(Foto: Ricardo Ayres - Photocamera)

Tetracampeão brasileiro com o Fluminense em 2012, o ex-zagueiro Gum, hoje aposentado, relembrou uma história inusitada que viveu no Tricolor, durante o voo de volta daquela mesma conquista, após a vitória por 3 a 2 sobre o Palmeiras, em Presidente Prudente. Segundo ele, foi desesperador.

– Cada um tem um ponto de vista. A princípio, foi a festa no avião, comemoração acontecendo (após o título conquistado no jogo contra o Palmeiras), voo fretado, até então, tudo bem… Na parte da frente do avião, estavam os jornalistas, em seguida, os dirigentes e comissão técnica. No meio do avião, a turma tranquila, e lá no final, no fundão, a rapaziada que gosta da farra. Em determinado momento, estávamos eu e o Jean sentados juntos, no meio, e eu lembro que o avião começou a fazer determinados movimentos de um lado pro outro, parecia uma montanha-russa. De repente, surgiu a informação que o trem de pouso do avião não havia acionado. A partir dali, virou momento de tensão. Eu pedi a todos para orar, pedir o livramento, o pessoal todo tenso, a turma da farra ficou sóbria na hora, tamanho o medo que estávamos passando. Lembro que o Edinho chegou a gritar: “Gum, reza por nós”. Foram momentos muito tensos mesmo – disse o defensor, prosseguindo:

 
 
 

– Quem tava naquele voo não esquece o que passamos. O piloto do avião nos avisou que passaria próximo ao aeroporto pra alguém avistar a situação e nos orientar também. Como medida de emergência, o piloto chegou a descartar parte do combustível para evitar uma explosão em caso do pouso de emergência. As máscaras de oxigênio chegaram a cair, recebemos orientação para ficar em posição de emergência, com a cabeça entre as pernas. Quando nos aproximamos do aeroporto, deu pra ver a movimentação intensa na pista com carros dos bombeiros, ambulâncias, todo cenário montado para uma questão emergencial mesmo. Parecia cena de filme. Com a aproximação do aeroporto, o pessoal da torre avisou que o trem de pouso estava acionado (houve um problema no painel, que não detectou a descida do trem) e informou que poderíamos pousar com segurança. Quando o avião pousou, a tensão foi tão grande que o Abel Braga não quis nem ir pra comemoração nas Laranjeiras. Preferiu ir pra casa ficar com a esposa e os filhos pelo livramento que todos nós passamos – contou ele, finalizando:

– Essa é uma das situações que o profissional da bola passa. Além de ficar longe da família, não acompanhar de perto o crescimento dos filhos, enfrentar a rotina dos treinamentos, deslocamentos e jogos, ainda existem essas adversidades a que estamos sujeitos. Somos jogadores, mas, antes de tudo, seres humanos – disse Gum, destacando ainda a responsabilidade dos atletas. Mas é isso. Foi a profissão que escolhemos, representamos um clube, uma instituição, uma torcida, e precisamos estar prontos para essas coisas também – encerrou.