Após se destacar pelo, até então, pior time do Campeonato Paulista, a Ferroviária – é o artilheiro da competição -, John Kennedy poderá deixar o Fluminense. O Chicago Fire (EUA) negocia para comprar o atacante. A primeira proposta foi de US$ 3 milhões (R$ 15,5 milhões), o valor não agradou, mas a negociação segue. Porém, chama a atenção, mais uma vez, a relação de proximidade do clube com o empresário de JK, Giuliano Bertolucci.
Nesta temporada, o Tricolor contratou sete jogadores, sendo três deles agenciados por Bertolucci: o lateral-direito Guga e os meias Lima e Giovanni. Dois deles foram comprados: o ex-atleticano teve 50% de seus direitos adquiridos por cerca de R$ 9,5 milhões e Lima por R$ 2,8 milhões. Giovanni, que estava desempregado após passagem pelo Ajax (HOL), chegou sem custos com contrato até o fim do ano, prorrogável por mais um.
Giuliano Bertolucci é um dos maiores empresários desportivos do país e dono da SAF da Ferroviária, para onde John Kennedy foi emprestado sem custos até o fim do Campeonato Paulista. Caso o jovem de 20 anos seja vendido até abril, quando termina o torneio, a Ferroviária de Bertolucci ainda receberia 10% de taxa de vitrine. O Fluminense é detentor de apenas 60%, mas no Portal da Transparência do clube consta que 10% são de exclusividade do empresário (ver abaixo). Logo, Bertolucci teria direito a 10% e a Ferroviária, da qual administra, mais 10%. O Tricolor, portanto, ficaria com somente 40% do valor de uma futura venda. Os outros 40% são do Social-MG, que não tem relação com o empresário.
Assim ficariam divididos os direitos de JK se vendido até abril para qualquer agremiação:
Fluminense: 40%
Social-MG: 40%
Giuliano Bertolucci: 10%
Ferroviária-SP: 10%
O agente, também responsável pela carreira do técnico Fernando Diniz, é um dos maiores credores do Fluminense. Em outubro de 2019, o NETFLU trouxe a informação com exclusividade que o clube devia cerca de R$ 20 milhões a Giuliano Bertolucci e estava topo da lista dos credores do tetracampeão brasileiro na ocasião.
A relação do Fluminense com Bertolucci é próxima já há algum tempo e ultrapassa gestões. Em março de 2019, o NETFLU apurou que Bertolucci chegou a intermediar um contato de Pedro Abad, presidente do Flu até meados daquele ano, com o polêmico empresário iraniano Kia Joorabchian, que trouxe a MSI para o Corinthians. A ideia era possibilitar um acordo com um fundo financeiro, encabeçado pelo agente, de 50 milhões de euros (pouco mais de R$ 215 milhões) para aliviar as contas do clube.
No Brasil, Kia chegou a ser denunciado por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha em 2007. Um ano depois, o Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão liminar, suspendeu a ordem judicial sobre Kia Joorabchian, que ficou livre de qualquer acusação em terras brasileiras. Diretor de futebol do Fluminense desde 2018, Paulo Angioni trabalhou com Kia no Corinthians, como administrador da MSI e foi co-réu em processo de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O processo foi anulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e outros dirigentes absolvidos como o ex-presidente do Corinthians Alberto Dualib e, junto com Angioni, os ex-diretores do clube Nesi Curi e Renato Duprat Filho.
Ainda sobre John Kennedy, disputou oito dos nove jogos da Ferroviária no Paulistão e marcou seis gols. A equipe de Araraquara só balançou as redes na competição nove vezes. JK, portanto, foi o autor de 66,6% dos gols da Ferroviária no campeonato. O time de John, que pode abocanhar 10% de uma futura venda do atacante, é o lanterna do Paulista com cinco pontos e possui grandes chances de rebaixamento.