(Foto: Lucas Merçon - FFC)

Igor Julião virou notícia no ano passado após ter sido visto voltando de metrô para casa depois da partida válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, o Fluminense venceu o América-MG por 1 a 0, no Maracanã, e evitou o rebaixamento para a Segunda Divisão. O lateral-direito recordou o episódio e fez revelações a respeito.

Naquele dia, temendo pela sua segurança e da família, foi sozinho para o jogo e não quis retornar no ônibus da delegação. O alívio pelo resultado o fez chorar no vestiário.

 
 
 

– O que me chateia eu ter ido de metrô é ter virado notícia em vários jornais. E não o motivo de eu não ter ido com meu carro, com a minha família com medo do que poderia acontecer se a gente perdesse o jogo. Isso deveria ter sido a matéria. Como um jogador precisa deixar a família em casa? Deixar o automóvel em casa com medo do que possa acontecer? Especificamente naquele dia, foi uma sensação que nunca tinha sentido nada parecido. Se a gente perdesse seria rebaixado. Quando chegou no vestiário, eu não conseguia parar de chorar de satisfação, pelo resultado. Muitos jogadores passaram mal naquele jogo. Naquele momento, eu não queria ter de vestir o uniforme de novo e voltar no ônibus da delegação. Naquele momento eu não queria ser o Igor Julião jogador por tudo aquilo que eu senti naqueles 90 minutos. Foi uma coisa que eu espero nunca mais passar por aquilo – recorda.

Julião também faz uma crítica à forma como a sociedade vê o jogador de futebol. Em seu pensamento, o atleta deve ser encarado como uma pessoa normal. Não necessariamente precisa estar andando num carrão ou vestindo roupas de grife.

– Naquele momento o metrô tem uma explicação. O jogador tem de parar também. O jogador tem culpa nisso e o torcedor também. O torcedor coloca o jogador num patamar, endeusa. Nós somos seres humanos. E o jogador fica inacessível. Parece que é vergonha pro jogador não usar uma roupa de grife. Não é vergonha você pegar um meio de transporte porque o trânsito não te deixa chegar a um lugar. Isso não pode ser vergonha pra um artista, pra um jogador. A gente vive numa sociedade que eu não posso usar esse meio de transporte, não posso usar roupa barata. O brasileiro precisa mudar essa cultura, a gente tem de caminhar junto – opina.