O nome de Jhon Arias esteve em evidência recentemente no Fluminense de forma preocupante para a torcida tricolor. Isso porque, alvo de muitos clubes europeus (Girona (ESP), Galatasaray (TUR) e Zenit (RUS) fizeram propostas, mas foram recusadas – a oferta turca foi a que causou o maior alvoroço), recusou, inclusive, uma proposta tricolor de renovação. Seu contrato vai até agosto de 2026. Mas há vida sem ele? Em reportagem do site ge, os jornalistas do Grupo Globo avaliaram qual seria o impacto para o Flu caso o meia-atacante colombiano fosse negociado. Confira as análises:
Carlos Eduardo Mansur
— Uma eventual saída de Arias seria um golpe duríssimo, quase incontornável, ainda mais numa temporada de perda do André. Arias é o tipo de jogador em atividade no Brasil que nós olhamos e nos perguntamos como ele ainda está aqui. É um jogador que combina qualidade técnica, capacidade física e doação para o time. Uma combinação raríssima de encontrar. Acho que o Arias é, ao menos nas últimas duas temporadas, um dos principais jogadores do Brasil e do continente. Chama atenção também como transitou em diferentes estilos. No Flu de Diniz era o ponta que saía do lado do campo para trocar passes curtos e infiltrar. Na seleção ele se sacrifica trabalhando muito para acomodar James Rodríguez. E agora no Flu de Mano tem coberto grandes porções de campo para auxiliar na nova forma de jogar da equipe.
Cabral Neto
— O Arias tem muitas virtudes bem visíveis em campo, mas a mais importante de todas é a sua inteligência tática. Ele tem um entendimento do jogo bem acima da média e entrega exatamente aquilo que o time precisa e o treinador deseja, independente de quem comanda o Fluminense. Arias se encaixa nas ideias de Fernando Diniz, de Mano Menezes ou de qualquer outro comandante. E, a partir dessa leitura e execução perfeitas, o colombiano entrega suas virtudes. É a partir de Arias que o jogo do Fluminense acontece. A performance ruim do Fluminense durante a Copa América, quando Árias estava com sua seleção, já foi um indicativo fiel do impacto que a sua ausência pode causar. Seja construindo por dentro, numa fase mais defensiva do campo, chegando como ponta ou circulando como meia armador, Arias interfere na dinâmica da equipe. Nenhum outro jogador no atual elenco do Fluminense oferece tantas soluções e repertório quanto ele. Atacante de drible, passe, marcação, armação de jogadas e movimentação intensa. É como se um único jogador entregasse duas ou três funções ao mesmo tempo nas partidas e isso é raro no futebol. É isso que faz com que ele seja um jogador incomum e difícil de ser substituído. Não é impossível se recuperar sem ele, lógico, mas o Fluminense vai precisar reconstruir suas ideias de jogo, caso ele saia.
Pedro Moreno
— O Arias vem de duas temporadas consecutivas com mais de 25 participações diretas (gol + assistência) nos gols marcados pelo Fluminense. Foram 33 em 2022 – o que representou participação em 27% dos gols do Flu naquele ano – e 29 em 2023 (25%). Por si só, esses números já ilustram o quanto Arias é fundamental pro Tricolor. Mas, como se não bastassem as excelentes estatísticas, ele é uma peça imprescindível na dinâmica da equipe em todas as fases do jogo. Com bola, participa ativamente da articulação e da construção, com qualidade para acelerar a troca de passes, mas é também o atacante veloz especialista em atacar o espaço e com capacidade de quebrar linhas, seja com passe, com dribles ou movimentação. E sem bola, é peça importantíssima na recomposição ou em uma pressão mais alta, graças à grande entrega e excelente forma física. Além disso, é um jogador que se machuca pouco. Atuou em 62 jogos em 2022 e 61 em 2023. Na atual temporada, entrou em campo 36 vezes, marcando 9 gols e dando 7 assistências – o que significa novamente participação direta em 27% dos gols do Flu no ano até aqui. É difícil imaginar um treinador hoje de qualquer equipe na América do Sul que não gostaria de contar com Arias em seu elenco. Não à toa, vem sendo lembrado regularmente nas convocações para a seleção colombiana, onde atingiu status de titular e foi muito bem na boa Copa América que a Colômbia fez. Por todos esses motivos, uma possível saída de Arias seria um golpe duríssimo ao Fluminense, pois se trata de um atleta de dificílima reposição. É o tipo de atleta que, caso saia, exigirá que o clube tenha que fazer um alto investimento para repor com alguém de nível próximo.
Rodrigo Coutinho
— O Arias é um dos melhores jogadores em atividade no futebol sul-americano hoje. A saída dele em meio a uma temporada em que o Fluminense já perdeu André, outra referência da equipe, poderia ser trágica. Tem sido o diferencial ofensivo do time em jogos de marcação mais dura. Agrega habilidade, velocidade e força, além de muita técnica no momento de definição, seja nos arremates ou assistências. Tem nível para jogar nas principais ligas do mundo. Seria titular em qualquer equipe e esse tipo de atleta é insubstituível a curto prazo.
Lédio Carmona
— O Arias hoje é um dos melhores jogadores em atividade na América do Sul, mais até pelo seu desempenho no Fluminense. Na Colômbia ele joga, mas é diferente, ele é menos protagonista. É um jogador que fecha mais espaços, tem um trabalho mais tático de recomposição e não tem tanto um papel ofensivo como ele tem no Fluminense. No Fluminense ele tem um papel múltiplo, ele recompõe, ele ataca, ele faz gol, ele bate pênalti, ele arma, ele dá assistência, ele faz de tudo um pouco. Eu acho que ia ser muito desastroso para o Fluminense perder o Arias. Já perdeu o André, mas perder o Arias, seria perder o melhor jogador do time, um André é muito bom, mas o melhor jogador do Fluminense hoje em dia é o Arias. Já é algum tempo do meu modo de ver. E é um jogador que dá vida ao time, que dá o desafogo, que segura a bola na frente, que acanha o adversário, o adversário tem medo dele porque ele não desiste de bola nenhuma. Ele tem explosão, ele tem velocidade e tem feito a diferença, né? E cada vez mais ele cresce em jogos grandes, jogos decisivos. Com certeza vai piorar sem ele. Para o tricolor, é rezar pro Arias ficar, porque ele é que faz a diferença. Muita dessa recuperação do Fluminense tem o talento, a força e o protagonismo do Arias. Então, para o Fluminense o melhor é ficar com ele. Agora, não adianta ficar com o jogador também se ele não quer ficar, você tem que fazer um acordo, mostrar pra ele que é melhor que ele fique pelo menos até dezembro, tentar convencê-lo dessa necessidade. Para ficar com ele também a contragosto, não sei se é o melhor dos caminhos, mas se o Fluminense conseguir resolver isso na palavra. Ele é a grande âncora do Fluminense para a reta final de temporada.