Fosse um adversário um pouquinho melhor e poderíamos ter deixado em Medellin a classificação mais fácil dos últimos anos.
Um gol antes dos cinco minutos, alguma pressão dos colombianos, um goleiro que não inspira confiança. Não dá para dizer que foi sufoco, até porque nós conhecemos como ninguém o que isso significa e eu não estou aqui para exagerar com o que vejo em campo. Mas, numa boa, garanto que não teve tricolor tranquilo durante os 90 minutos da péssima transmissão da DAZN (o que era o comentarista?).
No início da partida o Fluminense até se impôs. Bola na trave ainda no 0 x 0 e, seguida ao gol dos caras, uma boa jogada do João Pedro que terminou na conclusão inacreditável – e imperdoável! – do Luciano. Luciano que, aliás, é o paradoxo em forma de jogador. Capitão sem condições emocionais, artilheiro que perde um caminhão de gols, tem o maior jeitão de se inspirar no Cristiano Ronaldo, mas não raro joga como Ademílsons e Fábios Bala da vida.
Eu gosto. Paradoxo também. Torcedor é assim. Não sei se ele é o “é ruim mas é bom” ou se é o “é bom mas é ruim”. O que sei é que, pelo amor de Deus, como é que perde um gol daqueles? E não foi o primeiro. Perdeu em situações quase idêntica contra o Santos e também deixou de abrir o placar numa finalização absurda contra o Santa Cruz lá no Arruda.
Enfim…
Honestamente, acho o Luciano o menor dos problemas. No bom time do Fluminense o que salta aos olhos é a falta de um goleiro. Escalar o Agenor é uma temeridade. Não é jogador para time grande. Não apenas porque está visivelmente fora de forma, mas também porque demonstra não ter a cabeça tranquila que o futebol do Diniz requer. Eu? Volto com Rodolfo sem pestanejar. E olha que ele é outro chama-gol do tamanho do Maracanã. O Walter, belo goleiro reserva do Corinthians, está dando mole. Seria sensacional.
Mas também não dá para colocar apenas no nervosismo e incapacidade do Agenor sair jogando toda a dificuldade que tivemos ontem para manter a posse de bola. O Nacional adiantou a linha de marcação? Sim. Mas quantos times tentaram e não conseguiram nos obrigar a dar chutão?
O time era bom. Foi escalado da melhor forma, todo mundo ali sabe jogar. O que houve? O estádio estava bem vazio, a pressão da torcida estava longe de ser significativa, o time dos caras é ruim de doer.
É evidente que não foi por determinação do Diniz. Se fosse, ele não manteria essa escalação de jogadores leves e com bom toque de bola. Cansaço? Eu sempre fico meio ressabiado de atribuir baixo desempenho ao cansaço no futebol profissional. Os caras têm alimentação controlada, se hospedam em hotéis de luxo, não se preocupam com bagagem no aeroporto, têm tempo bastante para dormir. Sei lá… Mas eu preciso admitir que não entendo absolutamente nada do assunto e como tem especialista que garante que essa maratona de fato cansa, vamos colocar a má atuação na conta do cansaço.
É disparada a melhor opção. A outra é acreditar que o time tremeu para um adversário limitadíssimo em um estádio vazio. Seria péssimo, até porque a partir de agora só deveremos pegar adversários cascudos e tradicionais (se der a lógica, até a final, serão Peñarol, Corinthians e Independiente).
Isso. Uma Libertadores na Sul-Americana.
Que seja. Sigo confiante. Temos time, padrão e camisa para ultrapassar quem vier.
Mas temos que ter a bola. Obsessão por ela. Sem a pelota o Fluminense virará presa fácil contra times melhores, com seus jogadores não especialistas na marcação. Com ela podemos ser envolventes e temos qualidade do meio para frente para jogar de igual para igual contra qualquer um.
No fim, valeu pela raça, pela vaga nas oitavas e pelo compromisso desse time que evidentemente está honrando a camisa, mesmo com a diretoria desonrando o Fluminense.
Abraços tricolores!
CURTAS
– Isso é Abad (1): convocação da sub qualquer coisa para um torneio mequetrefe na Europa. Convocam uma porrada de jogador de clube da série A. Todos os clubes que pediram a desconvocação tiveram seus atletas liberados. Todos. Menos o Fluminense, que cedeu seu jogador mais importante no meio de duas competições mata-mata e de partidas pelo Brasileiro, incluindo um Fla x Flu. Por onde se olhar nesse episódio ficará escancarado o descaso com a instituição. Ah… O jogador pediu? Dane-se. Ah… o Fluminense não pode exigir do jogador com salários atrasados? Que loucura é essa? É jogador como os demais, ficou 9 meses parado. Na verdade, Abad não se coçou para manter o Pedro por aqui porque o objetivo é vendê-lo. E que se dane os desafios no campo. FluStore.
– Isso é Abad (2): o Fluminense não foi roubado na Bahia. O Fluminense foi estuprado. E não me venham com o papo de que foi pênalti, que o goleiro se adiantou, que o VAR permite o que foi feito, que o cartão foi aplicado dentro das regras. Isso serve para explicar para um extraterrestre que se perca por este planeta e que nunca viu futebol. Eu estou cansado de ver. E exatamente por isso sei que o nome daquilo que aconteceu em Salvador é um só: sacanagem! Não há um pênalti, unzinho sequer, neste país no qual o goleiro não se adiante. Aí fica o juiz parado, o bandeirinha do lado do gol e o VAR manda voltar? Que piada é essa? E os cartões? Agenor levou o primeiro porque deu lá seus chutes em cima da marca. Todo mundo faz isso e ninguém leva cartão. O juizão chega na boa, bota a mão no ombro do goleiro e manda ele voltar. E o vermelho? Porra! Expulsar o cara porque se adiantou no pênalti? Então tem que expulsar todo mundo. Não vai sobrar ninguém. E outra coisa. Se adiantar, tem que dar cartão pro goleiro mesmo que a penalidade tenha sido convertida. Ou não? Brincadeira o que aconteceu. O que tem o Abad a ver com isso? Nasceu. E por uma dessas ironias metafísicas, preside o meu clube. Nada, nenhuma linha de reclamação, nada. Um coisa lamentável.
– Estou com alguns livros meus – uma compilação das crônicas que escrevi no Globoesporte – sobre a campanha inesquecível do Tetra. Aliás, o livro se chama CRÔNICAS DO TETRA. Estão lá na Livraria Folha Seca, na travessa do Ouvidor. Sem dúvida a melhor da cidade. Só brasilidades, futebol, samba e Rio de Janeiro. Se alguém quiser é só passar lá.