Que Maradona, craque falecido nesta semana, fez a última partida pelo Barcelona (ESP) antes de se transferir para o Napoli (ITA) em torneio exibição contra o Fluminense, disso você já sabia. Neste domingo, o site ge divulgou mais algumas curiosidades daquele duelo histórico nos Estados Unidos.
O Tricolor das Laranjeiras entrou em campo bem desfalcado e na ressaca da conquista do título brasileiro em 1984. A participação no torneio, inclusive, serviu para o Fluminense arrecadar dinheiro e acertar a compra de Romerito.
Confira as curiosidades daquele duelo e torneio:
Ressaca de título
Naquela época, o Fluminense havia acabado de ser campeão brasileiro. Mas acabado mesmo: o time levantou o troféu em 27 de maio, após empate por 0 a 0 com o Vasco no Maracanã, e no dia seguinte já estava em campo contra a Udinese, da Itália, na abertura do torneio amistoso nos Estados Unidos. A comemoração do até então inédito título brasileiro – a conquista do Torneio Roberto Gomes Pedrosa em 1970 só foi reconhecido pela CBF em 2010 – teve que ser durante a viagem.
Naquela partida, o Fluminense entrou em campo com uma escalação quase toda reserva, exceto por Romerito. O paraguaio e ídolo tricolor foi quem marcou o gol do empate por 1 a 1 com a Udinese, mas os italianos levaram a melhor nos pênaltis e se classificaram para a final. Os brasileiros, por sua vez, teriam que disputar o terceiro lugar contra o Barcelona, que perdeu para o New York Cosmos, dos Estados Unidos. O jogo contra os espanhóis foi o primeiro dos titulares pós-título nacional.
Ensaio da mano de Dios
Maradona foi carrasco do Fluminense em dia de garçom, mas chegou a balançar a rede durante os 90 minutos. No segundo tempo, quando o placar já estava em 2 a 2, o craque marcou com a mão, em um movimento de cabeça na área, mas o árbitro viu e anulou. Foi como um ensaio para um dos gols mais famosos do astro dois anos depois, contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986, lance que ficou mundialmente conhecido como “la mano de Dios” (a mão de Deus).
Uma curiosidade é que alguns jornais brasileiros no dia seguinte se equivocaram e noticiaram um gol de Maradona na partida, o que não ocorreu. Se fosse verdade, o Fluminense teria sido o primeiro clube brasileiro a ser vazado pelo astro argentino, posto que ficou para o America-RJ. Seis anos depois, em 1990, a equipe rubra teve sua rede estufada pelo craque quando ele jogava no Napoli, em derrota por 4 a 1 na Itália, e se tornou o primeiro e único time do Brasil a ter essa marca.
Compra de Romerito
O torneio amistoso um dia depois de ser campeão brasileiro pode parecer sem sentido, mas na época teve uma grande motivação de pano de fundo: arrecadar verba para a compra de seu craque Romerito. Na época, o Fluminense precisava pagar uma parcela de U$ 125 mil dólares (equivalente a Cr$ 187,5 milhões de cruzeiros) ao New York Cosmos, dos Estados Unidos. Como ficou em último lugar na competição norte-americana, o Tricolor recebeu uma cota menor da premiação e arrecadou menos do que se esperava: U$ 60 mil dólares (correspondente a Cr$ 90 milhões de cruzeiros).
O clube teve que expandir a excursão e marcar mais amistosos, com cotas de U$ 25 mil dólares cada, para abater a diferença – ainda restaria uma última parcela para quitar a compra de Romerito em agosto daquele ano, no valor de U$ 75 mil dólares (Cr$ 112,5 milhões de cruzeiros). O paraguaio havia chegado há poucos meses às Laranjeiras e na viagem despertou interesse de um empresário para levá-lo para a Espanha por cerca de Cr$ 6 bilhões de cruzeiros. Mas o então presidente tricolor, Manoel Schwartz, recusou, e o jogador ficou até 1989 no clube, onde virou ídolo.