Um dos principais responsáveis pela eleição de Peter Siemsen como presidente do Fluminense, Jackson Vasconcelos falou em entrevista em podcast com Felipe Ximenes, que passou pelo Tricolor como diretor de futebol, sobre os bastidores da vitória de seu candidato no clube em 2010. O ex-dirigente comentou a estratégia utilizada para o triunfo no pleito contra Julio Bueno na ocasião.
— Comecei a rigor em 2009. Fui convidado pelo vereador Carlo Caiado, tricolor. Ele me visitou e disse que o candidato dele à presidência precisava de orientação profissional. Relutei, mas aceitei. Fiz uma análise, como sempre faço, do passado. O Peter já tinha sido candidato e perdido. Fiz um diagnóstico e ele tinha perdido a eleição por dois motivos. Era oposição e a oposição estava dividida. Eram vários candidatos de oposição e o segundo era a relação de sócios do Fluminense. Com aquele cadastro, ele dificilmente ganharia a eleição. Ele tinha dois trabalhos. O primeiro era unir a oposição. Esse trabalho era dele, não meu. E o segundo era arrumar uma maneira de ampliar esse cadastro e trazer o futebol pra discussão. O Fluminense tem uma agulha no estatuto que permitia isso. No mês de aniversário do clube (julho), o Fluminense não cobra joia. Então foi feita uma grande campanha de associação. Tinha um grupo político do Peter, que era grande, e fez essa estruturação. Era a Flusócio, montaram uma operação de guerra para associar gente. Associou mais de mil pessoas. O colégio eleitoral era de 3 mil e poucos. O adversário entrou no jogo, era o Julio Bueno, ficamos amigos. Perdi ele há pouco (faleceu em agosto do ano passado). Conheci quando ele era presidente do Inmetro. Fizeram o movimento para melhorar o colégio eleitoral, trazer o futebol. Ele conseguiu unir a oposição, foi o único candidato – recorda.
Vasconcelos continua lembrando que o futebol teria papel determinante naquela eleição. Então, trazer Celso Barros, então presidente da Unimed, para o seu lado acabou sendo fundamental para o triunfo.
— Tinha um problema que era o sucesso do futebol. O futebol estava caminhando para ser campeão brasileiro em 2010. O Brasileiro sempre é decidido por antecipação e tudo sinalizava que o Fluminense seria campeão. E como você sendo oposição ganha da situação campeã? Aí descobri que o Fluminense tinha uma característica diferente. O futebol não era do presidente do Fluminense e sim do presidente da patrocinadora (Celso Barros, da Unimed). Então eu precisava trazer o presidente da patrocinadora pro lado do Peter. Aí traria o futebol campeão. Conseguimos organizar uma estratégia de aproximação e o Celso tomou uma decisão que depois ele se arrependeu. Chegou a dizer que se arrependeu. Ele anunciou que não renovaria o contrato com o Fluminense se o Peter não fosse eleito. Fez isso no impulso. O Celso é uma pessoa de impulsos. Ele fez e isso adiantou muito. Ganhamos a eleição com 63%, 64%. Em seguida, recebi o convite para permanecer como gestor pago do Fluminense – falou.
Por fim, a avaliação dos dois candidatos também teve peso determinante para a vitória de Peter Siemsen.
— O Julio era vaidoso e isso podia me ajudar. Ele subestimava o Peter e estava muito seguro da vitória. Era só aplicar a medida certa para fazer com que isso aflorasse. O atributo positivo do Peter era o carisma. Ele tem o carisma. No contato imediato, você se apaixona. Você pode perder a paixão ao longo do tempo. E a campanha é contato rápido. Aplicamos técnica de comunicação desses dois – encerrou.
Eleito para comandar o Fluminense de 2010 a 2013, Peter ainda seria reeleito posteriormente para o triênio 2014/15/16, derrotando o ex-jogador Deley.