Um dos grandes ídolos da história recente do Fluminense, o falecido Ézio fazia sua estreia pelo clube há exatos 30 anos. Foi no dia 3 de fevereiro de 1991. Sua passagem pelo Tricolor das Laranjeiras durou até meados de 1995. Saiu após a conquista do título carioca daquele ano. Em celebração à data, o site ge recordou a história do ídolo no Fluzão. Confira!
CAPÍTULO 1: O ESTREANTE
O Fluminense se preparava para receber o Palmeiras pela 1ª rodada do Campeonato Brasileiro de 1991. Nascido no Espírito Santo, Ézio havia chegado ao clube sem tanta badalação, mas como esperança de gols após passagens por Bangu, Olaria, Americano e Portuguesa.
A grande expectativa de torcida e imprensa girava mesmo era em torno da contratação de Bobô. O meia-atacante com passagem pela seleção brasileira era destaque em todos os jornais da época e, inclusive, deu uma volta olímpica sob aplausos dos torcedores nas Laranjeiras antes mesmo de a bola rolar.
Com apenas 12 minutos de jogo diante do Palmeiras, a nova dupla mostrou seus cartões de visitas. Passe de Bobô pela esquerda, carrinho de Ézio e bola na rede. Marcelo Gomes, Julinho e o próprio Bobô, de pênalti, completaram a vitória do Flu por 4 a 2.
Bobô foi quem teve maior destaque das manchetes dos jornais no dia seguinte: “Fluminense encontra seu ídolo”, estampou “O Globo”. O baiano ficou dois anos nas Laranjeiras, mas não chegou a virar ídolo do clube. Privilégio que coube a Ézio.
CAPÍTULO 2: O ARTILHEIRO
Ézio rapidamente mostrou sua veia goleadora com a camisa do Fluminense. Ao marcar 15 gols no Carioca de 1992, quebrou um jejum de 12 anos do clube sem artilheiros em competições oficiais. O último havia sido Cláudio Adão no estadual de 1980.
Ao todo, o atacante marcou 119 gols em 236 jogos com a camisa do Fluminense entre 1991 e 1995, média de um gol a cada dois jogos. Por anos, ele figurou no top 10 dos maiores goleadores da história do clube, até ser ultrapassado por Magno Alves e Fred neste século. Atualmente, ocupa a 11ª posição do ranking em jogos gerais, a oitava colocação em jogos oficiais (102 gols) e é o quarto em Brasileiros (33 gols).
Sua história também está entrelaçada com as Laranjeiras. Com 44 gols, é o artilheiro do estádio na “era moderna”, pós-construção do Maracanã, e oitavo maior goleador do local em todos os tempos.
Maiores artilheiros da história do Fluminense
1 – Waldo – 319 gols em 403 jogos (1954-1961)
2 – Orlando Pingo de Ouro – 184 gols em 310 jogos (1945-1953)
3 – Fred – 176 gols em 312 jogos (2009-2021)
4 – Hércules – 165 gols em 176 jogos (1935-1942)
5 – Telê – 164 gols em 559 jogos (1950-1961)
6 – Welfare – 161 gols em 165 jogos (1913-1924)
7 – Russo – 149 gols em 248 jogos (1933-1944)
8 – Preguinho – 128 gols em 174 jogos (1925-1938)
9 – Washington – 124 gols em 305 jogos (1983-1989)
10 – Magno Alves – 124 gols em 329 jogos (1998-2016)
11 – Ézio – 118 gols em 236 jogos (1991-1995)
Fonte: Flu-Memória
CAPÍTULO 3: OS GOLAÇOS
Ézio era o típico camisa 9 goleador, o homem da finalização, do último lance. Marcou grande parte de seus gols dentro da área, seja com o pé ou a cabeça. Mesmo sem grande quantidade de lances refinados em seu repertório, Ézio fez seus golaços. Toques por cobertura, cortes secos que deixaram adversários na saudade…
CAPÍTULO 4: O CARRASCO
Uma fama em especial ajudou a fazer Ézio cair nas graças da torcida. A maior vítima do centroavante foi justamente o Flamengo. Ao todo, foram 13 gols sobre o rival, o que lhe rendeu a alcunha de “Carrasco”. De todos os jogadores da história do Flu, apenas Hércules, com 15, fez mais gols que Ézio sobre o Fla.
