(Foto: Lucas Merçon - FFC)

Após um longo tempo a Flupress volta ao formato escrito.

Não sei se quem acompanha a gente por aqui são as mesmas pessoas que 
acompanham a gente em outras redes, mas, é sempre bom ressaltar, não 
paramos nesse período.

Tanto eu, quanto o Gusta fizemos algumas participações no canal do 
NETFLU no Youtube. Um novo formato que o Leandro Dias idealizou e 
gente topou. Uma forma de estar mais perto da nossa torcida, de 
responder perguntas na hora em que ocorrem, de nos ver, de interagir 
mais, nesses tempos difíceis de distanciamento.
E vamos pro texto.

O título é “roubado” de um programa que o Leandro faz no canal do site 
sempre antes dos jogos. E com a chegada de Fred essa pergunta parece 
estar em todos os lugares.

São milhões de escalações, esquemas, estratégias. E tome de 4-4-2, 4-2 -3-1, 4-1-4-1, 4-3-3… Sem Fluminense pra ver, restam especulações e 
haja imaginação.

No último programa que participei no youtube, Leandro me fez essa pergunta. Quem são os titulares do Fluminense hoje? A resposta: Não sei.

E, quando se trata de futebol, desconfio muito de quem tem certezas sempre.

Odair chegou no clube há pouco tempo e recebeu um considerável número 
de jogadores. Nesse período, enquanto buscava a melhor formação, 
enquanto tentava criar as melhores conexões entre os jogadores, 
enquanto tentava implantar um modelo, tudo parou.

A situação do Fluminense é muito diferente, por exemplo, da do 
Flamengo, que já possui uma forma consolidada de jogar.

Quando a gente vai analisar futebol, é preciso tomar muito cuidado com 
açodamentos e precipitações. Críticas pontuais sempre há, isso é do 
jogo e não pode ser tratado como pressão sobre o trabalho.

É preciso diferenciar a crítica sobre a escolha de uma estratégia, 
sobre a escolha de determinados jogadores com pedir a cabeça do 
treinador.

 
 
 

Criticar Odair pela forma como o Fluminense caiu na Sul-Americana
perdeu para o Figueirense e se comportou naquele primeiro tempo contra 
o Flamengo (3 x 0), não é pedir para que o treinador seja demitido.

Quando um treinador vai definir uma escalação, ele precisa respeitar 
um processo. Em primeiro lugar, ele define o modelo. Evidentemente que 
nesse processo estão ali suas ideias de futebol, que guardam relação 
com suas vivências, experiências, com sua história de vida e sua 
personalidade.

Tá bom, mas o que é modelo? Jogar de forma ofensiva no campo do 
adversário, jogar em transição, marcar pressão, marcar lá atrás? Isso 
é modelo?

Nada disso e isso tudo.

Antes de definir modelo, vamos definir as fases do jogo:
Ataque – Defesa – Transição defesa-ataque – Transição ataque-defesa- 
Bola parada.

Importante ressaltar que no jogo em si, essas fases não podem ser 
consideradas separadamente, sem analisar o todo.

Exemplo prático: Um time pode defender bem porque pressiona buscando a transição, porque ocupa os espaços de forma inteligente (fechando 
linhas de passe ou muito compactado) ou porque fica muito tempo com a 
bola (ataque).

Reparem que a consequência “Defender bem” pode ter várias e diferentes causas.

Rodrigo Leitão (treinador e professor da Universidade do Futebol) – 
que espaços ocupar, como ocupar esse espaço e como agir dentro do 
espaço ocupado nos cinco momentos do jogo.

José Mourinho: Modelo são os jogadores, nos diferentes momentos do 
jogo, pensarem sob a mesma perspectiva.

Exemplo prático: Time perde a bola. Num time com modelo de jogo 
implementado os jogadores terão o mesmo comportamento. Ou irão 
pressionar, ou irão recuar e compor linhas… Num time sem modelo 
acontece o inverso. É comum vermos os atacantes indo pressionar e o 
meio correndo pra trás.

Então, quando falamos em modelo, estamos falando de comportamento nas diversas fases do jogo. E, não nos enganemos. Nem tudo é 
responsabilidade do treinador.

