Nesta quarta-feira, completa-se 36 anos do bicampeonato brasileiro do Fluminense. No dia 27 de maio de 1984, o Tricolor, após vitória de 1 a 0 (gol de Romerito) na ida, empatava em 0 a 0 com o Vasco na volta da final do Brasileirão. Ambos os jogos foram realizados no Maracanã. Jogadores presentes naquela conquista recordaram algumas histórias da ocasião.
Confira o que jogadores e o técnico Carlos Alberto Parreira falaram sobre o título (já falecidos, Washington e Assis foram representados por familiares em reportagem do site “Globo Esporte”:
WASHINGTON
POR ELAINE, GEOVANA E WASHINGTON JÚNIOR, VIÚVA E FILHOS DO CAMISA 9
– O ano de 1984 foi contado pelo nossos pais muitas vezes, como um ano de conquistas. Foi um ano especial e mágico. O pai contava com grande orgulho e emoção sobre o final do Campeonato Brasileiro de 1984. O Fluminense estava na final e seria entre dois times da capital, então a cidade estava em alvoroço, e todos muito concentrados para trazer o título novamente para casa.
– Ele estava morando sozinho no Rio de Janeiro. E como surpresa minha mãe foi um dia antes da final (sábado) encontrá-lo no Rio. Chegando na cidade, se sentiu indisposta e na consulta com o médico descobriu que estava grávida. Segurando toda a alegria do momento, ela esperou para dar a notícia, afinal ele estava concentrado e não tinha ideia que ela estaria lá nesse momento importante da carreira dele. Ela foi ao Maracanã assistiu ao jogo, vibrou muito com a vitória e logo após o término do jogo, eles se encontraram e comemoram a vitória. 1984: Fluminense bicampeão e Washington pai pela primeira vez. Ano inesquecível, ano que só traz boas lembranças. Seria dessa data em diante que Washington faria do Rio de Janeiro sua residência por mais oito anos
ASSIS
POR ANNE, GUSTAVO E VERI STELLA, VIÚVA E FILHOS DO ATACANTE
– O que ele sempre falou foi como o grupo era unido. Todos realmente muito amigos. Alguns se tornaram amigos para a vida toda.O título foi muito importante para carreira dele. Assis ficou realizado tanto por ter sido convocado para alguns amistosos da seleção brasileira, após esse título, quanto por ter feito parte de um momento histórico e eterno para o seu clube de coração. O título era um dos maiores orgulhos de sua vida.
ROMERITO
– Foi um desafio muito grande, porque eu prometi sair campeão quando eu cheguei. Eu coloquei todo esse campeonato na minha cabeça. Significou, para mim, o máximo. O máximo na minha carreira. O mais triste é o falecimento do Casal 20. Mas a unidade que nós tínhamos era muito grande. A gente se reunia uma vez por semana, tomando uma cervejinha, comendo um peixe, fazendo churrasco… “Reclamando” de cada um o que tínhamos que fazer para (o Fluminense) ser campeão brasileiro. O time era muito unido e tinha uma preparação física admirável. A união e o respeito entre nós foi fundamental para essa conquista.
PARREIRA
– No Brasil, foi meu primeiro grande trabalho, primeiro grande título. Junto com o Fluminense, que é meu clube. Aquilo impactou bastante, é uma coisa que a gente lembra até hoje. Me lembro bem do time, da maneira de jogar, era um 4-3-3, voltava com cinco homens. O time se compactava bem, era equilibrado. Os dois laterais apoiavam muito: Aldo de um lado, Branco do outro. Assis, Washington, Romerito, Deley. Com a bola jogava muito bem, um time tecnicamente muito bom. Atrás tinha uma defesa muito boa: Paulo Victor, Duílio e Ricardo Gomes, começando a carreira dele, grande jogador. Não foi campeão brasileiro por acaso não, era uma grande equipe.
PAULO VICTOR
– Um ano e pouco que esse time tinha sido montado e já estava disputando uma decisão de um Brasileiro. Graças a Deus conseguimos esse título maravilhoso. Para mim, um dos maiores títulos da minha carreira. Olha que eu tive vários… Mas esse Brasileiro de 84 foi o mais importante.
RICARDO GOMES
– Em 1984, eu estava disputando meu primeiro Brasileiro. Nossa equipe era forte na parte técnica, física e tática, éramos superiores. Moralizados por uma vitória em dezembro de 1983 contra o maior rival, o Flamengo, com gol de Assis no último minuto. Além das finais contra o Vasco, um outro jogo marcante, foi a semifinal contra o Corinthians no Morumbi, vitória de 2 a 0 em uma grande exibição.
