O primeiro ano da administração Pedro Abad foi avaliado pelo principal grupo político que o apoia. Em seu blog, a Flusócio analisa 2017. Comenta sobre as dificuldades financeiras, as lesões, compara com outros anos em que o clube também lutou para não cair e garante que a escolha por um elenco de jogadores muito jovem não foi uma opção e sim, necessidade.
A Flusócio também faz questão de contar um pouco de sua trajetória política no Fluminense e cita algumas de suas realizações. Diz que se houve erros neste ano, aconteceram “de boa fé” e lamenta o que chama de “campanha de ódio” de sites tricolores – sem citá-los nominalmente – e nas redes sociais e insinua interesses escusos destes. Confira a postagem na íntegra abaixo:
Balanço 2017
A temporada 2017 chegou ao fim.
Num ano com capacidade de investimento reduzida por conta de problemas orçamentários, e contusões que minaram a competitividade da equipe para vôos mais altos, o Flu acabou conquistando apenas a vaga na Copa Sulamericana 2018.
Lembramos que em outros anos, tais como 2003, 2006, 2008, 2009 e 2013, o Flu também passou por dificuldades no campeonato brasileiro, muitas vezes se livrando do abismo de uma Série B na última rodada. Infelizmente, anos esportivos ruins já aconteceram em clubes gigantes como o nosso, mesmo em épocas em que tivemos orçamentos bem maiores para investir no futebol. Acontece o mesmo também em nossos rivais.
Sim, 2017 foi um ano duro e de sofrimento. A conquista da Taça GB foi o único momento de alegria e nenhum tricolor pode estar satisfeito com isso, pois nosso clube merece mais. O torcedor do Flu merece mais.
Entretanto, a opção por um time jovem e com elenco enxuto não foi uma mera escolha dos gestores atuais, mas sim uma imposição das circunstâncias.
Com o fluxo de caixa comprometido por uma série de contratos longos e já em andamento, o Flu só conseguiu se reforçar com Lucas (aproveitando a exata sobra de folha de pagamento oriunda do empréstimo de Wellington Silva ao Bahia), Robinho (única ousadia do ano, utilizando parte da venda do Richarlison para pagar a 1a parcela), Richard e Romarinho, estes últimos com salários muito baixos, apostas para compor elenco.
É sempre bom lembrar como funciona a Lei Pelé em relação ao distrato de atletas. Este artigo explica em detalhes: “…a cláusula compensatória foi limitada ao máximo de 400 vezes o salário do atleta na rescisão contratual, sendo o mínimo correspondente à soma dos salários devidos até o término do contrato”. Para quem tiver curiosidade, recomendamos a leitura.
Mesmo assim, com muito esforço, a diretoria atual conseguiu realocar jogadores, entrar em acordo para dispensa de outros que tinham propostas de outros clubes, e com isso a folha de pagamento foi reduzida em cerca de 18 milhões anuais. Também foi feito um esforço de renegociação de contratos com prestadores de serviços, reduzindo despesas administrativas importantes.
Na parte de novas receitas, o Flu luta para conseguir patrocinador master num mercado recessivo, com o país ainda mergulhado na maior crise econômica de sua história, e com o estado do Rio de Janeiro em situação ainda pior. Mas o clube conseguiu neste ano um bom contrato com a Under Armour para material esportivo, além de patrocínios novos, alguns fixos e outros experimentais, bem como várias permutas.
Na parte de despesas imprevistas, o Flu foi impactado por uma revisão do contrato com o Maracanã imposta pelo TJ a favor da Obebrecht, obrigando o Tricolor a literalmente pagar para jogar em várias partidas, mesmo com boa média de público.
Sobre a Flusócio, talvez os mais jovens não conheçam, mas esse grupo tem história de quase 15 anos de luta pelo Fluminense. Antes de perdermos duas eleições como oposição, chegamos ao poder de maneira democrática, em 3 campanhas onde a marca foi muita militância e poucos recursos financeiros.
Sempre lutamos pelo investimento em Xerém para que tivéssemos divisões de base de excelência, reveladora anual de talentos, e não o “Carandiru” que existia antes. Brigamos para que nossa história tivesse um memorial digno de nossas tradições, com produtos institucionais que reforçassem a trajetória do Flu ao longo dos seus 115 anos de glórias. Lutamos para que a construção de um Centro de Treinamentos se tornasse realidade.
As gestões que elegemos entregaram todos esses itens.
A Flusócio como base das últimas chapas eleitas viu o Flu conquistar o Campeonato Brasileiro em 2012, o Campeonato Carioca de 2012 e a Primeira Liga 2016, além de inúmeros títulos relevantes na base, tais como o campeonato brasileiro Sub20, em 2015, e o Al Kass Cup, equivalente ao mundial de clubes Sub17, conquistado em 2013. Nosso time disputou Libertadores em 2011, 2012 e 2013.
Quando éramos oposição, criamos a campanha pela Cidadania Tricolor, iniciativa que trouxe mais de 1500 novos sócios proprietários e/ou contribuintes, uma vez que o clube não tinha modalidade de Sócio Futebol nem sequer adesão online. Uma vez eleitos, ajudamos a criar o Sócio Futebol com direito a voto para que nosso torcedor decida os rumos de sua paixão para sempre.
Houve erros nos últimos anos, principalmente na execução orçamentária, com muitos investimentos realizados simultaneamente. E também na celebração de contratos com alguns atletas. Mas mesmo se não tivesse havido erro algum, os gastos do futebol teriam que aumentar de qualquer maneira a partir de 2015, pois a Unimed saiu em dezembro de 2014 deixando o Fluminense com vários contratos em andamento, sem lastro para pagá-los, e tendo que montar um novo time de uma hora pra outra.
A patrocinadora que arcava com cerca de 70% da folha de pagamento dos jogadores se foi de repente, obrigando o Flu a assumir 100% do seu Depto de Futebol de uma hora pra outra, sem qualquer transição. Lembramos que o primeiro ano do Palmeiras sem a Parmalat terminou num rebaixamento (2003) e o mesmo aconteceu com o Corinthians após a saída da MSI (2007).
Neste encerramento de temporada, queremos pedir uma reflexão: é possível que a gestão atual tenha errado na condução de algumas questões, mas se o fez, foi de boa fé, pensando no melhor para o Fluminense. É preciso um esforço contínuo para melhorar cada vez mais e assim lutaremos para que aconteça.
Mas a campanha de ódio criada neste ano em alguns sites tricolores e redes sociais não pode atingir o Fluminense com pregações de abandono aos estádios, saída de sócios e chacota com patrocinadores.
Faz bem ao Fluminense uma oposição vigilante, construtiva e responsável. As críticas bem fundamentadas fazem o Flu melhorar, ajudam a evoluir, mas destilar o ódio não.
Antes de repetir críticas meramente destrutivas ou notícias falsas, cabe ao torcedor refletir sobre os reais interesses de quem as propaga.
#SomosFluminense