Comportamento no jogo nascem de duas formas:

– Intuição dos jogadores –  e ela é formada por uma série de 
variáveis: experiências prévias, ambiente, cultura, personalidade.
– Ideia do treinador para construir um modelo.

Quanto mais o trabalho avança, quanto mais se treina pra gerar os 
comportamentos que o treinador quer, quanto mais os jogadores pensam 
parecido ao longo do jogo, quanto mais a ideia do treinador ganha 
espaço, vai sendo criado algo que chamamos de padrão de jogo.

Tudo isso foi falado pra justificar minhas dúvidas. É muito difícil 
escalar um time, com jogadores que sequer vimos 3 ou 4 partidas.

Quantas partidas vimos de Araújo, Pacheco, Caio Paulista, Yago…?

E mais, se vimos, quando submetidos a novo ambiente, com novo 
treinador e novos companheiros, tudo pode mudar. Pra melhor e pra pior.

Quantas histórias conhecemos de jogadores que se destacaram em 
determinados times foram contratados e não renderam?

Quantas histórias conhecemos de jogadores desconhecidos ou mal 
avaliados terem tido um ganho de desempenho em outro clube?

Isso mostra como o jogo de futebol é complexo e como o trabalho do 
treinador também.

Imagina que o treinador precisa propor um treino que gere o 
comportamento que ele deseja. Caso não aconteça, esse treino deve ser 
modificado. Caso ocorra, é preciso saber em quanto tempo esse treino 
(que funcionou) gerará esse comportamento no jogo. Agora pense nisso 
pra cada fase do jogo. É muito trabalho de campo, vídeos, conversas…

Requer tempo.

Requer mais que isso, além de tempo, são necessários:

– Treinos que guardem relação com o jogo
– Profissionais dispostos a ensinar
– Jogadores dispostos a aprender, cada vez mais se exige da profissão 
um jogador que não apenas treine e jogue, mas que viva o futebol em 
todas as suas vertentes.

Avaliar tudo isso é um papel importante de uma gestão de futebol, até 
pra saber se o trabalho tem futuro e pode resistir a algumas má fases 
que certamente virão.

Dito tudo isso, vou tentar sair um pouco do muro e montar esse Flu com 
duas formações, uma muito ofensiva e uma um pouco mais conservadora:

Marcos Felipe ou Muriel – até a parada, vantagem pro Marcos.

Na formação mais ofensiva, num tipo de jogo em que o momento de ataque 
será predominante:

Linha de 3. Gilberto Nino Yuri. Gilberto e Yuri atacando corredores 
por dentro e levando essa bola no ataque. Se a gente lembrar, o 
primeiro gol contra o Botafogo sai de um corredor por dentro do 
Gilberto.

Pacheco, Yago (André da base) Ganso Marcos Paulo Egídio. Meio com 
toque de bola e que sabe jogar apoiado e com toques curtos. Assim que 
eu gostaria de atacar.

Pacheco e Egídio abertos posicionados em linha com a última linha de 
defesa adversária, gerando amplitude e com ameaça constante de atacar 
espaços.

Nenê (Miguel, Welington Silva) e Fred (Evanilson).

Como disse acima, depende das melhores interações que ocorrerem no 
treinamento e na sequência de jogos.
Reparem nessa formação que ela pode tranquilamente defender em linha 
de quatro sem substituir jogadores.

Na formação mais conservadora, em jogos que o momento defensivo pode 
ser determinante ou equilibrar com o momento ofensivo: Gilberto, Nino, 
Claro (Ferraz) e Egidio. Yuri (André), Yago, Ganso (Hudson), Marcos 
Paulo (Nenê), Welington Silva (Miguel, Pacheco, Caio Paulista). Fred 
(Evanilson)

Nessa formação com o Gilberto apoiando mais por fora, pode ser 
interessante a presença de Caio Paulista na direita, canhoto que vem 
pra dentro abrindo espaço, pro apoio do lateral.

Do outro lado pode ocorrer o mesmo com Egídio e sua dupla que joga com 
o pé direito. Duas formações básicas, muitas dúvidas com os nomes.

Tudo dependerá do que quer Odair e do que o campo “falar” pra gente ao 
longo dos jogos. Com o tempo, as dúvidas irão dando lugar a maiores certezas.

Saudações Tricolores!