DELEY
– Eu cheguei no Fluminense em 1976, joguei lá por 12 anos, e eu particularmente perdi muito pouco para o Vasco. Havia uma confiança, além da equipe estar vivendo um momento espetacular, da gente saber que os adversários tinham uma dificuldade muito grande para fazer gol na gente…
TATO
– Foi o gol mais importante que eu já fiz (contra o Corinthians na semifinal), jogando pelo Fluminense, e foi com o pé direito, sendo que sou canhoto. Era para ser! Meu pé direito até hoje é só para subir em ônibus. Eu sou canhoto mesmo (risos). A gente ainda se comunica (os jogadores têm um grupo de WhatsApp), troca umas ideias, mata as saudades. Nós fomos um time que ficou marcado em cada um de nós, porque foram quase seis anos juntos. Foi uma família mesmo.
ALDO
– Eu sou do estado do Amapá e, graças a Deus, fui feliz quando cheguei no Rio de Janeiro. Um sonho do amapaense ser campeão carioca. Aí depois vem o Campeonato Brasileiro, outro presente de Deus. Dentro do Maracanã ser campeão brasileiro é muita coisa. Essas coisas marcaram muito. Todos nós que jogamos no Fluminense demos nosso máximo. Fizemos essa campanha brilhante de 83, 84 e 85, e estamos de parabéns.
DUÍLIO
– E as lembranças de bolas alçadas na área e ganhar todas, não deixar a equipe do Vasco chegar no nosso gol. Lances que a gente poderia ter feito gols, principalmente no segundo jogo (…) Lembro daquela união, vestiário unido, daquele grito que a gente dava, da vontade de vencer do grupo. Tudo isso engloba um sentimento de carinho, admiração e saudades. Era um grupo que não tinha titular ou reserva. Você entrar em campo com aquela bandeira, chacoalhando… De repente, me peguei olhando para aquela torcida, tinha tanta gente no Maracanã, que tinham torcedores até na marquise. Não sei se estava dividido, se tinha do Fluminense ou do Vasco, só sei que tinha gente nos refletores.
RENÊ
– Só tenho lembranças maravilhosas desse ano, né?! A gente começou aquele ano treinando em Xerém, onde hoje é a concentração das categorias de base. O grupo era bom, de qualidade, competitivo. E realmente nós fizemos uma campanha muito boa. Eu lembro até da preleção do Parreira (na semifinal contra o Corinthians). Ele disse assim: “Quando a gente estiver sem a bola, o Washington se posiciona do lado direito”. Pode ver que o segundo gol, o gol do Tato, sai exatamente assim. Eu lembro até da estratégia do jogo (risos). Até vou postar uma foto no meu Instagram daquele grupo campeão brasileiro, o grupo todo nas Laranjeiras, com troféu, tudo… Nós éramos uma equipe nota 8 tecnicamente, mas nota 10 tática e fisicamente.
LEOMIR
– Muito feliz em ter participado dessa conquista, desse grupo que tinha grandes jogadores, uma comissão técnica muito boa, uma diretoria que cumpria suas obrigações. Enfim, para mim foi um prazer muito grande. E se a gente ganhou aquele campeonato, é claro que todos tinham excelente condições técnicas e físicas, mas foi pela união, parceria, amizade… E, acima de tudo, respeito. Quando um entrava, outro saia, sempre se respeitava. Eu particularmente não joguei os jogos finais, mas fiquei no banco, sempre dando força para todos, como todos faziam quando ficavam no banco e não participavam diretamente do jogo. Parabéns ao Fluminense por esse aniversário de 36 anos e parabéns, acima de tudo, aos meus amigos, todos que participaram.
VICA
– Fazer parte daquele time foi sensacional, tínhamos um grupo de atletas de um nível muito bom. Começamos o campeonato com Carbone (como técnico) e terminamos com Parreira. Fizemos grandes jogos, mas o que me marcou bastante foi o jogo da semifinal contra o Corinthians em São Paulo ,vencemos por 2 a 0. Depois desse jogo, voltamos a jogar bem em dois jogos contra o Vasco, o gol do título foi do Romerito. Foi um prazer fazer parte dessa história.
RENATO
– Foi um título merecido, fizemos uma campanha acima do normal e grandes jogos para sermos campeões. Tínhamos um grupo comprometido, éramos muitos amigos. Não tinha reserva, na verdade, naquela equipe todos eram titulares. Deu no que deu a conquista do Campeonato Brasileiro de 1984.
** Branco está numa fazenda sem acesso à internet ou telefone. Jandir não atendeu ligações e não respondeu mensagens da reportagem do portal “Ge”.