CAPÍTULO 5: O ÍDOLO
Ézio chegou ao Fluminense em um período de vacas magras. Em dificuldades financeiras, o clube vivia fase difícil: times pouco competitivos, jejum de títulos e carência de ídolos. Com carisma, gols em grandes jogos e atuações decisivas, o camisa 9 preencheu a lacuna no coração de uma geração de tricolores.
CAPÍTULO 6: O SUPER-HERÓI
“Ézio bateu, e o goool. Goooool. Suuuper, suuuper Ézio”
Se você é tricolor e tem mais de 30 e poucos anos, certamente já ouviu e se emocionou com esta narração.
O narrador Januário de Oliveira, famoso por apelidar os jogadores, foi o responsável por dar a alcunha a Ézio.
CAPÍTULO 7: O CAMPEÃO
Como já citado, Ézio chegou ao Fluminense em um período difícil do clube, que não ganhava um título de peso desde o Carioca de 1985 e possuía uma equipe considerada fraca diante dos principais rivais. No ano anterior à chegada do jogador, o Tricolor até havia vencido a Taça Rio, mas acabou caindo na semifinal do estadual.
Em seu primeiro ano pelo Flu, Ézio ajudou o time a conquistar a Taça Guanabara de 1991. O sonho do título carioca, porém, parou no Fla na final. Em 1992, o Flu perdeu a Copa do Brasil em uma final polêmica para o Inter. Em 1993, o atacante novamente levantou a Taça Guanabara. Desta vez, uma conquista com sabor especial. Fez o gol na vitória sobre o Volta Redonda por 1 a 0, que deu ao Fluminense o último título conquistado nas Laranjeiras até hoje.
Faltava um título de peso para concluir a jornada do super-herói. E quis o destino que fosse justamente na última partida de Ézio com a camisa do Fluminense. Em 1995, o atacante já não era o mesmo dos anos anteriores devido a problemas de lesão. Não tinha mais o status de titular absoluto e viria a se transferir para o Atlético-MG ao fim do Carioca.
O papel de protagonista era de Renato Gaúcho. Mesmo assim, Ézio foi importante na conquista do título estadual ao marcar seis gols. No épico Fla-Flu do título, ele começou no banco e entrou no segundo tempo. Não fez o gol da conquista, mas deu sua contribuição ao participar do início da jogada do histórico gol de barriga. E, acima de tudo, foi campeão. Era o que faltava para coroar sua marcante passagem pelo Tricolor. Os deuses do futebol fizeram justiça.
CAPÍTULO 8: O LEGADO
Ézio partiu no dia 9 de novembro de 2011, após lutar contra um câncer de pâncreas. Deixou a esposa Isabela Nogueira, com quem foi casado por 20 anos, e os filhos, um casal de gêmeos, Ézio e Mabel Nogueira, que tinham apenas 4 anos na época.
Hoje, com 13 anos, os filhos do ídolo têm a dimensão da importância do pai na história do Fluminense. Ézio, o filho, herdou também a veia futebolística. Não como centroavante, mas como lateral-direito. Chegou a jogar pelo Tricolor. Parou de jogar na pandemia, mas estuda a possibilidade de voltar.
Em comum na família, o amor ao Fluminense: “Não tem como não ser, né?#8221;, brinca Isabela.
CAPÍTULO 9: A CAMISA 9
Se hoje a camisa 9 do Fluminense é considerada pesada, muito se deve a Ézio. Ao longo de seus cinco anos no clube, o centroavante honrou o número que foi utilizado por ídolos anteriores como Waldo, Washington (casal 20), Welfare, Flávio… E deu continuidade à mística artilheira do número, que hoje veste ninguém menos que Fred, um dos maiores ídolos da história tricolor.
Fred que, aliás, já teve a honra de vestir a 9 do “Super Ézio” em duas ocasiões. Uma na vitória do Fluminense sobre o Corinthans, em 11 de setembro de 2011, para dar forças a Ézio, que já lutava contra o câncer. Outra, no dia 12 de novembro de 2011, três dias após o falecimento do ex-atacante, em uma partida contra o América-MG. Fred balançou as redes no primeiro jogo. E ao longo dos anos, deu continuidade ao legado do antecessor, fazendo a alegria da torcida tricolor e também marcando uma geração, assim como Ézio.
Quase 10 anos depois da partida de Ézio, seu legado está eternizado. Seja nos filhos, seja nos gols de Fred, seja na alegria da torcida tricolor. Afinal, super-heróis nunca morrem.