mineiro, os quatro na Libertadores foram contra Huracán e Deportivo Lara, e dos cinco gols no Brasileiro três foram de pênalti. Mas os seus números desde que saiu do Fluminense não são ruins.
Acredito que o Odair vai formar duas linhas de quatro. O meu ponto é: vai ter que achar uma maneira de jogar com Yago e Hudson e mais um de contenção para ter Wellington e Marcos Paulo ou Pacheco, e ter velocidade para chegar no Fred e no Nenê. Os pontas precisarão ter disciplina enorme. Eles podem ter, pela juventude, a capacidade de participar de todas as fases do jogo. É possível que consigam, mas perde a velocidade do Evanilson.
Acho que o conceito disso é que o Fluminense continua olhando para o passado para construir o futuro. Isso não quer dizer que o Fred não seja bom, a contratação mexeu com os torcedores e tudo, mas a pergunta é como consegue ter um ídolo e não vender candidatos a novos ídolos. Fluminense poderia ter um time com Ibañez, Marlon, Scarpa, Gerson, Wendel, Richarlison…”
Time ideal: Muriel, Gilberto, Nino, Matheus Ferraz e Egídio; Hudson, Yago, Wellington Silva e Marcos Paulo; Nenê e Fred.